Ladybug abriu os olhos sem muita dificuldade. O quarto ainda estava meio escuro, talvez estivesse amanhecendo, ou entardecendo, ela não tinha certeza, não conseguia calcular por quanto tempo esteve dormindo. Sentia a cabeça latejando de forma suportável, a boca meio seca, e um pouco de frio. Se lembrava de poucas coisas antes de dormir, sabia que estava na mesa de jantar com o detetive quando começou o ataque, depois disso, sua mente ficava completamente turva, até lembrar de estar deitada na cama do próprio quarto. Respirou fundo, e se apoiou na mão esquerda para erguer o corpo, sentiu a palma arder, mas apenas ignorou a dor, sentando-se com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Os olhos azuis, já mais acostumados a falta de luminosidade, não demoraram para focar na figura que dormia sobre uma cadeira há alguns centímetros da cama. "Chat?", Ladybug projetou o corpo pra frente e estendeu o braço, tocando no joelho do rapaz adormecido, "Chat Noir?", ela balançou, com cuidado, a perna do detetive. Depois de sentir o leve distúrbio em seu corpo, Chat piscou algumas vezes, lutando para manter as pálpebras abertas, levou a mão ao rosto, usando uma para cobrir um bocejo e a outra para coçar o olho, "Eu não tava dormindo", ele comentou, enquanto se ajeitava na cadeira e esperava as pupilas se dilatarem o suficiente para que ele enxergasse alguma coisa. A azulada soltou um riso nasalado, "Claro que não", ela voltou a encostar as costas na cabeceira. "Como você está?", ele perguntou quando os olhos focaram no rosto parcialmente coberto pela máscara vermelha com bolinhas pretas. "Bem, só com o pouco de frio", a garota respondeu, puxando o lençol para mais perto de si, sabia que só estava de sutiã, mas não sentia vergonha por isso. O loiro encostou as costas da mão na testa de Ladybug, "Você não parece estar com febre", ele pegou o moletom caído no chão e entregou a garota, que aceito e o vestiu com pressa, sem abrir mão do cobertor, "Não está sentindo nada? A cabeça não está doendo?". A mestiça levou os dedos até a têmpora, "Na verdade, sim, está latejando um pouco". "É desidratação, você perdeu muito líquido com o suor e as lágrimas", ele pegou uma garrafa cheia do chão, "Beba o máximo que conseguir". Ela agradeceu o gesto com um sorriso discreto, mas não soube dizer se o garoto conseguiu vê-lo por causa do escuro, levou a garrafa aos lábios, e só percebeu o tamanho da sede que sentia quando o líquido, ainda gelado, entrou em contato com a língua. Bebeu quase todo o volume do recipiente. "Melhor?", o loiro aceitou o objeto e o colocou no chão de novo, a mestiça concordou com a cabeça, "Está com fome?". "Talvez um pouco de chocolate ajude com a dopamina", a garota respondeu, girando o corpo para colocar os pés no chão, fazendo menção de se levantar. O loiro logo se adiantou, levantando-se da cadeira e segurando Ladybug pelos ombros, dando apoio para que ela pudesse ficar de pé. "Eu estou bem, Gatinho, de verdade", ela colocou a mão sobre a dele, afastando-a com delicadeza, "Estaria mais preocupado com você do que comigo, ficou cochilando todo torto nessa cadeira, deve estar com as costas doendo". Chat, mesmo sem encostar na garota, se mantinha atento para agir a qualquer momento, "Eu estou bem". Os dois saíram do quarto em silêncio, os pés descalços contra o chão frio faziam a de olhos azuis abraçar o corpo com os próprios braços. "Está com frio? Quer meu casaco?", o loiro já estava pronto para tirá-lo, no meio do corredor. "Chat, eu estou bem", ela interrompeu a ação do loiro mantendo a roupa onde estava, "Não precisa se preocupar". Ele soltou o moletom, achando melhor não debater, e continuou a segui-la de perto até a escada. Se perguntava como ela podia dizer para que ele não se preocupasse, ela havia tido um ataque de pânico há algumas horas, claro que ele estava preocupado. "Que horas são?", a garota perguntou, interrompendo os devaneios do rapaz que a acompanhava de perto, depois de passarem da frente da porta que dava acesso à área externa da casa, o céu ostentava uma mistura de tonalidades de azul. "Não sei, talvez umas cinco e pouca", os olhos verdes não se preocuparam em analisar o céu do início da manhã, a garota a sua frente parecia muito mais interessante e importante. "O que você vai querer comer?", a garota perguntou quando chegaram a cozinha, a luminosidade emitida pelas lâmpadas de LED fez os dois piscarem algumas vezes para adaptar os olhos ao novo ambiente. "Qualquer coisa está bom pra mim", Chat se encostou na bancada, mas acompanhava atento todos os movimentos da azulada. A garota caminhou até a geladeira, pegando ovos, leite e manteiga, "Nada em específico?", ela conferiu a geladeira mais uma vez, o loiro não respondeu, "Se eu fosse você, aproveitava meu bom humor", o encarou com as sobrancelhas erguidas. "Já que você insiste", ele estava sem graça, mas respondeu em um tom casual, "Croissants, são meus preferidos". Ladybug concordou com a cabeça, "Mas alguma coisa? Vou fazer biscoitos com gotas de chocolate". "Ainda tem as frutas de ontem", o loiro apontou para a geladeira. "Tá bom, então, mas você vai ter que me ajudar a preparar as coisas", a azulada anunciou, andando de um lado para o outro, mexendo nos armários, recolhendo todos os interdites e utensílios necessários para as receitas.
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La Puissance du Sang
FanfictionApós a morte de um importante senador francês, Ladybug, a maior assassina do país, e Chat Noir, o detetive mais aclamado da França, juntam forças para descobrir quem foi o responsável pela morte. Enquanto isso, Marinette e Adrien se conhecem por um...