*"Por que ela está aqui?"*
Pov Chat Noir
Por mais que a TV me disponibilizasse qualquer canal, nada me distraía. Tentei dormir, pensei em tomar outro banho, considerei ficar andando de um lado para o outro, mas sabia que nada me aquietaria, eu precisava sair desse quarto e fazer meu papel como detetive. Estava fingindo assistir um jornal qualquer quando bateram na porta, "Pode entrar", eu gritei, com certeza era Tikki para me dizer pela milésima vez que não confiava em mim. "Gatinho, gatinho, gatinho", ouvir a voz da assassina me fez ficar em alerta, olhei na direção da porta. Ladybug estava com o cabelo amarrado em um coque frouxo, vestia um biquíni preto extremamente provocativo, e, por cima, uma saída de banho vermelha. Não consegui conter um sorriso. A garota estava parada na porta, segurando uma toalha também vermelha e grandes óculos de sol na cabeça, "Eu vou aproveitar o sol pra ir na piscina, pode me acompanhar se não tiver medo de água". Eu levantei da cama, tirei a blusa, "Me mostre o caminho", eu poderia entrar no joguinho dela. Ladybug sorriu com a minha reação e seguiu na frente. Ficar a alguns passos dela me dava a oportunidade de analisar seus movimentos de forma detalhada. A assassina tinha um corpo muito atraente, e, claramente, sabia disso, seus movimentos sempre eram calculados para exalar a maior quantidade de sensualidade possível, o momento atual não era uma exceção, cada passo parecia conter um rebolado que quase conseguia ser natural, a forma como ela conferiu o coque enquanto passávamos pela sala de jantar, e até o jeito de coçar levemente o pescoço era uma forma de chamar atenção para um pedaço de pele diferente. Infelizmente, para ela, precisaria mais do que simples técnicas básicas para me seduzir. Continuei a acompanhando, fingindo estar aproveitando seu pequeno show. Por fim, chegamos ao quintal da casa, não era tão grande, havia uma pequena área com espreguiçadeiras e guarda-sóis, mas a piscina tinha um tamanho considerável. O dia estava, de fato, bem ensolarado. Ela andou até uma das espreguiçadeiras, ainda de costas para mim, tirou a saída de banho e, para minha surpresa a máscara, ela tirou o óculos de sol da cabeça e o colocou sobre o nariz, finalmente se virou em minha direção, "Quer um short?", ela perguntou, o óculos cobria tanto quanto a máscara, mas, agora, eu não conseguia ver seus olhos. "Pode ser", respondi. Ela se virou para o móvel de novo e jogou uma peça de roupa verde em minha direção. "Você sempre usa roupas combinando?", perguntei enquanto tirava o moletom ali mesmo, na sua frente, eu também sei fazer meu show. "Eu gosto que as pessoas me identifiquem sem que eu seja anunciada", Ladybug respondeu, sem se abalar com a minha demonstração de exibicionismo. "Hm", respondi agora vestindo o short, "Eu entendi o preto, mas por que o verde?". A garota caminhou em minha direção, deslizou o dedo por meu queixo e se virou para a escada da piscina, que estava ao meu lado, "Combina com seus olhos", ela respondeu assim que colocou o pé na água. Soltei uma risada anasalada, ela sempre tinha uma resposta para tudo. Esperei ela entrar completamente para fazer o mesmo. A água era aquecida, e a piscina tinha uma boa profundidade, o nível da água batia na metade do meu peito, mas quase nos ombros de Ladybug. Ela se apoiou na borda e deixou o sol iluminar seu rosto. Fiquei mais afastado, na sombra, não queria ficar com a marca da máscara por causa do sol. Ficamos em silêncio, não sabia exatamente o que dizer, e ela não parecia fazer questão de uma conversa. "Ladybug, você esqueceu o protetor solar", Tikki entrou no quintal, foi direto em direção à Ladybug e deixou o tubo na borda da piscina, ao lado da garota, "Você vai demorar muito aqui? Falo para enrolarem o almoço?". A menina de óculos escuros olhou para a de cabelos rosas e, depois, para mim, "Só um pouquinho, não temos porquê esperar tanto". Tikki concordou com a cabeça e voltou para dentro da casa. Ladybug caminhou a passos lentos, com o protetor solar na mão, até a margem próxima a espreguiçadeira, projetou o corpo para fora da água, mais uma demonstração de sensualidade, e pegou a toalha vermelha. Com os dois objetos em mãos, ela caminhou em minha direção, "Passa pra mim?". Concordei com a cabeça, ela me entregou as coisas e virou de costas para mim. Usei a toalha para secar as mãos, e, depois, a deixei na borda. Coloquei um pouco de protetor na palma da mão e comecei a passar o produto pelo pescoço da garota, "O que, exatamente, você quer com isso?", perguntei sério, me referindo à cena que se desenrola. "Você não disse que queria fazer outra coisa além de ficar no seu quarto?", ela respondeu de forma simples. Continuei espalhando o creme branco por seus ombros, "Esperava que fizéssemos algo relacionado ao nosso acordo". Ela virou, ficando de frente para mim, "Pode ir embora se quiser", não havia raiva na sua voz, mas dava pra perceber o tom de ordem, não de opção. Porém, uma ideia louca passou pela minha cabeça, e, sem pensar duas vezes, juntei um pouco do protetor no meu dedo indicador e o passei pelo nariz dela. Pela primeira vez, eu vi Ladybug completamente sem reação, não consegui segurar o riso. Mas, poucos segundos depois, ela despertou daquele estranho transe, a parte visível de suas bochechas foi rosada, "Que porra você...", ela xingou baixinho e espalhou o excesso pelo rosto. Então, sem mais nem menos, ela pulou na minha direção, tentando alcançar o protetor solar atrás de mim, com uma reação meio lenta, eu a segurei pela cintura, "Não sabia que você era...", Ladybug passou a mão cheia de creme na minha boca. O gosto ruim do produto dominou meu paladar. Tirei as mãos dela, tentando limpar meu rosto o mais rápido possível. Ladybug aproveitou sua liberdade para se afastar de mim, ela estava com o tubo na mão direita, e a esquerda ainda tinha muitos resquícios brancos. "Eu passei só um pouco e foi no seu nariz!", eu reclamei, enquanto ela gargalhava com prazer, "Isso não foi nada justo!". "A vida não é justa, gatinho", ela comentou ainda sorrindo, "Ainda mais quando você brinca sobre as minhas regras". "Quer testar isso?", perguntei sentindo uma mistura de espírito competitivo com uma vontade estranha de vencê-la a qualquer custo. Ladybug deixou um sorriso convencido tomar conta de seus lábios, eu tive a mesma reação. Tentei correr atrás dela, mas a água atrasava a nós dois e eu precisava tomar um cuidado redobrado para não molhar muito a máscara. Demorou um pouco para eu conseguir encurralar a assassina, ela tentou sair da piscina quando percebeu que não teria por onde fugir, mas, com metade do corpo já para fora, agarrei a cinturar da garota, ela jogou o protetor para longe, me impedindo de pegá-lo. Puxei a assassina de volta para a água e a fiz ficar de frente para mim, mas não a soltei. Ladybug abraçou, com as pernas, a minha cintura, o que a possibilitou ficar na mesma altura que eu, e passou os braços envolta do meu pescoço. "Acho que eu ganhei", falei, procurando uma forma de encará-la nos olhos, mesmo com aqueles óculos. "Eu não teria certeza disso, estamos sob minhas regras, lembra?", ela respondeu com o mesmo sorriso de antes. "E o que isso quer dizer?", perguntei. Ladybug passou o dedo pelo meu queixo de novo, talvez tenha sido uma brisa que passou, ou a forma como a garota estava agarrada a mim, mas senti meu corpo se arrepiar, "Significa que, não importa o que aconteça, a regra número um é: eu sempre ganho". "O almoço está pronto", Tikki anunciou da porta. "Já estamos indo", Ladybug respondeu sem virar o rosto. Ela tirou as pernas da minha cintura, mas eu não a soltei, nem me afastei para que ela pudesse sair. "Chat?", ela perguntou, não estranhando o meu comportamento, ou reclamando, sua voz estava carregada de malícia. Ouvir Ladybug me chamando desse jeito pareceu destravar meu corpo, meus braços e pernas voltaram a seguir as orientações do meu cérebro. Me afastei da garota e permiti que ela andasse até a escada. Quando ela saiu, me virei de costas, desejando que a água fosse fria.
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La Puissance du Sang
FanficApós a morte de um importante senador francês, Ladybug, a maior assassina do país, e Chat Noir, o detetive mais aclamado da França, juntam forças para descobrir quem foi o responsável pela morte. Enquanto isso, Marinette e Adrien se conhecem por um...