*Você vai com ele*
POV Chat Noir
"Eu estou falando do meu noivado com o Plagg", Tikki respondeu, não demorou mais do que milésimos de segundos para meu cérebro processasse a informação. Senti todos os movimentos e contrações involuntários do meu corpo pararem, precisei me lembrar de como respirar para voltar a bombear oxigênio para dentro dos pulmões. Eu a segurei pelo pulso e a levei de volta para fora da casa - a última coisa que eu precisava era Ladybug acordando e ouvindo tudo que estava acontecendo naquele exato momento -, a mulher de cabelos rosas não mostrou resistência. "Como assim seu noivado com o Plagg? Como assim você conhece o Plagg?", perguntei, sentia uma mistura de medo e preocupação, nunca tive tanta dificuldade para conter meu tom de voz. Será que o tempo todo a joaninha sabia sobre mim? Será que foi por isso que, dentre todas as pessoas da delegacia, ela escolheu justo o Adrien para pegar o veneno? As possibilidades me deixaram meio tonto. "A Ladybug não sabe sobre ele", Tikki falou, como se soubesse o que passava na minha cabeça, ela continuava fitando o chão, passando o peso do corpo de uma perna para outra, visivelmente incomodada, "Eu nunca colocaria ele em perigo". Passei a mão pelo cabelo, "O que você foi fazer em Paris?". "Fui atrás dele...", ela não parecia envergonhada ou arrependida, apenas cansada, "Eu não tive notícia nenhuma dele por cinco anos, achei que poderia ficar longe, deixar ele viver a própria vida sem precisar carregar os meus erros...", Tikki suspirou e passou a encarar o céu, tentando conter mais lágrimas, "Mas, quando eu ouvi você falando o nome dele... Eu não podia mais ficar aqui, eu precisava vê-lo...". "Certeza que ela...", mexi a cabeça em direção a casa, "Não sabe nada sobre ele?". Tikki assentiu, "Eu nunca contei sobre o Plagg, e não pretendo, principalmente agora que ele não só trabalha na delegacia, mas trabalha pra você". Respirei fundo, tentando decidir o que fazer a seguir, "Eu vou embora assim que amanhecer, a Ladybug falou que não vai ficar aqui, ela tem coisas para resolver em outro lugar, e não queria que você ficasse na casa sozinha, nós temos um plano meio arriscado, ela disse que quer te mandar para Paris de novo", fui sincero, "Talvez você devesse vir comigo logo". "O que?", Tikki finalmente me encarou, "Voltar para Paris? Com você?", ela riu nervosa, "Não". "Tikki, ela já disse que não vai deixar você ficar aqui", insisti. "Eu não posso voltar para Paris agora, não depois de ver o Plagg, e deixar ele de novo", ela usou as mãos para cobrir o rosto, "Você tem ideia de quanto isso é doloroso? Abandonar quem você ama, e, ainda por cima, duas vezes?!", sua voz estava alterada, mas o volume era baixo. "Se tudo sair como eu e a Ladybug esperamos, você vai poder voltar para o Plagg, vão poder ficar juntos e...". "E eu vou falar o que pra ele?", ela perguntou com certa violência, "Que trabalhei para a Ladybug por todo esses anos? Que fui capaz de ir embora no meio do noivado, sem falar uma única palavra, porque me sentia em dívida com ela?", uma risada debochada dessa vez, "Nós nunca vamos ficar juntos de novo, isso ficou determinado quando eu decidi sair do meu apartamento e sumir como se nunca tivesse existido". Suspirei, "Você sabe que essa não é a história que a Ladybug pretende contar se algo acontecer a ela". "Não importa qual mentira ela vai inventar para justificar a minha pessoa em toda a situação", o rosto de Tikki estava levemente ruborizado, provavelmente, por causa da raiva, "Eu não vou mais mentir pro Plagg, nunca mais, e a única forma de eu fazer isso sem ele me odiar para sempre é ficar bem longe daquela cidade", ela passou a mão embaixo dos olhos para para secar as lágrimas antes que elas escorressem, e cruzou os braços. "Não tem nada que eu possa dizer para te fazer mudar de ideia?", perguntei, um pouco esperançoso, a mulher de cabelos rosas apenas negou com a cabeça. "Você vai com ele", a voz de Ladybug soou baixo, mas era, claramente, uma ordem. Eu e Tikki viramos a cabeça na direção da joaninha, ela estava encostada na porta, os cabelos escuros estavam soltos e um pouco bagunçados, usava a blusa verde de mais cedo, as pernas estavam a mostra, a ponta do nariz avermelhado e mas bochechas levemente coradas por conta do frio deixavam claro que ela já estava ali a algum tempo, ela usava os braços numa tentativa falha de proteger o próprio corpo da noite gélida, tive vontade de correr até ela e aquecê-la de alguma forma, mas me contive. "Ladybug...", Tikki deu dois passos na direção da mais nova, mas não ousou se aproximar mais, "Eu não posso voltar para Paris". A mascarada piscou mais devagar do que o normal, "Você não pode ficar aqui, assim como não pode ir comigo", os olhos azuis passaram a me encarar, "Ela vai com você. Por favor, tome conta dela", concordei com a cabeça, "Espero que o Plagg entenda o que aconteceu, pelo anel no seu colar", ela apontou para a fina corrente, onde um anel de ouro estava pendurado, percebi que era uma aliança, "Ele ainda não te esqueceu, provavelmente ainda está guardando a que deveria ser a sua". Senti vontade de perguntar como ela sabia disso, mas o momento não me parecia propício para perguntas assim. "Ladybug, eu não posso voltar para Paris...", a de cabelo rosa insistiu outra vez. "Antes de qualquer coisa, você é minha amiga, e eu quero te ver feliz, ficar todos esses anos nessa casa, resumindo sua vida a se relacionar com criminosos nunca te fez feliz", a voz de Ladybug parecia fria demais para a situação, "O Plagg te faz feliz, e não tem ninguém melhor do que o chefe dele para te acompanhar de volta até Paris", Tikki abriu a boca, mas a azulada não deixou que ela se manifestasse, "Está decidido, você vai voltar para Paris com o Chat, se quiser ou não ir atrás do seu noivo, ou ex-noivo, quando estiver lá, é uma decisão sua, mas você não pode mais ficar aqui, assim como não pode ficar do meu lado", a garota suspirou, "Se soubesse de tudo isso antes, eu nunca teria permitido que você viesse para Lyon comigo". Tikki ficou estática enquanto a mascarada dava as costas e caminhava para dentro da casa, coloquei a mão em seu ombro, "Vá arrumar suas coisas, eu falo com ela".
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La Puissance du Sang
FanfictionApós a morte de um importante senador francês, Ladybug, a maior assassina do país, e Chat Noir, o detetive mais aclamado da França, juntam forças para descobrir quem foi o responsável pela morte. Enquanto isso, Marinette e Adrien se conhecem por um...