Destin

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A viagem até Lille era longa, um pouco mais de seis horas, e Chat Noir se recusou a deixar a garota dirigir para que ele pudesse descansar por algum tempo. O detetive se sentia inútil, mas dirigir mantinha sua cabeças ocupada, e isso era tudo que ele queria fazer naquele momento. Ladybug, sem entender a teimosia do loiro e achando melhor não insistir mais, desistiu da ideia depois de ter a sugestão negada pela quarta vez, apenas se aconchegou no banco e tentou permanecer acordada, mesmo com o cansaço natural e o restante do efeito dos analgésicos indo contra sua vontade. Não demorou muito para que a garota dormisse, e Chat mergulhasse em um novo tipo de silêncio, que era quebrado, de vez em quando, pela respiração pesada da Joaninha ao seu lado. Em alguns momentos, quando a estrada se encontrava vazia, o rapaz lançava breve olhares em direção à parceira, dizia para si mesmo que só fazia aquilo para ter certeza de que ela estava bem, mas sabia que aquilo era uma mentira. Pela milésima vez, o loiro suspirou e voltou a observar a estrada a sua frente, que já estava escura graças ao horário. Seus pensamentos não conseguiam se concentrar em um único assunto, ora pensava em Plagg e Tikki, ora em seus amigos, ora nos avós, que com certeza ficariam preocupados com seu desaparecimento. Porém, ainda que não conseguisse focar em nada, duas pessoas dominavam a maior parte das reflexões: a garota que dormia ao seu lado e a amiga que havia ido embora. Duas horas se passaram sem que o detetive percebesse, sua mente estava ocupada demais para perceber a passagem de tempo, ou a Joaninha agora acordada, graças a um sonho ruim. "Você quer parar em algum lugar pra descansar, talvez comer alguma coisa?", Ladybug perguntou, causando um pequeno susto no detetive que não esperava ouvir outra voz tão cedo. Mas, ele logo se recuperou, "Não, tá tudo bem, não estou cansado ainda", respondeu sóbrio, "Você dormiu pouco, certeza de que não quer dormir mais?". "Eu estou bem", garantiu, coçando os olhos para afastar os resquícios de sonolência, "Mas, você precisa mesmo parar um pouco, já são mais de dez da noite, acho melhor pararmos em algum lugar", insistiu. Chat negou com a cabeça, "Vamos chegar mais rápido se a gente não parar". "Prefiro atrasar alguns minutos e ter certeza de que vamos chegar inteiros", a garota argumentou, "Perder alguns minutos para descansar vai te fazer bem, e você também precisa esticar um pouco as pernas, por quanto tempo você dirigiu hoje?". Chat suspirou vencido, sabia que a azulada tinha razão, "Algum lugar em mente? Posso comprar a comida pra viagem e a gente come no carro". Ladybug assentiu, "É o melhor, não é como se pudéssemos entrar no restaurante como se fossemos duas pessoas normais", brincou, tentando colocar um sorriso, mesmo que pequeno no rosto do loiro. Entretanto, o rapaz apenas assentiu, e mudou um pouco a rota para entrar na cidade mais próxima e procurar por algum lugar aberto. "A gente pode só parar e comprar uma pizza em algum lugar", a mestiça sugeriu, depois de alguns minutos procurando por algum lugar decente, mas pouco chamativo, ela não queria admitir, mas sua barriga já começava a reclamar pela falta do que digerir. "Tudo bem, que sabor você quer?". "O que você quiser tá bom, realmente não me importo", respondeu, tentando disfarçar a fome. "Tem certeza?", o detetive pergunto, mas recebeu apenas uma confirmação com a cabeça como resposta. Por sorte, não precisaram andar muito mais para encontrar uma pizzaria aberta. Era um lugar simples com alguns pouco clientes. o loiro estacionou longe da entrada, evitando, assim, que a luz do estabelecimento facilitasse a visão do lado de dentro do carro. "Me dá só um tempinho pra eu pegar o dinheiro aqui", a mestiça falou, tirando o cinto e virando o corpo para trás para poder alcançar a mala. "Tá tudo bem, eu tenho dinheiro aqui", o loiro falou, conferindo o próprio estado no retrovisor. Seu rosto tinha uma expressão anormalmente cansada, mas podia ser facilmente justificada com um simples: 'foi um longo dia no trabalho'. Mas, a Joaninha não deu ouvidos, e continuou tentando alcançar o zíper da mala, "Não podemos usar cartões de crédito, e eu disse que temos que economizar, mas temos dinheiro suficiente para comprar uma pizza". "Eu tenho alguns euros", foi a última coisa que o loiro disse antes de sair do carro.  

Ladybug bufou e voltou a se acomodar no próprio acento. Não queria demostrar nada na frente do detetive, mas o corpo da garota estava tomado por uma mistura de desapontamento e raiva. Estava um pouco decepcionada pelo comportamento do loiro, entendia que a situação na qual eles haviam se metido não era nem um pouco favorável para ele, mas também não era fácil para a Joaninha, que desejava, com todas as suas forças, colocar as mão no pescoço daquele ruivo escroto. Ao mesmo tempo, tentava traçar um plano B para caso as coisas não dessem certo, e anotava mentalmente tudo que precisava fazer para continuar escondida, mas manter o contato com a melhor amiga, que era capaz de surtar caso Marinette, sem motivo aparente, parasse de responder todas as suas mensagens. Com certeza, Alya seria capaz de mobilizar toda GIGN* apenas para encontrar a mestiça. Enquanto isso, dentro da pizzaria, Adrien se sentava em uma das várias mesas vazia após fazer o pedido de duas pizzas de pepperoni.  O loiro apoiava a cabeça com uma das mãos, enquanto a outra se encontrava sobre a máscara dentro do bolso, e tinha os olhos fechados, tentando arrumar os próprios pensamentos e encontrar uma saída para os seus problemas. Como ele continuaria suas investigações agora que não poderia mais contar com as informações dos sócios de Ladybug? Será que, depois que a confusão se resolvesse, a azulada lhe daria permissão para usar todos aqueles documentos dentro da mala e prender os criminosos? Quais eram as chances da Joaninha finalmente revelar sua verdadeira identidade? Eles já não estavam muito envolvidos para compartilhar essa informação tão preciosa? Essas perguntas apenas geravam novos questionamentos, fazendo Adrien soltar um suspiro exausto. Teria que confiar na Ladybug cegamente a partir de agora, e, se lembrando das palavras de Plagg, torcia para não se arrepender das próprias decisões no final. 

La Puissance du SangOnde histórias criam vida. Descubra agora