Mestre Fu

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Pov Chat Noir

"Quanto tempo, Mestre Fu", Ladybug falou, interrompendo completamente a funcionária, uma mulher de cabelos ruivos presos em um coque bem feito, olhos azuis, que vestia uma roupa social na cor cinza. Um senhor baixinho de aparência asiática - que, pelo roupão verde claro, obviamente não esperava por visitas naquele horário - caminhou calmamente pelo hall, aproximando-se de nós dois, "Não achei que voltaria tão cedo, Ladybug", ele comentou, colocando as mãos atrás das costas, "Com certeza não foi a saudade que te trouxe até aqui". Minha acompanhante sorriu de maneira cínica, "Como pode dizer que eu não senti falta do meu próprio mestre?". O senhor riu, "Porque você nunca voltou aqui depois de roubar todos os meu contatos". "Nós dois sabemos que está velho demais para cuidar dos negócios, eu só estava fazendo um favor, não roubei nada", ela respondeu, sustentando o sorriso de antes, "Além disso, não lembro de nem uma única reclamação da sua parte quando passou a receber o triplo do que arrecadava antes". Nosso anfitrião arqueou as sobrancelhas, aceitando a derrota com um gesto discreto com a cabeça, "Você está certa, mas, para aparecer em minha casa a essa hora, e com o Chat Noir", ele me lançou um olhar estranhamente gentil, "Com certeza algo muito sério aconteceu". A Joaninha negou com a cabeça, "Isso não é assunto para um lugar tão... aberto", ela falou, olhando diretamente para a mulher que nos acompanhava, "Podemos conversar em um lugar mais reservado?". Mestre Fu assentiu, "Trixx, por favor, leve a bagagem de nossos hóspedes até o quarto deles", ele falou, dirigindo-se a ruiva. "Quartos separados", a mestiça adicionou antes que Trixx pudesse se mexer, "Você pode ir com ela, Chat, vou resolver as coisas com o meu querido mestre, não vai demorar". "Você tem certeza? Posso ficar te esperando aqui", ofereci, achava melhor não nos separarmos nesse momento. Ladybug fez um gesto negativo, "Está tudo bem, pode ir, eu sei lidar com ele", ela apontou para o senhor, "Vai pro quarto e arruma as coisas, daqui a pouco eu te encontro". Ainda contrariado, suspirei baixo e concordei. A mulher, prontamente, fez um gesto para que eu a acompanhasse e cruzamos o hall de entrada, virando no corredor a direita.

O corredor era grande e tinha um ar autoritário. Era decorado com obras de arte do período do renascimento, variando entre esculturas e pinturas à óleo. "Por aqui, por favor", Trixx falou, apontando para uma escada quase escondida à esquerda, "Quer ajuda com a mala?", perguntou de forma educada, me dando espaço para subir na frente. "Tá tudo bem, eu carrego, obrigado", falei, erguendo a mala pelas alças e subindo os degraus. O segundo andar era repleto por portas (a ideia de que cada uma levava a um quarto me deixava nauseado, não tinha nem ideia de quantas pessoas eram necessárias para manter apenas aquele andar em ordem) e parecia mais um hotel com temática medieval, até o corredor era decorado com pequenos sofás, poltronas e espelhos. "O senhor e a senhorita Ladybug preferem quartos conjugados ou completamente separados?", minha guia perguntou, parando no meio do corredor para esperar a resposta. "Pode ser completamente separados, mas lado a lado, se possível", ela assentiu e continuou caminhando a passos lentos, "Você conhece a Ladybug?", tentei não parecer tão interessado. "Ela foi uma presença bastante constante por um tempo", ela respondeu de forma vaga. "Ela morava aqui?". A ruiva fez um gesto ainda mais nebuloso, "Desculpa, não tenho permissão para falar sobre o Mestre ou outras pessoas ligadas a ele". Assenti, "Tudo bem, eu entendo". Percorremos todo o corredor até chegar às últimas portas, "Esse é seu quarto", ela falou, apontando para a porta a minha direita, "Tem uma bela vista para os jardins, espero que seja de seu agrado". Concordei, "Obrigado... Mas, em qual quarto a Ladybug vai ficar?". A funcionária apenas apontou para a porta exatamente na frente da minha, "Se precisar de qualquer coisa, não hesite em pedir, o castelo pode parecer parado e pouco movimentado a essa hora, mas existem funcionários suficientes para atender a todos os seu pedidos, aborde-os sempre que achar necessário", assenti, um pouco desconfortável, "O restante das suas bagagens já serão entregues", ela se aproximou da porta e a abriu, "A chave está do lado de dentro". Agradeci com um gesto e entrei no quarto, que conseguia ser quase do mesmo tamanho que o meu apartamento. Entretanto, deixei a análise do cômodo para depois, encostando a mala na parede e me virando para trás de novo, por sorte a ruiva continuava ali, como se esperasse por uma ordem para se retirar, "Seu nome é Trixx, né? Posso te chamar assim?". Uma expressão surpresa tomou conta de seu rosto por poucos segundos, mas ela logo se recuperou, "Claro, como o senhor achar melhor". "Chat", falei estendendo a mão, "Tenho certeza de que nossas idades não são tão diferentes, não precisa me chamar de 'senhor'". Trixx aceitou o cumprimento e concordou com a cabeça, "Tenha uma boa noite... Chat". "Igualmente, Trixx", ela me ofereceu um sorriso e se afastou abaixando a cabeça, quase como uma reverência. Esperei que ela já estivesse relativamente distante para fechar a porta.

La Puissance du SangOnde histórias criam vida. Descubra agora