Voisins

49 7 2
                                    

*Vizinhos*

Dois meses se passaram desde a troca de mensagens entre Ladybug e Chat Noir. O encontro na Lumières não durou tanto quanto Chat gostaria, mas a mascarada parecia ter pressa em lhe dar um pequeno sermão e extrair todas as informações que o loiro possuía sobre a agente estadunidense, e, sem maiores explicações, prometeu dar um jeito na situação. Graças aos contatos do Oficial Raincomprix, as investigações do detetive desenrolavam-se mais rápido do que o normal, resultando em quatro prisões preventivas. Mas, além do trabalho extra, o loiro ainda tinha que lidar com o assédio constante da imprensa - que se dividia entre criticá-lo por, aparentemente, deixar o caso do Senador em segundo plano, e exaltá-lo por alcançar nomes ligados à Ladybug - e com Volpina, que insistia em aparecer para dar sua opinião nem um pouco bem vinda. Enquanto isso, também em Paris, Marinette tentava se manter atenta em relação a tudo que acontecia, mas, assim como Adrien, se sentia um pouco sobrecarregada sem a ajuda de Tikki. A garota sabia que podia recorrer a Evillustrator sempre que necessário, mas odiava sentir que devia algo ao rapaz, mesmo assim, ele se tornou sua ponte com o os outros sócios, que já se mostravam em pânico por causa dos avanços de Chat Noir. Ainda sim, tinha os ouvidos sempre muito atentos para quando Alya interrogava Adrien sobre o que estava acontecendo na delegacia, porém o amigo parecia mais cansado do que o normal, o que deixava claro para a mestiça de que as investigações deveriam estar tomando o tempo de todos. Por outro lado, ainda que estivessem mais ocupados do que nunca, Ladybug e Chat Noir sempre encontravam tempo para trocar informações importantes, o que era essencial para o plano da Joaninha.

"Quando você vai estar de volta?", Evillustrator perguntou durante uma ligação com a de olhos azuis. "Ainda não sei, estou ocupada", ela respondeu, deixando claro que não queria dar mais informações. A mestiça pode ouvir o ruivo suspirar do outro lado da linha, "As coisas estão ficando uma bagunça, Bug... Você não sabe o que está acontecendo?". "Se você está se referindo ao gatinho, sim, eu sei o que está acontecendo", não havia preocupação em sua voz. "E você não vai fazer nada?!", o rapaz exclamou, "Eles não estão nada satisfeitos, estão pedindo a cabeça de quem passou as informações, acho melhor você sair de onde quer que esteja e marcar uma reunião geral para acalmar tudo... Ah, falando em marcar uma reunião, todos estão tentando se comunicar com você loucamente, mas ninguém está conseguindo entrar em contato com a Tikki". A garota sentiu um aperto no peito, sentia falta da amiga, "Não adianta tentar falar com ela, ela se foi", respondeu do jeito mais vago que pode, sabia que Evil interpretaria que Tikki estivesse morta, era melhor que todos pensassem assim mesmo. "O que aconteceu?", ele perguntou preocupado. "Não importa, não adianta contatá-la, por isso estou ligando para você com mais frequência", ela admitiu, nem um pouco orgulhosa da situação. "Entendo...", a Joaninha não soube dizer se havia tristeza pela suposta morte da de cabelos rosas, ou felicidade contida - por saber que havia se tornado mais importante para a mascarada - na voz de Evil. Foi a vez dela de suspirar, "Estarei em casa em três dias". "Acho melhor marcarmos a reunião em um lugar maior, não acho que vai ser uma boa ideia se encontrar só com alguns, todos querem explicações", o ruivo aconselhou. "Certo, arranje um lugar pra daqui a três dias, me passe a hora e o lugar, estarei lá", a de cabelos pretos apenas esperou uma confirmação para terminar a chamada sem dizer mais nada. Marinette guardou o celular de volta na bolsa e passou a mão pelo rosto, fechando os olhos por alguns segundos, apenas para abri-los de novo e se deparar com o prédio de Plagg na sua frente. Era a quinta vez que ia até ali, mas sempre parava do outro lado da rua, encarava a construção por alguns segundos e se virava para ir embora. Sentia falta de Tikki, queria vê-la, ter certeza de que estava bem, feliz e, principalmente, com a pessoa que ela amava. Porém, nem ao menos tinha certeza de que a mulher de cabelos rosas realmente estaria ali, não tinha notícias dela desde o dia em que saiu de Lion e deixou para trás a melhor amiga e o detetive adormecidos. Apenas conseguiu o endereço de Plagg com a ajuda de Gamer. E, então, pela quinta vez, Marinette suspirou e virou as costas para o prédio, levando consigo todas a palavras que gostaria de dirigir à amiga. A garota caminhava nada confiante, tinha a sensação de que conseguia sentir todo o peso de suas escolhas em seus ombros, mas, ao sentir que poderia quebrar de novo, respirou fundo, arrumou a bolsa no ombro e a gola do casaco, e se distanciou do prédio com a maior confiança que ela era capaz de mostra. Ela já tinha deixado Chat Noir visse seu lado mais fraco, não deixaria que Paris toda também visse. Precisava beber alguma coisa e se encontrar com o detetive para orientá-lo sobre o encontro com os sócios daqui a três dias. A mestiça puxou o segundo celular de dentro da bolsa e mandou uma mensagem curta. Me encontre na Lumières hoje a noite, é importante.

La Puissance du SangOnde histórias criam vida. Descubra agora