*Meu filho*
Ladybug fez um gesto obsceno para a porta. Queria matar Luka, queria fazer ele sentir pelo menos as dores físicas que ela sentiu por causa dele, mas não tinha disposição para isso, não tinha disposição para nada. Ao perceber que a mão direita repousava um pouco abaixo da barriga, a Joaninha rapidamente mudou de posição, precisava atravessar quase todo o castelo para chegar até seu quarto, então começou a andar. A mente borbulhava. Estava grávida, ela já desconfiava disso, mas não sabia o que fazer. Luka ofereceu para arranjar-lhe um médico que fizesse um aborto burlando qualquer burocracia necessária, mesmo que pudesse entrar na justiça com uma alegação de estupro. A palavra fez o corpo da garota tremer, afastou as poucas lembranças. Ela também poderia deixar a Ladybug de lado por alguns dias, viajar como Marinette até algum país, como a Espanha, onde ela poderia simplesmente comprar uma pílula abortiva. Porém, um pensamento rápido passou por sua cabeça: "E se eu ficasse com a criança?". O questionamento a fez parar. Não poderia estar considerando aquilo de verdade, não tinha condições de criar uma criança, muito menos sozinha. Ladybug se sentou em um dos conjuntos de cadeiras que decoravam o corredor. O que seus pais diriam? O que Alya diria? O que Adrien diria?... A mão voltou para cima daquele pontinho que poderia, ou não, crescer até se tornar uma pessoa de verdade. Com certeza já estava desempregada, há dias não dava satisfação na empresa em que Marinette trabalhava. Não poderia voltar para o meio dos sócios da Ladybug como se nada tivesse acontecido, não poderia jogar o próprio filho no meio daquelas pessoas tão horríveis e inescrupulosas quanto ela mesma. E se fugisse? Tinha dinheiro, podia convencer Chat Noir de que deveriam ir embora, prometer sumir da vida dele, da vida de Paris, acabar com a Ladybug como Luka havia sugerido. Tinha tudo que precisava para isso, poderia se mudar para outro país, começar de novo. Mas, estava mesmo disposta a fazer isso? Fazer isso por uma criança que ela torcia para ser sua cópia exata e de mais ninguém? E se o filho fosse igual ao pai?
"Ladyug?", o voz de Mestre Fu chegou antes do toque no ombro da menina, "Por que não vamos tomar um chá?", sugeriu, sem fazer outras perguntas, sem dar opiniões. A garota concordou com a cabeça, agradecendo mentalmente por não ter que passar mais um minuto sozinha com as próprias reflexões. O mais velho a guiou por todo o lugar, mesmo que ela soubesse exatamente para onde iam e como chegar. Mestre Fu destrancou a porta de sua sala de armas, abrindo espaço para que a de cabelos quase azuis pudesse passar. "O Luka vai embora?", Marinette perguntou assim que a porta foi trancada novamente, ela tirou a máscara do rosto e a deixou apoiada sobre um dos vidros de proteção. "Eu não sei quando ele vai", Mestre Fu respondeu com sinceridade, não achava que estava na hora de dispensar o médico. "Ele já deu o diagnóstico dele, não acho que ele tenha mais utilidade aqui". O mais velho suspirou e concluiu, "Você vai embora, então". Não foi uma pergunta. "Ainda não tenho certeza, mas não devo demorar muito para decidir. Não se preocupe, vou avisar com antecedência". "Você sabe que é bem vinda aqui, Marinette, não precisa ficar correndo por aí com o detetive atrás de você... Em algum momento ele vai ter que voltar para a delegacia, e você não vai poder ser a Ladybug se quiser continuar ao lado dele". "Não temos nenhuma relação para estarmos um ao lado do outro, é apenas uma parceria, no momento em que ela não for mais útil, vai terminar". Mestre Fu se sentou na mesa no fundo da sala, servindo-se de uma bebida fumegante, "Eu não acho que ele pense assim, ele foi até a sua casa te salvar, não foi? Ele veio até aqui. Eu confiaria nele". "Eu não posso mostrar quem eu sou, ele vai achar que todos os meus amigos estão envolvidos...". "Ele vai poder fazer mais pra te proteger, não foi isso que ele fez até agora?". Marinette cruzou os braços e se sentou de frente para seu mestre, "Não sei o que ele espera de mim", admitiu, mas não demonstrou a ansiedade que sentia por saber que desconhecia os motivos para o loiro ainda estar ali, "Se ele acha que posso dar mais informações, está errado". O mais velho levou a porcelana aos lábios e tomou um gole demorado, "Talvez ele só queira ajudar". "Acho que a idade mexeu com a sua cabeça", o senhor não rebateu, "Não acho que ele está sendo 'bom' porque é uma pessoa boa", era a primeira vez que dizia aquilo em voz alta. Mestre Fu refletiu, "Acha que ele está te manipulando?". "Não ficaria surpresa se nós dois estivéssemos", Marinette respondeu, dando de ombros. Mestre Fu suspirou de forma pesada, seu rosto pareceu se encher de sombras como se a idade finalmente tivesse se mostrado em sua pele, até um pouco mais do que deveria, "Eu acho que já deu, Marinette, pra nós dois". "O que o senhor quer dizer?". "Eu não tenho mais idade pra isso, e você em outras coisas com o que se preocupar agora", com um gesto discreto ele apontou para o meu tórax, "Luka me contou, mas você já sabia". "Não sei se vou manter", admitiu. Mestre Fu não opinou, "Sabe quem é o pai?". "Não tem como ser outra pessoa".
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La Puissance du Sang
FanfictionApós a morte de um importante senador francês, Ladybug, a maior assassina do país, e Chat Noir, o detetive mais aclamado da França, juntam forças para descobrir quem foi o responsável pela morte. Enquanto isso, Marinette e Adrien se conhecem por um...