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Não foi um beijo de cinema, mas foi um beijo suficiente para que eu voltasse para casa flutuando. Isso parece clichê e realmente é, mas talvez seja o sentimento que muitas pessoas no mundo deveriam experimentar. Um sentimento recomendável. Um sentimento que não se explica em palavras, que não se tem palavras para expressar, apenas gestos. Em nenhum momento ficamos desconfortáveis um com o outro e é tao estranho relembrar aquela cena, mas ao mesmo tempo dá uma sensação de querer repeti-la. Deixei Louis ontem no Hospital por volta da meia-noite. Hoje provavelmente irei levar algum xingo ou algo do tipo, pelo horário que o trouxe de volta, mas eu estou tão no ar pelo acontecimento de ontem que não estou nervoso.

Tomlinson ficou com meu moletom, sem nem lembrar que o vestia e eu apenas sorri. Sorri como um bobo. Sorri por ter certeza que estou apaixonado por esse garoto.

—Oshi, o que faz aqui?—Perguntei ao trombar com Ed no meio do corredor, indo juntamente comigo ao quarto de Louis.

—Vim ver meu pequeno porém grande músico.—Ed sorriu e eu revirei os olhos ao escutar o "meu pequeno" saindo por seus lábios.—E você?

—Vim brincar de ser médico.—Respondi humorístico e Ed riu revirando os olhos.

Sheeran bateu na porta e antes que a vozinha de Louis fosse ouvida, o ruivo virou a maçaneta adentrando ao quarto.

—ED!—Louis quase gritou e correu para abraçar o ruivo. Fiquei parado na porta, segurando seus remédios, esperando ambos se soltarem.—Meu Deus, você já está com cabelo!—Seus olhos brilharam e eu notei Louis estar de touca, já denunciando o que estava acontecendo.

—Você viu?—Ed disse sorrindo e Louis assentiu. Seus olhos agora pousaram em mim. Seus lábios estavam brancos e seus olhos fundo, claramente pálido e com falta de ferro no corpo. Louis ajeitou a touca em sua cabeça parecendo incomodado e eu apenas sorri sem mostrar os dentes, esticando meus braços, segurando o copo com água na mão direita e os comprimidos na mão esquerda.

Louis caminhou até mim, pegando os comprimidos, engolindo-os e logo bebeu toda a água que estava no copo, me devolvendo o recipiente vazio. O mesmo virou rapidamente para Ed e eu vi minha blusa dobrada em cima de sua cama. Ambos ficaram me encarando enquanto eu passei talvez um bom tempo observando a peça de roupa em cima da cama.

—Harry.

—Edward.—Ed e Louis me chamaram ao mesmo tempo, ganhando minha atenção.

—Desculpa.—Respondi baixo e saí do quarto lentamente, mas antes que pudesse fechar a porta, Sheeran chamou minha atenção com uma simples pergunta.

—Nossa Louis, que rosas mais lindas! Quem deu a você?—Porém minha mãe me ensinou a nunca ficar ouvindo conversas dos outros e por mais que a resposta de Louis fosse de minha curiosidade, eu terminei de fechar a porta, me afastando de perto do quarto.

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Agora fazem exatamente três meses que Louis está aqui, em média uns dois meses e algumas semanas que foi abandonado pelo próprio namorado. Deus é muito bom de não fazer meu caminho cruzar com o dele, senão de médico eu vou pra presidiário. Estava concentrado, checando os exames que Louis havia feito nos últimos dias, balançando freneticamente meus pés e batendo a caneta contra os papéis. Terminei de ler os resultados e fechei a pasta de Tomlinson soltando um longo suspiro.

—Ei Edward.—Alguém que eu já reconhecia a voz até mesmo no meio de uma multidão me cutucou, me fazendo sorrir largo, quase rasgando meu rosto. O mesmo saiu de trás do banco e se sentou ao meu lado.

—Diga William.—Falei ajeitando meu jaleco e a pasta com os papéis dentro.

—Você quer ir andar no South Bank? Quero dizer, nós podemos ir no South Bank hoje?—Ele perguntou empolgado e eu franzi a testa.

You left longingOnde histórias criam vida. Descubra agora