XI

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UMA SEMANA DEPOIS

Depois daquele passeio no South Bank, Louis ficou ainda mais próximo de mim. Nós nos beijamos naquele dia, óbvio. Havia começado a chover e corremos para um lugar coberto. Enquanto eu estava completamente preocupado com o risco que Louis corria de ficar doente tomando aquela chuva fria, ele ria e fazia questão de enrolar. Tomlinson parecia uma criança, rodando de braços abertos, com a cabeça erguida e segurando sua rosa que ficara ainda mais linda com as gotas se chocando contra ela. Ele estava maravilhado como se não visse chuva há anos ou como se nunca tivesse tomado um banho de chuva.

Eu implorei e até mesmo fingi que estava chorando para que ele saísse da chuva e mesmo assim ele continuou, me arrastando junto para tomar aquele banho gelado. A água estava fria e eu tremia, mas só o fato de ver o sorriso de Louis e o quanto ele estava feliz de estar ali, vivendo aquele momento, fazia eu esquecer do frio, esquecer da água, esquecer que corríamos o risco de ficar resfriado. É disso que Louis precisa. Lembrar a todo momento que está doente e se privar de viver não é uma das melhores escolhas.

Apesar de termos ficado próximos, Louis começou a agir estranho depois daquela noite. Pediu para que apenas Jade levasse seus remédios e quase não saía de seu quarto. Quando saía eu não o via e recebia a notícia de que ele havia saído só depois quando ele já havia voltado para o quarto. Fiquei no hospital até quase nove da noite e por mais que meu cérebro dissesse não, meu corpo não obedecia e continuava a caminhar em direção ao quarto de Louis. Assim que cheguei até a porta de seu quarto onde havia um ar de alegria sendo consumido por uma imensa tristeza, não bati na porta porque sei que ele não deixaria eu entrar, então girei a maçaneta lentamente. O que era para ser uma entrada silenciosa, acabou sendo escandalosa por conta da porta rangendo. O quarto estava um completo escuro, então não ousei acender a luz, por que sabia que algo não estava certo.

Logo o garoto que ama luzes ficar no meio de uma escuridão sem mais e nem menos? Isso sim, era uma coisa assustadora pra mim porque eu tenho medo de Louis não me contar o que está acontecendo, se está acontecendo alguma coisa.

—Vai embora.—Sua frase rouca e lenta, soou pelo quarto após um longo e cansado suspiro. Semi cerrei os olhos tentando ver Louis e mesmo com a claridade da lua entrando pela janela de seu quarto, o mesmo ainda continuava muito escuro.

Louis estava perto da janela, mas um pouco mais para o canto onde a luz não pegava nenhuma parte de seu rosto. O quarto, que antes estava repleto de alegria e música, hoje estava tomado por um silêncio e tristeza.

—Não, sem antes falar com você.—Falei firme e Louis soltou outro suspiro. O barulho da cadeira soou pelo quarto, denunciando ele ter se mexido e isso fez com que eu me aproximasse ainda mais de Louis.

A luz da lua conseguia refletir apenas o colo de Tomlinson, suas mãos estavam sob suas coxas, os dedos brincavam um com o outro e sua respiração estava calma.

—Edward.—Ele disse depois de algum tempo. Eu havia pego uma outra cadeira que estava próximo a sua cama e sentei-me ao seu lado, sem me aproximar muito.—A nossa noite, no South Bank foi maravilhosa...—Louis deu uma pausa e suspirou baixinho mas eu pude ouvir.—Eu não pude te agradecer aquela hora, então, obrigado...Você está sendo além de um grande médico, um grande amigo.

—Eu quero ser mais que amigo, Lou.—Soltei as palavras sem me importar se o assustaria.

—Não...—Ele deu uma risadinha sem humor, levando suas mãos ao lado da cadeira e segurando o acento próximo as suas coxas.—Edward, olhe para mim.

—Estou tentando, mas só vejo suas mãos.—Falei encarando seus dedinhos.

—Não, olhe para mim.—Ele repetiu a pergunta e eu entendi ao que ele se referia.—Eu sou um garoto pobre, não tenho mãe, fui abandonado pelo meu próprio namorado por ter descoberto uma doença que não tem cura e agora...Perdi uma das coisas mais preciosas de mim que é meu cabelo.—Louis deu uma pausa e soltou todo seu ar pela sua boca.—Você tem dinheiro, tem saúde, é jovem e pode encontrar alguém que te faça feliz como você merece. Alguém que não tenha menos de dez anos de vida.

You left longingOnde histórias criam vida. Descubra agora