XV

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—...Bob Esponja calça quadrada! Diabruras à bordo e problemas com peixes, Bob Esponja calça quadrada!—É sério isso? Eu chamei o Louis pra morar comigo ou adotei alguma criança e não estou sabendo?

Passei a mão em meu rosto e procurei meu celular para ver que horas eram. Levantei da cama e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal, ouvindo Louis repetir "Bob Esponja, calça quadrada" várias vezes, com voz de criança, depois engrossando a voz imitando o capitão. Assim que terminei, lavei as mãos e escovei os dentes. Saí do banheiro e caminhei lentamente pelo corredor, vendo só a cabeça de Louis no meio do sofá, sentadinho e enrolado em uma coberta.

Está explicado porque acordei com um pouco mais de frio.

Louis estava sentado com perna de índio e com uma pequena tigela de cereais de milho, misturado com cereais de chocolate. Não me pergunte o porquê da mistura, que nem eu entendi. Beijei o topo de sua cabeça e Louis ergueu o olhar para mim. Dei um sorriso e ele fez o mesmo, sussurrando um "bom dia".

Fui para a cozinha, me desviando de algumas caixas que ainda estavam no chão e caminhei até o armário. Louis nem sequer piscava, olhando vidrado para a televisão e ria algumas vezes das piadas mais bobas contadas no desenho. Fiz meu café da manhã e sentei na mesa mesmo, observando ele de longe. Só aparecia a pontinha de sua cabeça por trás do sofá e os leves movimentos que parte de seu corpo fazia por estar mastigando.

—O Plankton é muito chato, parece você Edward.—Louis se mexeu no sofá e me olhou balançando as sobrancelhas, voltando sua atenção para o desenho.

—A Karen parece você, toda feminina...Aliás ela é a esposa computador do Plankton.—Balancei as sobrancelhas da mesma forma que Louis havia feito antes e o mesmo virou-se indignado, arrancando uma gargalhada de mim.

Terminei de tomar meu café e deixei as coisas na pia para que a hora que a preguiça fosse embora eu lavaria. Louis inclinou e deixou sua tigela na mesinha de centro e eu caminhei até ele, me jogando ao seu lado.

—Hora de arrumar essa bagunça.—Falei baixinho olhando para a televisão e Louis apertou minha cintura sem motivo.—Ei!

—Na hora do meu desenho não.

—Que horas acaba essa mer...avilha?—isso mesmo. Meravilha. O olhar que Louis me deu é bom não arriscar chamando o desenho dele de merda.

—Daqui uns dez minutos.—Ele disse sorrindo como se não tivesse passado por sua cabeça segundos antes, uma maneira rápida e fácil de me jogar da janela.

—Está bem. Eu vou arrumando algumas coisas então.—Falei me levantando do sofá e Louis assentiu.

Comecei colocando água no vaso de rosas de Louis, mesmo achando estranho e fora do comum ele nunca jogar as rosas murchas fora. Coloquei o vaso em cima da bancada e depois veria um lugar melhor para colocá-lo. Peguei uma caixa mais leve e a levei para o quarto, deixando-a em cima da cama e a abri. Havia vários objetos, então fui espalhando-os em cima da cama. Alguns estavam muito empoeirados me fazendo espirrar de imeditado.

Sobrou apenas dois porta retratos virados com a foto para o fundo da caixa. Peguei um deles com cuidado e o virei. Na fotografia tinha uma moça muito bonita, linda aliás, segurando um garotinho no colo. Reconheci ser Louis pelos olhos pequenos. Peguei o outro porta retrato e tinha a mesma moça com o mesmo garotinho. Ela estava sorrindo para a foto e o menino estava com a boca suja de algo branco.

 Ela estava sorrindo para a foto e o menino estava com a boca suja de algo branco

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