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A vida não deveria ser assim. Na verdade muitas coisas não deveriam ser o que são, mas são.

Muitas coisas não deveriam acontecer mas acontecem. É aquela história clichê que tudo tem um acaso ou que "foi o destino". A gente escuta isso a vida toda e sempre se surpreende com esse tal de destino.

Uma vez eu li um texto onde dizia que morrer é ridículo e se você parar pra pensar, realmente é. As pessoas encerram suas vidas quando menos esperam.

Haviam festas para irem, sorrisos para darem, alegria para distribuírem e a energia positiva pra contagiar todo o resto. O tempo não para. O ciclo se repete e sempre vamos nos surpreender em como as coisas acontecem.

Seja no fato de sentar para almoçar e não terminar, ou talvez a rua que você atravessa sempre mas dessa vez não chegou nem na metade. Aquela ligação que ficou para depois e o depois nunca mais veio. Aquele livro que você precisava terminar e não sabe como acabou a história pois a sua acabou injustamente no meio do caminho.

Talvez tenha sido bobo viver uma vida que o fim é o mesmo para todos mas...A jornada não podia terminar assim, não acha? É como um livro que termina com uma frase inacabada e todo mundo se incomoda com o final, pois a expectativa foi totalmente diferente da realidade.

A gente vive uma vida cheia de incertezas sabendo que a única certeza é a morte.
Com o tempo a gente percebe que o tempo não é um ladrão por roubar horas, minutos e segundos com as pessoas que amamos. Primeiro ele dá e depois ele toma.

A verdade é que a gente não sabe aproveitar essa dádiva. E esse tal de amar hoje, dar valor hoje porque amanhã é tarde, não funciona com ninguém. A gente não ama hoje, não dá valor hoje por que temos certeza que amanhã teremos tempo...E o amanhã não chega.

Talvez pra mim ou pra pessoa que eu deveria ter dito o quanto ela era importante.
E de todas as histórias, a única coisa que as torna iguais, é a saudade.
A grande e dolorosa saudade.

É assim que me sinto desde quando Louis se foi. Sinto uma dor forte no peito todos dias, toda hora, a cada segundo. Tomo remédio pra amenizar mas não adianta. Não quis ir no médico pois hospitais me lembram Louis e me dói saber que não tenho mais ele comigo.

Agora estou aqui, de terno e gravata pronto para ir à premiação de hoje à noite. Encarando meu vaso de margaridas onde as cinzas de meu marido estão enterradas.

—Você não imagina a falta que faz...—Sussurrei passando o dedo sob uma das pétalas extremamente macias.—Hoje é a premiação de Ed e...Eu vou né? Por mais que esteja sendo difícil você me pediu para eu não deixar de viver e...Estou tentando entende? Espero que esteja orgulhoso de mim por eu estar ao menos...tentando.—Segurei as lágrimas e olhei para o céu fechando os olhos.

Olhei em meu relógio de pulso e já estava na hora de Zayn e Liam me buscarem. Desci lentamente a escada e abri a porta. Sai do apartamento e tranquei apertando o botão do elevador.

Não estou com a mínima vontade de ir, mas acompanhei Ed desde sempre e por mais que ele tenha dito que eu não precisava ir se não estivesse me sentindo bem, acho injusto não acompanhá-lo em uma de suas melhores conquistas.

O elevador parou no térreo e eu desci devagar, respirando fundo e já vendo Zayn me esperando para fora do carro. Sorri minimamente e entrei no carro. Zayn e Liam conversavam sobre algo que eu não prestei atenção pois estava ocupado demais olhando pela janela.

Chegamos no local e caminhamos para dentro rapidamente, procurando Niall e as garotas. Assim que os avistamos, sentamos nas cadeiras reservadas para nós.

—Como está?—Niall sussurrou assim que me sentei e eu encarei o chão antes de responder.

—Bem...—Sorri minimamente e ele continuou me olhando.—A vida tem que continuar né?—Sussurrei sentindo a mesma dor no peito.

You left longingOnde histórias criam vida. Descubra agora