Cap. 08 | Déjà-vu.

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Steve.

             Não acredito que estou fazendo isso.

             Era tudo que passava pela minha cabeça. Eu havia me arrumado e realmente me incomodado em não ir de qualquer jeito, eu escolhi um jeans escuro, uma camisa cinza e um blazer preto. É como se estivesse assinando meu próprio atestado de óbito. Como se estivesse indo para uma emboscada com total consciência. Me enroscaria em uma armadilha, na teia pegajosa e inescapável daViúva Negra. De onde eu jamais sairia bem, e se saísse.

              Como se estivesse indo direto para o Cavalo de Troia, já sabendo o que encontraria dentro da casca perfeita que era a aluna, lotada de guerreiros, invadindo até mesmo meus sonhos.

               Ok, ok, ela é só uma adolescente imprudente com desejo no professor e que parece adorar o perigo. Não é para tanto.

               Ou talvez seja...



               Lá estava ela novamente, sentada no mesmo banco, escorada sobre o mesmo balcão. Tão indefesa e benigna, enganaria qualquer um, com aquele sorriso delicado e o brilho nos olhos. Será que sou o único que enxerga que aquela garota é o Diabo encarnado?

               Maldita seja.

               Eu estava nas mãos daquela Diaba, eu sabia disso, estava ferrado. E algo dentro de mim estava adorando o perigo também.

               Mesmo que me recusasse a admitir. Mesmo que eu morresse negando tudo veementemente. Esse segredo, eu levo para o túmulo.

               Eu me aproximei e, como dá primeira vez, me sentei no banco ao lado dela. E novamente ela me avaliou, e aquilo me arrepiou, de novo. Meu corpo esquentou sob seu olhar e eu engoli em seco.

             Que merda está acontecendo? É como um déjà-vu sem fim.

               Eu notei que ela já havia pedido a bebida, vodka pura. Claro.

—Achei melhor pedir antes de você chegar, já que você não me deixaria pedir uma bebida.—

—Certamente não.— Eu respondi ríspido, sem nem olhar para ela.

—Whisky!— Ela disse ao barman, apontando para mim, indicando que a bebida não era para ela.

              Eu até tentei impedir, mas o cara já havia ido preparar a bebida, eu bufei.

—Não quero beber com você.— Meu tom foi seco e meus olhos acompanhavam os passos do barman. Ela expirou uma risada graciosamente. Logo ele me serviu. —Você vai pagar?— Eu apontei para a bebida a encarando. Ela sorriu sem me olhar.

—Não.— Eu bufei.

              Deixamos o silêncio tomar conta do ambiente, pude ouvir as risadas e o falatório nas outras mesas. Eu bebi de uma vez minha bebida, ela já pedia outro drink. Não me dei o trabalho de impedi-la. Eu deveria.

—Achei que não viria.— Foi ela quem quebrou o silêncio.

—Eu não viria.— Minha resposta veio de imediato, quando ela nem tinha terminado de falar, não me esforcei para ser educado. —O que você quer?— Me virei para encará-la.

—Beber com meu professor, talvez terminar a noite na cama dele, de novo.—

—Para de ser cínica!— Esbravejei, mais alto do que gostaria. —Porra...— Sussurrei para mim mesmo. Sempre fui tão controlado, odeio ficar tão tenso.

—Você é mais difícil do que eu imaginava.— Natasha bufou.

—Eu vim aqui, porque vou te fazer parar com essa brincadeira. Eu posso perder meu emprego por sua causa.— Eu avisei entre dentes.

—Você irritado me deixa muito molhada...— Ela sussurrou, possuindo um sorriso travesso nos lábios, seus olhos brilharam sob meu rosto, meu peito inflado e a mãos firmes sobre o copo. Onde ela olha, queima. Como ela faz isso?

—Porra, qual é o seu problema, garota? Você é uma irresponsável, egoísta e mimada.— Eu gruhui bagunçando meu cabelo com a mão direita.

—Ah, vamos lá, Senhor Rogers.— Um arrepio percorreu meu corpo com seu tom. Amava e odiava quando ela me chamava daquele jeito. —Se não quisesse o mesmo que eu, você poderia facilmente ir até a diretoria e pedir a minha transferência para outra turma.— Ela debochou levando o copo até a boca.

               Isso era frustrante. E ela estava certa, eu queria. E como queria. Mas meu orgulho era maior e eu não cederia. A insistência dela me irritava, a malícia em sua voz me irritava, seu sorriso convencido me irritava, o jeito dela me irritava, o que ela me fazia sentir... Ela me irritava.

               Eu podia acabar com isso, uma transferência e nada mais me perturbaria. Eu nunca mais a veria. Não na minha sala, pelo menos. Não teria com o que me preocupar. Mas eu ouvi o que os outros professores disseram. Por que eles ainda não fizeram isso? Ela é uma péssima aluna, mas surpreendentemente inteligente, constantemente na detenção.

—Você se insinua para muitos dos seus professores?—

—Só os que me interessam.— Seus lábios curvaram em um sorriso perverso, enquanto ela me fitava.

—Você é mesmo uma egoísta.— Eu bufei desviando o olhar para o meu copo quase vazio.

               Natasha sorriu, se inclinou sobre o meu banco, se aproximando um pouco e sussurrou no meu ouvido.

—Você quer me levar para sua cama, tanto quanto eu quero ir. Você é hipócrita demais, acha que eu sou cega? Que não vejo o jeito que o Senhor me olha? Acha que não sei o que faz quando mando mensagens para você? Ou que eu não sei que meu querido professor se toca pensando em mim? Você quer, Rogers. Eu sei que quer me foder de novo... porque se eu soubesse que não queria, eu teria desistido. Tem muitas pessoas querendo me levar para a cama. Eu sei quando alguém quer tanto quanto eu.— Ela sorriu, ainda sussurrando próximo ao meu ouvido. Não ousei me mover. —E você, meu caro Rogers, me foderia bem aqui, encima desse balcão, se não fosse tão medroso.—

 

               Ela se aproximou ainda mais da minha orelha, eu pude sentir sua respiração acariciar minha pele, um novo arrepio me ocorreu. O aroma floral me inebriou, a voz levemente rouca, sussurrou com um sotaque carregado em um tom tão doce e sensual que pude sentir diretamente no meu pau.

—Diga-me, Дорогая. Me diga que você não me quer, olhe nos meus olhos e diga que não me deseja, e eu vou embora e não lhe dirijo mais a palavra, a não ser que seja sobre a matéria. Diga, Steve, diga e eu te deixarei em paz.—

               A minha respiração estava pesada, eu não arriscaria virar o rosto. O ambiente foi tomado pelo silêncio, estava quente de repente. E eu me recusava a olhar para ela, então prendi meus olhos no outro lado do balcão. Natasha estava perto demais, me sufocando com seu perfume delicioso, me tocando com sua respiração, me paralisando com seu maldito tom baixo e delicado, minha pele coçava em cima da mão direita e do braço, onde seus fios vermelhos tocavam.

                Ela tinha feito uma pergunta. Qual era? Alguma coisa sobre parar. Diga, Steve, diga e ela vai deixá-lo em paz. É só dizer, e ainda assim minha boca não se moveu, eu percebi que era tarde demais quando ela se levantou. Natasha bebeu o último gole da sua bebida, deixou o dinheiro sobre a madeira tratada do balcão, e antes de ir embora, sussurrou mais uma vez no meu ouvido.

—Foi o que eu pensei.—

Dirty And Sinful Secret | Romanogers.Onde histórias criam vida. Descubra agora