PÁGINA 4

43 6 0
                                    

Algo na forma que esse sol está brilhando no meu rosto

Oceana.

— Oceana Moore Brown? Por favor, siga para a sala do Dr. Will.

Levanto preguiçosamente e caminho a passos de tartaruga até a sala de Will. Bato na porta e escuto um entre, abro e enfio somente a cabeça para dentro, observo sua sala com a mesma decoração chata de sempre, e logo passo meu corpo para dentro do ambiente refrescante pelo ar condicionado.

— Bom dia Dr. Will.— Lhe ofereço meu melhor sorriso.

— Bom dia, sente-se e vamos conversar como se sente, para depois ir fazer seu exame de ressonância.

Sento e embarcamos em uma conversa sobre dores e remédios.
Duas horas depois, saio de sua sala um pouco feliz por saber que dentro da minha cabeça está ocorrendo tudo bem. Antes de ir embora, decido ir até a cafeteira que há no corredor.

— Se metendo em confusão de novo menino?— Escuto uma voz calma soar de dentro de uma sala da enfermaria, próximo de onde estou.

— Não me meti em confusão Sara, eu preciso fazer essas coisas.— Ouço uma voz grossa e emburrada.

Espera, essa voz me é familiar. Com minha curiosidade do tamanho do mundo, sigo pé por pé até a fresta da porta de onde as vozes saem, e, me apoiando no batente, me inclino para poder ver o que há ali. Vejo Sara, uma enfermeira idosa daqui do hospital muito carismática, ela tampa meu campo de visão do homem machucado.

— Você tem que parar com isso menino, já é a quinta vez que chegas aqui assim. Só neste mês.— Sua voz soa preocupada.

— Não tenho como Sara, e a senhora sabe disso, é meu meio de ganhar dinheiro. Mas se te deixar tranquila, essa última luta te garanto que meu adversário ficou muito pior.

Sara ri alto, logo em seguida sendo acompanhada por uma risada rouca, o que me deixa arrepiada da cabeça aos pés. A mais velha se abaixa para pegar algo em uma gaveta e o que vejo me tira todo o fôlego.
É o homem dos olhos verdes. Penso, sentindo meu coração acelerar. Quando ele vira o rosto para o lado levo as mãos a boca, ele está todo machucado, parece que levou uns bons socos. Mas se ele está assim e disse que o adversário está pior, não consigo nem imaginar o quanto.

— O que você tanto olha garota curiosa?— Salto ao escutar a voz de Dr. Will atrás de mim.

Viro devagar e me afasto da fresta da porta com o rosto quente. Merda, fui pega no flagra.

— Nada, não estou olhando nada.— Ele se aproxima da porta e olha lá para dentro e sorri.

— Não me espanta você estar quase babando pelo garoto confusão. Todas ficam assim.— Diz e me olha com olhar zombeteiro.

— Ei, eu não estava babando nele, só estava vendo seus machucados. E também não sou "todas".— Faço aspas com as mãos.

— Oh ok, mas se não quiser ser pega é melhor ir indo pequena espiã, pois ele está vindo em nossa direção.

Olho para onde Dr. Will olha e vejo a porta sendo puxada para dentro.

— Ai, meu Deus. Tchau tio Will, até...até a próxima.— Falo e corro para fora após acenar, deixando o mais velho rindo de mim.

Talvez pela minha afobação ou por eu te-lo chamado igual chamava quando era criança e feliz.
Caminho a passos largos até o ponto de ônibus mais perto e espero, depois de alguns minutos esperando o mesmo, decido escutar algumas músicas. Com os fones nos ouvidos, fecho os olhos com a cabeça encostada na janela e fico cantando baixinho Hold up.

Com amor, da eternamente sua, Oceana.Onde histórias criam vida. Descubra agora