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Tem algo nesse lugar

Oceana.

Uma semana se passou desde a última vez em que vi Asher. Debruçada sobre o balcão da loja, me pergunto internamente o porque não trocamos número de celular. Talvez, seja pelo fato de estarmos em um fogo só todas as vezes em que nos encontramos. Um lado meu está preocupado pensando que pode ter acontecido algo grave, e o outro, está com raiva e magoado, pois depois do momento mais íntimo que tivemos, ele sumiu, se nos dias seguintes enquanto me olhava no espelho e não visse as marcas que ele me deixou, poderia muito bem pensar que tudo o que tivemos não passou de uma mera ilusão da minha cabeça.

— Ei? Moça, estou lhe chamando a alguns minutos. — Sobressalto.

— Oi, desculpe, estava com a mente longe. — Sorrio amarelo.

A minha frente, se encontra um rapaz de cabelos castanhos, olhos amendoados e vestido com camisa social azul e calças jeans escura. Ele é alto, diria um metro e oitenta, tem o corpo esguio, mas ao contrário do corpo esguio de Asher que é definido, o garoto a minha frente era magrinho. E lá vai minha mente me fazer pensar nele novamente.

— Sem problemas. —Abre um sorriso grande demais para seu rosto. — Eu gostaria de alugar alguns filmes.

— Claro, por aqui. — Sigo para as prateleiras do lado esquerdo e começo a mostrar todos os que temos. — Temos desde a letra A até a letra Z, de todos os gêneros. Por qual você procura?

— Vou querer dois filmes, um de romance e um de comédia.

Mostro para ele as prateleiras específicas e digo que estarei esperando no balcão. Enquanto o rapaz escolhe os filmes, entra na loja uma mulher de meia idade junto há uma garota adolescente.

— Boa tarde, o que desejam? — Mostro meu sorriso mais simpático.

— Boa tarde querida, eu gostaria de um álbum com todas as músicas da cantora Lesley Gore. — Fala a mais velha.

Me dirijo até onde os discos de vinis estão expostos para compra e procuro por Lesley Gore, uma cantora de pop rock dos anos oitenta. Quando acho, volto para o balcão e entrego o álbum a mulher a minha frente, falo o preço e ela logo me paga, pego o troco e a entrego.

— Obrigada e volte sempre. — Dou um tchauzinho que é retribuido por ambas.

— Você é bastante atenciosa com seus clientes. — Me viro para frente e vejo que o garoto de olhos amendoados já escolheu os filmes.

— Tenho que ser, se não acabo não vendendo nada. Escolheu os filmes?

— Claro, aqui estão. — Me entrega os dois e vejo o que escolheu, faço a soma dos valores dos filmes alugados e entrego novamente para ele junto com o dia de devolução. — Obrigado, prometo vir no dia certo de devolução.

Da uma piscada de olho em minha direção o que acaba me arrancando um sorriso, vejo ele ir até a porta e ir embora. Sigo o resto da tarde atendendo clientes educados e mal educados, rezando para o horário passar rápido e eu ir embora logo.

***
Abro a porta de casa e em recepção recebo somente o silêncio, mamãe ainda está na casa de praia com Gina e não sei quando volta, pelo visto elas gostaram de lá. Subo as escadas me arrastando de tanto cansaço, chegando no meu quarto, jogo minha bolsa com meus pertences de qualquer jeito em cima da cama e corro para o banheiro. Tomo um banho relaxante com meu sabonete de erva doce e saio renovada, como não tem ninguém em casa, saio pelada do banheiro e aproveito a corrente de vento que corre no corredor para me refrescar. Calor desgraçado.

Entro em meu quarto e pego meu hidratante corporal para passar, depois coloco uma camisola de seda, da cor rosa bebê, não visto calcinha. Desço as escadas e vou para a cozinha fazer algo para tapar o buraco de fome em meu estômago, para não ficar no completo silêncio, ligo a tv e coloco em um canal onde passa um filme qualquer. Já na cozinha, decido fazer uma macarronada com salsicha, preparo os ingredientes e deixo sobre a mesa, enquanto a água ferve na panela, eu corto tomate e cebola para fazer o molho.

Depois de uns minutos, com a massa na travessa de vidro sobre a mesa, jogo o molho por cima junto as salsichas e corro até a geladeira para pegar o suco de limão. Me sento sobre a cadeira e olho orgulhosa para a minha macarronada, que está super cheirosa me deixando com água na boca. Me sirvo com um prato cheio e em um copo sirvo o suco, hmm... Me delicio com as garfadas cheias que levo a boca. Após repetir mais uma vez, lavo e guardo tudo, deixando a cozinha limpa para não ter trabalho amanhã quando acordar.

Sento-me no sofá da sala e passo os canais até achar algo do meu agrado. Vendo um filme de comédia romântica, começo sentir o sono vir e meus olhos fecharem.

***
Abro os olhos e percebo que dormi no sofá, olho para a janela e ainda está noite fechada, levanto espreguiçando-me sentindo minhas costas estalarem. Apago a tv que já passa um programa que não faço a menor ideia do que seja, e vou para meu quarto. Sobre a cama, vejo meu celular com a tela ligada indicando que chegou mensagem, o pego e vejo que as onze e meia mamãe mandou um audio onde perguntava como estou e se não queria ir para lá. A respondo que estou bem e que não quero ir, até porque em minha cabeça essa viagem vai fazer Gina ter uma chance com mamãe. Não quero atrapalhar.

Deito em minha cama fofinha e puxo o cobertor ate o pescoço, sentindo o sono vir novamente, e quando estou quase dormindo, escuto batidas fortes na porta da sala. Levanto assustada e me encolho no canto da cama, fico em silêncio, e mais batidas são ouvidas, prendo a respiração. Será um ladrão?  Talvez.

Oceana, abre a porta. — Escuto uma voz de longe, que me é reconhecível de algum lugar.

Desço as escadas a passos lentos e calculados, vou até a porta que está fechada e olho pelo olho mágico, encontrando uma cabeleira desgrenhada. Asher.
Abro a porta rapidamente me perguntando o que ele está fazendo aqui a essa hora.

— Oi, o que faz aqui? Aconteceu algo?

Ash levanta a cabeça que estava abaixada e o que vejo me faz ter vontade de chorar. Seu rosto está todo machucado, um corte superficial em sua sobrancelha faz uma linha fina de sangue descer e pingar em sua camiseta branca, seu lábio um pouco inchado também tem um corte e, abaixo do seu olho esquerdo, há uma marca roxa.

— Precisava ver você.

Com amor, da eternamente sua, Oceana.Onde histórias criam vida. Descubra agora