PÁGINA 8

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Eu estou viciada nessa sensação

Oceana.

Enquanto mamãe toma banho, arrumo seu quarto, troco suas roupas de cama e faço uma pequena faxina.
Depois de alguns minutos, vou até o banheiro e já a encontro enrolada na toalha e seca, apoio mamãe pelo braço e a transfiro para sua cadeira de rodas do dia a dia, levo ela para o quarto e a deixo ali para se trocar.

— Vou fazer um bolo para tomarmos café.— Falo enquanto saio do quarto.

Chego na cozinha e pego tudo que irei precisar, decido fazer um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, um dos meus preferidos. Enquanto bato a massa, começo a relembrar do sonho que tive com um certo tatuado essa noite. Asher estava tão lindo no meu sonho, somente usando sua cueca boxer preta, deixando seu corpo pintado e forte a mostra, me fazendo salivar de vontade de passar a língua em cada pedacinho, contornar cada linha traçada de seus desenhos. Tão lindo.

Aperto as pernas, sinto-me começar a ficar molhada, do mesmo jeito em que acordei do sonho, molhada e soada. Pecado de homem. Após bater tudo, coloco em uma forma e depois dentro do forno. Faço a cobertura e deixo esfriando em cima da bancada.

Sigo para o quarto de Dona Estela e a vejo já vestida.

— Quer ir lá para baixo ou ficar aqui?

— Vamos lá embaixo, ai você já me conta como foi seu encontro ontem.- Merda.

— Não foi bem um encontro mãe.— Me aproximo dela e vamos para o corredor. Se ela soubesse a turbulência que foi ontem a noite...

Levo ela com cuidado pelos apoios de mão da cadeira e vamos para cozinha.

— Como é o nome dele?— Mamãe pergunta curiosa.

Mamãe, antes não dava a mínima atenção quando eu estava por perto, mas do nada ultimamente quer saber até a cor da minha calcinha. Mas eu gosto, essa atenção que ela me dá me faz bem, é como conviver com ela como era antes do papai ter partido.

— Asher.

— Bonito nome, conta mais. Se beijaram?— Levanta as sobrancelhas.

— Mãe, não. Na verdade ele me deu um selinho de despedida.

— Gostei dele, te respeitou. Trás ele aqui um dia para almoçar com nós.

— Um dia convido ele._ Falo e vou até o forno verificar o bolo. Como seria ter Asher em minha casa? Levaria ele para meu quarto? Mais especificamente, para minha cama?

Reviro os olhos, quando foi que fiquei com tantos pensamentos pervertidos em mente?

— Sabe Oceana, eu quero recuperar todo tempo perdido em que fiquei deitada me lamentando pela morte do seu pai. Esses dias comecei a pensar mais e vi que não estava exercendo meu papel de mãe. Você teve que se virar sozinha desde seus doze anos, teve que lidar sozinha ao descobrir que tem aneurisma e enfrentar todas as consultas e exames praticamente sozinha. Eu queria estar totalmente lá, de corpo e alma para lhe estender a mão, te abraçar e dizer que tudo iria ficar bem, queria te dar forças...mas, como eu iria lhe dar forças se nem eu mesma tinha as minhas? Me perdoa filha, por não ser a mãe que você precisava. Que você merecia ao seu lado todos esse anos.

Vou em sua direção e a abraço, mamãe chora e se treme em meus braços, a aperto mais forte e faço carinho em seus cabelos castanhos escuros.

— Tudo bem mãe, não há o que perdoar. Eu entendo que a senhora estava debilitada e entrou em um luto profundo, e com isso logo veio a depressão. Eu te amo, olha para mim. Eu te amo. Você me deu esse tempo todo o que podia oferecer, é claro que sentia falta de seus abraços e beijos, do seu carinho, mas tudo bem, cuidando da senhora eu aprendi a ser mais forte. Aprendi a ser forte por nós duas.— Levanto seu rosto novamente e seco suas lágrimas.— Não há nada para perdoar.—  Beijo-a na testa e sento em seu colo.

E assim ficamos naquele final de tarde, abraçadas e comendo bolo junto a uma xícara de café preto quente. O dia estava bonito lá fora, o céu meio alaranjado com algumas nuvens branquinhas, se destacavam no por do sol que cada vez ficava mais longe, dando espaço para a noite, que se estendia com sua linda escuridão junto a estrelas brilhantes, lhe dando um toque mais que especial.

Com amor, da eternamente sua, Oceana.Onde histórias criam vida. Descubra agora