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Você está me amando da  forma certa...

Oceana.

Viro de costas e caminho até seu closet que tem as portas abertas, entro e passo meus olhos por suas roupas separadas por cores. Certeza que não é ele quem arruma. Sei que ele me olha, sinto seus olhos queimarem meu corpo, por fim, escolho uma de suas várias camisetas largas pretas. A pego e tiro minha toalha, tento não me importar em saber que ele está me vendo nua, visto a camisa e deixo a toalha ao lado da sua estendida em uma cadeira.

Me viro para ele e encontro seus olhos fervorosos que sobem de minhas pernas para meu rosto. Caminho até a cama e me deito devagar ao seu lado, tapo-me com lençol e o edredom, fico encarando suas várias tatuagens.

— Saber que você está sem calcinha, somente com uma camisa minha em seu corpo, me faz ter vontade de te tocar.— Fala se ajeitando e deitando ao meu lado, de frente para mim.

Suspiro, estendo minha mão e passo pelo seu cabelo, é macio, desço para seus braços e contorno as várias linhas que ali se fazem presentes. Desço mais e passo meus dedos pela tatuagem á cima do quadril, que, desde o início, me chamou atenção.

— Acho melhor você dormir, ou terei que fode-la com força, e quero fazer as coisas com calma com você, Oceana.

— Tu...tudo bem.— Falo com a voz entre cortada. Por mais que eu quisesse que ele me tomasse em seus braços nesse momento, acho melhor irmos com calma.

Fecho os olhos e sinto o sono vir, deixo ele me levar para o outro lado do mundo, onde coisas impossíveis podem acontecer.

***
Acordo sentindo carícias em minhas pernas subindo e descendo, demoro para recobrar a consciência e ter uma noção do que está acontecendo. Olho para o meu lado e vejo Asher, dormindo. Olho para janela e vejo que está amanhecendo. Começo a ficar tensa, viro meu rosto devagar para trás com medo do que irei encontrar, mas respiro fundo ao ver que o motivo das carícias, são dois husky siberiano branco com preto me fazendo caricias com as patas. Me sento e olho para eles, que no mesmo momento param me encarando com olhares curiosos.

Sinto Asher se mexer ao meu lado, me viro para ele que abre os olhos e olha de eu para os cachorros, e dos cachorros para mim.

— Foi mal, achei que tinha trancando a porta do quarto. Mas pelo visto, não. 

Os dois animais ao escutar a voz do provável dono, correm até o outro lado da cama de encontro com Asher, se aproximam e lambem seu rosto. Como eu não vi eles antes?  Acho a cena fofa, dois cachorros enormes que parecem lobos fazendo carinho em um homem que também é enorme, e com cara de mal, não se vê por ai no dia a dia.

— São seus?

— Sim, meus e da minha mãe, eu decidi adotar eles ao notar que ela andava muito sozinha e chorando pelos cantos da casa. Pois meu "pai" prefere as amantes e a empresa do que nós.— Sorri amargo e faz aspas com os dedos na palavra pai. — Trouxe eles ontem aqui para o meu apartamento, para levá-los ao pet shop, a tarde irei levá-los para casa da minha mãe novamente.

— Sinto muito.— Me refiro ao seu pai. Logo estendo a mão para fazer carinho nos pelos macios de um deles. São tão macios.

— Não sinta. Quer café?— Pergunta mudando de assunto e se levantando.

— Não sei, tenho que ir embora logo.

— Uma xícara de café não faz mal a ninguém, e logo depois eu te levo. Não seja uma má pessoa em não aceitar meu café. Ficaria magoado.— Fala cínico.

— Ok, sua chantagem emocional me convenceu a ficar.— Sorrio, e vou para o banheiro trocar de roupa e pentear os meus cabelos. Afinal, não quero aparecer com cara de morta na cozinha do homem por quem estou apaixonada?... não sei.

Encontro uma escova de cabelos e arrumo meus cachos, em uma das gavetas da pia tem uma escova dental nova, a pego e passo a pasta logo a levando para dentro da boca. Asher entra no banheiro, pega sua escova, coloca pasta e sai novamente, minutos depois que estou enxaguando o rosto, ele volta, faz o mesmo e ao sair prensa seu quadril em minha bunda, propositalmente, o que me faz sentir sua ereção. Saio do banheiro sentindo minha intimidade latejar, pego os saltos na mão, pois meus pés estão doloridos.

— Deixa o sapato aí e vem, depois pegamos antes de ir.— Estende a mão e me guia pelo corredor.

Cada vez que nos aproximamos mais da cozinha, um frio na barriga me bate, respiro fundo ao perceber que vamos tomar café juntos. Asher me leva até o balcão onde tem aqueles bancos giratórios, da cor cinza. Logo ele segue para dentro da ilha da cozinha americana, com armários de inox combinando com sua grande geladeira que também é cinza. Essa casa não tem uma cor viva.

— Como gosta do seu café?— Ash me tira dos meus pensamentos.

— Gosto dele médio, e doce.— Falo e observo ele fazer uma careta.

— Doce. Combina com você, pequeno Oceano.— Sorrio espontaneamente, gosto quando ele me chama assim.

Vejo ele pegar duas xícaras brancas com pires e posicionar em cima do balcão, em uma coloca o café nem muito forte e nem muito fraco, o adoçando com açúcar. Em outra, ele derrama o líquido preto do café bem escuto, forte, e o leva aos lábios, fazendo uma cara de satisfação.

— Sem açúcar é melhor.— Diz e me entrega a minha xícara, a levo aos lábios e aprecio o café quentinho e doce. Do jeito que eu gosto.

— Tomar café sem açúcar é igual tomar água do inferno, arde a garganta e deixa a boca amarga.— Falo e o vejo solta um riso espontâneo. Ele tem um sorriso tão lindo. Droga, ele é tão lindo.

— Talvez eu seja o próprio diabo então.— Me olha maliciosamente.

— É, talvez.

E assim, terminamos nosso primeiro café da manhã, juntos. Nos encarando intensamente, como se mais nada importa-se, como se o mundo lá fora não existisse. Somente nós dois, em nossa bolha de desejos e pecados.

Ah Asher, como eu adorava tomar café com você.

Com amor, da eternamente sua, Oceana.Onde histórias criam vida. Descubra agora