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Não há nada, não há nada se você...

Asher.

Após sair da casa da minha mãe, segui para meu apartamento e fiquei de bobeira a tarde toda fumando cigarro e coçando o saco. Até o filho da puta do Duzz me mandar mensagem pedindo para levar seu carro, pois tinha uns compromissos e não gostava de andar de moto. Sigo até sua casa rapidamente.

Como vim parar aqui? Essa pergunta fica rondando minha cabeça ao encarar a porta de Oceana, eu sabia que ela morava alguns minutos da distância de Duzz, e isso fez com que automaticamente eu dirigisse em direção a sua casa e bater em sua porta. Encosto na parede do lado da porta ao perceber os movimentos de passos do lado de dentro, até que a porta se abre e prendo a respiração, pensando se deveria ir embora e não a encomodar com a minha presença, mas de repente, minha voz sai da porra da minha boca sem eu perceber, a chamando.

Linda pra cacete. Oceana me olha e sinto um frio no estômago. Caralho. Apesar da sensação ser boa, eu tenho medo do que pode acontecer daqui para frente entre nós dois. Ela me chama para entrar e eu logo aceito, me diz que sua mãe não está em casa e respiro aliviado. Não estava pronto para conhecer alguém de sua família. Até que ela me chama para ver um filme com ela, e comer pizza, uma coisa que nunca pensei em fazer com uma garota. Ela é... diferente.

Enquanto ela vai para o quarto, pego o celular para encomendar a pizza em uma pizzaria que fica aqui perto, Duzz sempre vai lá e me arrasta junto. Olho para trás e a analiso, está de shorts jeans contornando suas pernas torneadas, e perdido com meu olhar em seu corpo, vejo ela fazer leves movimentos com os quadris, o que me leva direto para noite da boate, onde ela dançava grudada ao meu corpo, seu corpo quente e macio me enche de água na boca. Ela some pela porta, me deixando aqui em baixo, louco de tesão por ela. Porra.

Decido fazer logo o pedido para distrair a mente, ou iria atrás dela agora mesmo. Com a encomenda feita, espero por Oceana sentado no sofá, sonhando acordado, com o dia que ela irá cavalgar em cima de mim.

— Demorei?— Dou um sobressalto, não há vi chegar.

— Não, a pizza chega em poucos minutos._ Me sento direito e observo ela se acomodar ao meu lado.

— Ótimo, o que vamos assistir?

— Nada de romance, ou filmes dramáticos.— Faço uma careta. Ela ri, linda.

— Ah, romance é bom.— Faz o famoso biquinho manhoso, que eu não gostava em outras garotas, mas nela, fica perfeito.

— Não, no final alguém sempre morre, é ruim.

— Esses são os melhores, por que você sabe né, os verdadeiros amores são aqueles que se amam até mesmo depois da morte.— Sua fala fica na minha cabeça e entra em meu coração, que por muito tempo, achei que nem estava mais ali, nos últimos anos ele só bombeava meu sangue, mas hoje ele acelerou de um jeito que me deixou como um garotinho assustado.

— Ok. Como eu escolhi os sabores da pizza, acho justo você escolher um filme.— Falo, para sair daquele assunto que me deixava estranho.

—Sério?— Ela sorri abertamente.

Aceno com a cabeça e inesperadamente, recebo um beijo na bochecha, o que faz minhas palmas soarem e o frio na barriga voltar. Cacete. Vejo como ela fica contente enquanto procura filmes pela categoria de romance, e antes de dar play em um que ela escolheu, a campainha toca. A pizza chegou. Levanto e vou até lá. Abro a porta e pego a encomenda, logo pagando o entregador.

Volto para dentro e não encontro Oceana, posiciono a caixa em cima da mesinha de vidro que tem no centro da sala, em frente a tv, e olho para o lado vendo ela vir com copos de refrigerante. E só agora percebo a sua roupa, um vestido florido curtinho e solto, seus cabelos cacheados balançam com a brisa morna que entra pela janela, e como já anoiteceu, a lua reflete pela janela da sala iluminado o ambiente que está com as luzes apagadas, deixando a visão que tenho dela perfeita, ou até mais que isso. Extraordinária. E quando ela chega perto de onde estou e agacha para colocar os copos ao lado da pizza, se sentando no chão, ela me chama com um sorriso carinhoso no rosto. Sento ao lado dela, e esse momento, eu vou guardar para o resto da minha vida em minha memória, pois não quero esquecer o quanto, ela me faz bem.

***
— A eu não acredito que ela vai fazer isso cara.— Falo puto da vida.

— Quando vi pela primeira vez também não acreditei, mas te garanto, tudo irá ficar bem.— Oceana fala e faz um cafuné em meus cabelos.

Estou deitado em seu colo, com a cabeça em suas coxas enquanto ela passa os dedos em meus fios escuros. Como fomos parar assim? Eu não sei. Mas me sinto em casa.

— Já está me dando nos nervos essa garota aí. O cara foi para o exército e disse para ficarem trocando cartas, que eles iriam se encontrar de novo. Mas aí, a otária vai se casar com outro cara só por que ele tá doente e tem um filho? Inacreditável.

— As vezes fazemos coisas impensadas. Mas acho que ela fez por uma boa causa. E eles ainda se amam.— Eu gosto quando ela fala de amor, ela parece entender.

Ficamos em silêncio até o filme Querido Jonh acabar. Até que gostei, não tem um final específico, eles somente se encontram em uma cafeteria e acaba, dando a chance para cada um que ver o filme, decidir um final para eles.

— Gostei.

— Eu sabia que você iria gostar, me baseei na escolha do filme me lembrando dos livros que você gosta de ler.— Ual. Que atenciosa.

— Acho que está ficando tarde. É melhor eu ir.— Falo e olho para o relógio próximo a tv, na estante. São dez e quarenta e cinco.

— Não quer ficar? Dorme aqui.— Olho para ela que ao encontrar meu olhar, abaixa os seus, tímida.—  Se quiser.— Acrescenta, envergonhada brincando com os dedos da sua mão.

— Eu quero.

Com amor, da eternamente sua, Oceana.Onde histórias criam vida. Descubra agora