ANGEL BETTENCOURT -
É UMA JOVEM MÃE SOLTEIRA, QUE PASSA MUITAS DIFICULDADES PARA SUSTENTAR OS SEUS DOIS FILHOS GÊMEOS.
SOFRE PERSEGUIÇÃO POR PARTE DO SEU EX NAMORADO, QUE A ACUSA DE TRAIÇÃO... E POR CAUSA DISSO ELA NÃO CONSEGUE ARRANJAR UM EMPREGO...
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Ao longe, em meio à escuridão do quarto, observava impotente a cena desoladora que desenrolava mesmo à minha frente . Observava, sem poder desviar o olhar, o Victor se entregando com loucura para outra mulher, as imagens invadiam a minha mente como lâminas afiadas.
A devastação devorava a minha alma,uma dor imensurável esvaia os meus ossos.Cada respiração tornou-se em um pesado fardo, o chão desapareceu sob meus pés. Era como se o mundo inteiro desmoronasse ao meu redor, deixando-me em um abismo de dor e desespero. Por mais que tentasse fugir,os meus pés não me obedeciam .
As correntes invisíveis que me faziam cativa daquela cena angustiante, eram como grilhões que me arrastavam cruelmente para a beira de um precipício . Os meus sentidos estavam envoltos em uma trama confusa, e essa confusão por consequência se tornou em uma prisão para mim." Preciso sair daqui , oh Deus, me ajuda , me ajuda por favor!" Implorava mentalmente enquanto tentava desesperadamente sair dali ,para poder lamber as minhas feridas em paz . Estava andando de costas para garantir que não era vista, quando senti uma enorme mão pousando em meu ombro, involuntariamente soltei um enorme e assustador grito .
--Calma Angel , você vai acordar a casa toda ! Falou uma voz conhecida ,abri os olhos, e quase voltei a gritar de novo ao me deparar com um par de profundos olhos azuis que me fitavam intensamente. Os mesmos olhos do monstro que a instante povoava os meus pesadelos .
--Ai, Victor ! Exclamei sentando-me na cama com o meu coração martelando no peito com o eco da aflição vivida, Sentindo-me perdida na turva fronteira entre sonho e realidade.
-- Assustei você bella ? Perguntou com voz rouca enquanto me encarava com os olhos semicerrados.
--Hum , claro né ?! O que você faz aí ? Perguntei colocando uma mão sobre o coração.
--Lamento, não era a minha intenção... Enquanto ele falava eu , olhei disfarçadamente para o relógio que marcava já 4:43 da manhã e recordei da sua conversa , com o Fernando " hoje eu quero foder muito" disse ele. "Cachorro, bandido , vagabundo." A indignação crescia dentro de mim como um fogo queimando silenciosamente, alimentado pelas palavras cruéis que tinha ouvido . Minha mente tumultuada lutava para digerir a realidade de que ele tinha passado a noite com uma ou mais mulheres . Era difícil admitir até para mim mesma , mas estava morrendo de ciúmes , especialmente agora depois do sonho/ pesadelo que tinha tido com ele . Evitava olhar -lhe nos olhos, temendo que minha expressão traísse a tempestade de emoções que ia no meu interior. O silêncio que ecoava no quarto era muito mais alto do que qualquer palavra gritada. Enquanto viajava em meio a todo essa alucinação sem sentido , uma palavra que ele falou , me fez aterrizar bruscamente como uma pedra no charco.
--Aconteceu alguma coisa com as crianças? Perguntei, mudando abruptamente toda a minha atenção para os meus filhos,deixando o meu papel de mãe sobrepor ao meu papel de mulher ferida.
