A maldição

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Faltam 6 capítulos para o fim do livro.

Capítulo XXII

Rubi

   A guerra não é bonita. Membros espalhados, pessoas gritando, sangue e lama para toda a parte, essa é minha visão enquanto destroço meus inimigos, sinto sangue e restos mortais em minha boca e embaixo de minhas patas.
   Ah dois dias a guerra começou e ainda não acabou, não durmo desde nossa emboscada com as flechas enfeitiçadas e luto sem parar. O dia começa a amanhecer, o terceiro dia sangrento começa. Não sei onde está meus familiares e amigos, meu pai e Brad sumiram logo no começo do primeiro dia, Thoren de vez enquanto aparece e luta do meu lado, assim como os outros lideres, reis e rainhas aliados nossos, mas logo os deixo para trás.

     -Rubi, abaixa!- Obedeço e abaixo meu corpo deslizando na lama, uma lança passa por cima de meu corpo e acerta um ogro que estava atrás de mim, levanto o olhar para encontrar o supremo me encarando, seu corpo banhado de sangue e ferimentos leves, não o  agradeço, mas também não me afasto,fico lutando ao seu lado. Meus membros tremem, o cansaço começa a me afetar mais e não só fui eu que notei.

-Cansada, irmã? - Escuto e rosno com raiva a procurando com o olhar encontrando apenas escuridão me cercando,  não consigo escutar a luta ao meu redor nem ve-los, apenas escuridão infinita me encara de volta, sarcástica e debochada com um toque de maldade. Volto a minha forma humana e espero o golpe, qualquer coisa enquanto luto para voltar ao mundo real, arranho e mordo a grande névoa em forma de muro que cobre minha mente.

-É tão sua cara se esconder atrás de joguinhos mentais...-Murmúro rindo baixo

-Calada...-Sibila baixo.

-Ah, vamos lá, está tão fraca ao ponto de não lutar pessoalmente? Só uma covarde para deixar seus soldados morrerem em seu lugar.

-Estou forte ainda enquanto você perde suas forças com simples peões - Agora quem ri é ela, ela está perto e se aproxima mais - Fraca o suficiente para que eu consiga entrar em sua cabecinha e consiga fazer isso, para uma líder, você é tão, tão burra, irmã. - Sinto um peso em meus braços me puxando para baixo, mãos escapam do chão e agarram minhas pernas me puxando para baixo,  luto, mas caio de joelhos no chão, grunhindo e rosnando.

-Covarde...-Digo assim que ela surge em minha frente, segurando suas duas adagas envenenadas, o líquido negro escorre pelas lâminas e caem em gotas no chão, escuto o pingar e me debato contra os braços, em vão.

-Sou inteligente, ora, convenhamos... - Me rodeia passando sua lâmina em meu rosto que arde pela toxina mortal - Você, apesar de ser burra, é forte, uma luta com você corpo a corpo e poder contra poder seria minha ruína, eu não sobreviveria muito. Então te cansei, matei seu precioso guardião...- para atrás de mim e se abaixa até ficar da altura de meu ouvido - te deixei fraca -Sussurra como se fosse um segredo e ri de novo se levantando e parando a minha frente - E agora tudo vai se encaixar, todas as mortes finalmente darão em algum lugar -Levanta as adagas, uma fica acima de meu coração e outra no meu pescoço -Finalmente terei o meu trono...

-Quero ver tentar!-Desafio em um sibilo e ela sorri, para logo gritar de dor e fúria, ela tropeça para trás e em um piscar de olhos a névoa e escuridão somem dando lugar ao campo de batalha. Seres morriam ao meu redor, a luz me cega por um momento e então eu vejo, Treva se afastando com as mãos na lateral do corpo e atrás dela, com uma espada em mãos, está o supremo.

-Seu merdinha mortal...- Ladra ela e então eu tropeço para frente, não ah braços me segurando e nem peso incomum me puxando para baixo, uma mão se fecha em meu braço e me puxa para cima, tropeço e levanto.

-Prometi cuidar de sua retaguarda, filha da lua. -Diz pra mim ainda com os olhos em Trevas que rosnava.

-Não devia ter feito isso...-Sussurro antes do mundo explodir em nossa direção.





Estou no chão, seguro com força o supremo e aguento o ataque com os dentes cerrados, não demora muito e posso respirar normalmente sem o ataque em minhas costas.

-Quem você acha que é perto de mim para me atacar?

-Puta que pariu...-Murmura embaixo de mim, não respondo, outro ataque me atinge e rosno.

-Irmãzinha acha que consegue protege-lo para sempre? -Não respondo, um ataque mais duro, estremeço - RESPONDA, SUA MEGERA!

Com meu silêncio, ela ri, uma risada baixa e que me arrepia os pelos.

-O primogênito nascerá em uma lua azul, no terceiro dia do terceiro mês e será perseguido e morto pelo terceiro demônio da terceira geração de ceifadores, não haverá deus capaz de socorrê-lo, essa é sua maldição, seu castigo por se meter em coisas maiores que você supreminho... -Lanço uma onda de poder em sua direção, mas ela já não está lá. Me levanto com dificuldades e encontro o rosto livido do supremo.

-Minha mulher, meus filhotes!-Diz, os olhos arregalados, o seguro antes que faça o que pretende fazer.

-Espere, eu te levarei, demoraremos menos. RECUAR! -Ordeno, minha ordem é repassada e logo estamos recuando, o inimigo junto, os dois lados estão bem afetados e aproveitaram ao máximo esse momento. Nos levantamos e antes que eu faça um movimento ela está do meu lado, Kasida abaixa sua cabeça para que eu suba, piso em seus chifres e logo estou em seu flanco. -Vamos - Chamo o supremo que também sobe, suas mãos calejadas seguram meus ombros com força quando atiço minha Rufrus a correr.

-Seremos rápidos, voltaremos antes de anoitecer, Thoren  ficara no comando junto com os outros lideres, Sif, Garat e Turo estarão rondando para proteger o acampamento, Clarisse e Juan começarão a curar os feridos.

-Rubi...tem certeza? você está fraca.-Thoren se aproxima me encarando com seus olhos atentos, forço um sorriso e ponho minhas mãos trêmulas para trás as escondendo.

-Ficarei bem, isso é mais importante. -Respondo simplesmente antes de agarrar o braço de um impaciente Augusto que andava de um lado para o outro na tenda, sinto o aperto, o remexer e então estou no chão, arfando e tremendo, um grito surpreso e logo Augusto estava abraçando e beijando sua companheira que tremia em seus braços.

-Eu senti!-Soluça a fêmea com as mãos por cima de sua grande barriga, me sento no chão e passo as mãos trêmulas pelo rosto controlando a ânsia de vômito que subia.

-Me desculpe, eu deveria proteger nossos filhotes e acabei sendo o causador de uma maldição no nosso filhote, me desculpe. -As pernas no supremo tremem e logo ele está de joelhos na frente de sua fêmea.

-Seu companheiro salvou minha vida, Mirela, eu lhe devo muito e por isso eu vim aqui. - A atenção do casal se volta para mim e suspiro quando forço meu corpo a se levantar.  -Eu posso alterar a maldição.

Entardecer ⊶Rejeitada Pelo Alpha⊶ 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐2Onde histórias criam vida. Descubra agora