Epilogo

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Duas semanas se passaram.

Logo depois que ambas as irmãs caíram em campo de batalha, sangrando juntas e com lágrimas nos olhos, o mundo parou, um silêncio tenso se fez em todo o mundo por um minuto inteiro, todos observavam em choque as feridas de ambas as deusas se fecharem, mas uma sumiu em uma fumaça prateada, enquanto a outra puxou o ar com força e voltou a respirar, então o mundo voltou a girar.

Safira voltou a vida, não mais como escolhida das trevas, mas sim como a da Luz que se libertou de sua prisão feita pela irmã. Já Rubi...sumiu, sem vestígios, sem nada deixado para trás, apenas sumiu em poeira prateada, levando consigo demônios que cairam no chão, gritando de dor e muchando como uma fruta podre, morrendo um por um. Os inimigos se entregaram, e a paz voltou. Ou o começo de uma.

Dereck observava a escultura que ele havia mandado fazer, feita de pedra branca e porcelana, o rosto alegre da fêmea sorria para todos enquanto esticava as mãos a frente, acolhedora, amorosa, mãe, amante, irmã, amiga. Era Rubi ali, olhando para todos com seu sorriso calmo e os olhos que escondiam mil e uma ideias, não era Lua, mas sim Rubi, a garota que nascerá e crescerá naquela alcatéia, se sofrerá e lutará por eles, por todos eles, wue sacrificou a própria vida, o próprio amor, para que todos vivessem.

—Nunca a superarei...–Uma voz rouca fala atrás de si, Dereck suspira confirmando com a cabeça.

—Acho que ninguém a superará...–Responde e o feérico se põe ao seu lado, olheiras abaixo dos olhos claros, estava tão abatido quanto qualquer outro, feliz pela vitoria, mas devastado pela consequência. Sua Rubi. Ele estica a mão, tocando com as pontas do dedo as mãos estendidas da fêmea, lágrimas ja nascendo de novo.

—Eu a amava, mais que tudo, eu a amava.  Eu queria deixar meu trono por ela, mas ela não deixou, ela havia me beijado e falado para que eu fizesse o certo. Então eu fui embora, virei rei. E quando a reencontro, ela morre, por mim, por todos nós. Eu deveria ter feito-a minha rainha... ela governaria com tanta sabedoria...seria uma rainha perfeita.

—Ela seria sim...–Acena o alpha com um aperto no peito, ele não estava sozinho, ele tinha Sulina, a loba havia pedido para ficar na alcatéia, para ficar com ele. Não, ele não estava sozinho, mas o feérico ao seu lado estava, e a dor e perca nos seus olhos deixavam aquilo explícito.

—Por que a rejeitou...?–A pergunta o surpreende, mas não ha maldade, nem raiva, na voz do rei que alisa a mão da escultura.

—Eu era jovem...irresponsável e estava com raiva de Rubi, quando eramos crianças, ela se transformou antes do tempo, os anciões falaram que seu corpo não suportaria e ela morreria. Mas ela aguentou, aguentou e sobreviveu, no dia seguinte, metade dos guardas estavam machucados seriamente, eu não sabia porque e queria que ela me contasse, eu a irritei, e ela me atacou. Eu acumulei tanta raiva dela desde aquele dia, coloquei na minha cabeça que ela tinha me humilhado e que cabia a mim devolver o favor todos os dias depois desse. Eu era tão imaturo, não percebi o que ela estava passando, o que tanto poder fazia com ela, a destruindo, o quanto ela tinha medo de machucar mais pessoas como havia feito e mal se trasformava na frente dos outros. E quando eu senti nossa ligação, eu pensei que era um castigo, um maldito castigo por me ligar a ela, a mulher que havia me humilhado e machucado. Então a rejeitei, e me arrependi no mesmo momento,eu vi a dor, a raiva,a magoa, tudo apareceu nos olhos dela. E eu me senti o pior macho do mundo por faze-la triste. Eu não me perdoei até hoje por isso, ela me perdoou, mas eu não.–Balança a cabeça em desapontamento —Eu nunca vou esquecer. –Suspira pesadamente.

—Tomamos escolhas que mudaram nossas vidas e a de Rubi,  mas não acho que se tivessemos feito diferente, iria mudar o que acontece agora. Rubi escolheu tudo isso, ela escolheu o custo.

—De fato!–Uma voz feminina e doce diz atrás de ambos os machos, que se viram em sicronia, olhos e bocas arregalados. A frente deles, acompanhada de Matheus, está Lua, sorrindo amavelmente para ambos. —Também senti saudades...–Fala e logo é esmagada em um abraço.

   Thoren a abraça, puxando-a contra seu corpo e aspirando o cheiro de morango de seus cabelos. Ele soluça, sem se importar com quem está vendo.

—Você está aqui.–Sussura com voz estrangulada e abafada, por estar com a cabeça enterrada no pescoço de Rubi.

—Estou...estou aqui, meu bem.–Responde calma e acariciando as costas do macho, mas de seus olhos, suas proprias lágrimas escapam. Thoren se afasta, mas não deixa de toca-la.

—Você tinha morrido, eu ouvi seu coração para de bater, eu a senti morrer, Rubi!–Diz com a expressão de dor e descrença no rosto, a fêmea levanta a mão, acaria o rosto do macho levemente, bem na maçã, e responde.

—Eu morri, você tem razão...Mas para que a profecia se cumprisse, eu precisava morrer, e precisava tirar sangue de Safira  no mesmo momento que ela me apunhalasse, no momento que a profecia se cumpriu, eu vivi, mas fui enviada para o reino acima, onde me recuperei, conduzi a condenação de minha irmã, e outras coisas.–Ri baixo e da de ombros, um gesto casual, mas que mesmo assim demonstra em graciosidade mortal todo o poder contido em seus ossos inquebráveis por qualquer ser que não outro deus.

—Então...–Dereck finalmente se pronuncia, dando um passo a frente e recebendo a atenção dos dois glóbulos azuis. —Você voltou de vez?

—De vez? Não...Infelizmente não. Eu me tornei Lua, e mesmo podendo viver entra vocês, ainda não conseguiria ficar aqui o tempo todo. Talvez eu faça uma cabana para mim nas extremidades da alcatéia, isso se você permitir, é claro.–Responde sorrindo de leve.

—Isso tudo é seu, faça o que quiser.–É sua resposta do alpha que põe as mãos nos bolsos da calça, um sorriso leve nascendo no rosto.

—E talvez...–Continua, as faces agora tomando um pequeno tom rósea—Eu poderia fazer uma cabana nas extremidades do reino das luzes, isso se me permitir, é claro...–Olhos de deusa e feéricos brilham.

—Esse mundo inteiro é seu –Responde o macho, e logo completa —Faça dele o que quiser. –Felicidade genuina é o que brilha nos olhos de ambos por um momento. Até Matheus coçar a garganta atrás do grupo.

—Preciso ir...–Diz a fêmea, dando um leve passo para frente, para ficar mais proxima a Thoren.

—Você volta?–Pergunta o macho, colocando uma mecha de cabelo prateado para trás da orelha de Lua, wue concorda.

—Voltarei. Hoje é meu aniversário, esqueceu?–Sorri sapeca,  a noite teria uma comemoração a troca de fase da lua.

—Terei de me virar para conseguir tantos presentes para você para todos os aniversários que fará em cada ano de agora em diante. –Murmura o macho, os olhos brilhando, ela ri baixinho, balançando a cabeça.

—Não quero nada, ja tenho tudo que preciso.–Rwsponde antes de se inclinar e beijar os lábios dele devagar, um selinho demorado, quando se separam, ela sorri largamente —Eu tenho você. E paz.–Anuncia ja andando de costas, um vento fantasma faz seu capuz branco subir e cobrir seu rosto.

—Para sempre.–Responde o rei, amor dançando nos olhos.

—Me esperem para o jantar!–Diz a fêmea antes de piscar um olho para o alpha, e sumir junto do guardião.

Ambos os machos se encaram, sorrindo um para o outro. Sim, o começo da paz, de fato. E eles fariam fazer valer a pena. Cada mísero segundo, cada parte dada e tomada, cada redenção, cada custo e consequências. Tudo valeria a pena.

Pois estava começando a anoitecer, e a lua logo subiria aos céus com toda sua plenitude e poder.

Ao anoitecer...

Entardecer ⊶Rejeitada Pelo Alpha⊶ 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐2Onde histórias criam vida. Descubra agora