Reversão

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Faltam 5 capítulos para o fim do livro...

Capítulo XXIII

Rubi narrando

-Como assim? -Pergunta em um sussurro, engulo em seco sentindo minha garganta arranhar.

-Não posso anular uma maldição feita por minha irmã,  mas...com concentração e poder o suficiente eu posso alterá-la, o suficiente para que ele tenha uma chance de sobreviver - Encaro os olhos marejados da fêmea que normalmente é sorridente e sei que ela será uma ótima mãe, volto meu olhar para o macho - Uma chance de vida por outra, supremo... -Tropeço em meus próprios pés ao me aproximar e quase vou ao chão, sua mão me impede.

-Você está fraca...-Começa quando meu nariz começa a escorrer, fungo sentindo o cheiro metálico e o gosto de sangue na boca.

-Não teremos outra chance...-Passo o dorso da mão no nariz observando com calma o sangue que a mancha - Sou a única chance de seu filho. -Falo e ele me solta depois de ter certeza que não cairei, ele escolhe o filho ao acenar com a cabeça, que pai que ama não escolheria? -Posso?-Pergunto apontando para a redonda barriga da fêmea, ela passa a mão por ela a alisando e mesmo hesitando, confirma com a cabeça, me aproximo devagar, o olhar de Augusto sobre mim perto de sua mulher me acompanhando, a superproteção dos lobos...

Minha mão paira acima de sua barriga, mas não encosto, meu cenho se franze.

-Onde está você, bebê...?-Procuro passando minha mão no tamanho até parar do lado esquerdo um pouco abaixo do umbigo -Achei...Milena, acho melhor você sentar. Seus pés parecem duas bolas, sem ofensas. -Minha resposta é sua risada contagiante.

-Eu pego.-Augusto age rápido e logo a grávida está sentada em um banco, solto um gemido dolorido ao me ajoelhar a frente, masageio minha testa por um momento e suspiro.

-Tentarei ser o mais rápida possível.- Estendo a mão esquerda e com as pontas dos dedos toco sua barriga, ela estremece e fala dos meus dedos frios com uma risada tensa. Alongo o pescoço e com a outra mão me apoio no chão.

-Vai doer?-Ela me pergunta baixo, de escanteio vejo o supremo tencionar.

-Não em você.-Respondo simplesmente.

-Em meu filho?!-Tenta se afastar, mas um vento a deixa no lugar.

-Também não, relaxe, Mi...Augusto, se qualquer coisa acontecer, não deixe que eu me afaste de sua esposa, tudo bem?-Pergunto com o olhar fixo na barriga saliente.

-Tudo bem...-Responde lentamente -Se nem minha mulher e nem meu filho sentirá nada...quem sentirá?

-Eu.-Falo antes de me ligar a escuridão que roda o pequeno filhote que dorme calmamente com seus irmãos, sinto a dor subir lentamente pelos meus dedos, como brasas de um fogo recém apagado, arfo, mas não paro.

-O primogênito nascerá em uma lua azul, no terceiro dia do terceiro mês... -Começo devagar proferindo as mesmas palavras de minha irmã- e será perseguido - Arfo quando meu braço inteiro começa a estremecer -pelo terceiro demônio da terceira geração de ceifadores, - Consigo ouvir Augusto me perguntando do porque eu estar falando a mesma coisa que Treva, mas o ignoro - não haverá deus capaz de socorrê-lo -Paro nessa frase, meu corpo estremecendo - Mas haverá alguém, alguém capaz de matar esse demônio, alguém que o protegerá- Abaixo meu olhar para os medalhões que balançam em meu pescoço - Um guardião, alguém com imenso poder contra demônios lhe ajudará e assim lhe dará uma chance de viver , essa é minha reversão, meu presente ao supremo por se por a frente da morte para me salvar, ninguém poderá reverter o que aqui foi anunciado... -Caio para trás e estremeço me afastando, Augusto não perde tempo ao se aproximar da mulher que estremece e chora dizendo baixo que está bem. Me arrasto pelo chão com a ajuda do braço direito até encontrar a parede, fico sentada, estremecendo com dor com os olhos fechados, o maxilar trincado para não gritar e lágrimas quentes escorrendo pelo rosto, fico em silêncio enquanto o casal se abraçam.

  Não sei quantos minutos passam, mas continuo calada segurando o grito de dor, abro os olhos quando sinto uma mão em meu ombro.

-Rubi...-Augusto me chama, seu olhar demonstra preocupação e agradecimento, continuo o encarando sem responder, meus dentes rangem baixo.

-Querido, ela esta ficando vermelha...ela não está respirando! -Milena solta um gritinho e se aproxima visivelmente preocupada, estremeço fortemente contra a parede e aperto ainda mais meus dentes.

-Rubi, você precisa respirar, puxe devagar e solte, ok? --Suas mãos tocam meu rosto e então seu olhar se abaixa, encontrando meu braço esquerdo, seus olhos se arregalam lentamente -Pelos céus! -Exclama e então o supremo também  nota meu braço, ele xinga alto e em bom som, estremeço novamente, dessa vez mais intensamente.

-Vamos!-Consigo falar em um sibilo, o macho me olha surpreso -Não temos tempo...precisamos voltar agora . Imediatamente. - Ele acena com a cabeça sabendo que não irei deixar que cuidem de mim agora e se levanta, abraça a fêmea e a beija prometendo logo em seguida que iria retornar para a mesma, olho para um canto da sala onde estamos e sorrio lentamente, fecho os olhos e forço o corpo para cima, meu braço esquerdo pende e balança para frente e para trás fazendo ondas de dor quase me derrubarem ao chão novamente, estico minha mão para o macho que a segura depois de dar outro beijo em sua mulher.

-Ele volta- digo olhando para a fêmea que sorri. O aperto, a falta de ar e então estou caindo novamente, mas dessa vez braços fortes me seguram com carinho e cuidado, levanto minha cabeça encontrando olhos arregalados e orelhas levementes arqueadas para cima.

-Eu te disse para não ir!-Rosna no meu ouvido, ele me levanta e logo estou em seus braços estremecendo a cada passo dado por ele. -Merda, o seu braço...-Sua voz está longe, sei que ele xinga e brada ordens a pessoas que não consigo ver.

-Oi, querido...-Murmúro baixo ganhando sua atenção novamente -Eu senti sua falta. -Sua testa se encosta a minha e sorrio levemente.

-Também senti as suas...-Responde baixo.




-Quando nos encontrarmos novamente eu vou estar nos seus braços - Murmúro contra seu ouvido -Do mesmo jeito que estou agora, e irei falar "Oi, querido. Eu senti sua falta"  Você vai encostar sua testa na minha, do jeito que eu amo e falará que também sentiu a minha e vamos recomeçar de novo, do zero, você e eu...

-É um lindo sonho...-Me responde me apertando mais contra seu corpo, estremeço levemente e beijo seu pescoço, dessa vez quem estremece é ele.

-Você não irá se esquecer de mim, não é?

-Nunca, pimentinha...Você eu nunca esquecerei. -Diz antes de me beijar carinhosamente, nos soltamos e ele anda para trás, para os machos e fêmeas feéricos que vieram buscá-lo, meu agora ex-namorado tem que me deixar pois seu pai morreu e agora quem irá comandar os feéricos é ele, meu garoto de cabelos rebeldes e sorriso maroto se tornará um rei. E eu não poderei ser sua rainha...

Entardecer ⊶Rejeitada Pelo Alpha⊶ 𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐2Onde histórias criam vida. Descubra agora