Capítulo 03 - Roufus da Barba Castanha

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O sol da manhã se erguia esplendoroso naquele dia, iluminando um céu azul e límpido. Nos horários da manhã, as ruas do mercado de Lithin ainda não eram tão movimentadas como quando eu chegara na cidade. 

A maioria dos vendedores ainda armava suas barracas e pendurava seus itens de escambo nos mostruários.

O escambo era a maior atividade dos caçadores de Lithin. Eles traziam partes de monstros mortos e as vendiam, ou, normalmente buscavam realizar trocas por itens mais vantajosos aos seus interesses. 

Era comum que boticários trocassem ervas raras por poções manufaturadas, ou que Armeiros fornecessem descontos em suas lojas quando os aventureiros traziam seus próprios materiais. E a grande variedade de monstros e habitats que existem à volta de Lithin, contribuíam para que o mercado de escambo tivesse uma das maiores variedades já vistas.

Chifres de Lobocórnios dos desertos do Sul, Peles de Ratos Dracônicos das Planícies de Assaf à Leste, ou até mesmo supostos Chifres de Unicórnios, que sabia serem na verdade, dentes de Baleias Narvais dos mares longínquos. Todo o mercado era recheado de variedades de produtos com utilizações diversas que forneciam comodidade à vida do cidadão comum de Lithin.

Naquele ambiente misto, eu me esforçava para chegar à Armaria. Não porque estivesse difícil de caminhar pelas ruas da cidade, mas sim porque estava difícil me afastar de minha acompanhante: a barda Amélia.

– Eu não acredito que você me fez pagar pela sua bebedeira de ontem à noite. A gente mal se conhece – Resmunguei irritado.

– Ora, mas foi tão fofinho você dizendo "Um cavalheiro é que deve pagar a conta de uma dama" que não pude simplesmente dizer não. – Ela respondia sorridente.

– Pois eu não me lembro de nada disso. Apenas quando vi você tinha sumido e deixado a conta para que eu pagasse.

– Você deve ter esquecido por estar bêbado demais.

Eu na verdade não lembrava de ter bebido mais naquela noite. Mas minha mente realmente não se lembrava de muita coisa depois de ter começado a acompanhá-la.

– E além do mais, você bebeu em uma noite 8 Pratas em vinho e hidromel. Quem em sã consciência consome o equivalente a quatro dias de trabalho de um homem comum em bebida? E ainda me faz pagar. Por sua causa, eu não tenho mais dinheiro o suficiente para ficar hospedado. E pior, nem sei se conseguirei consertar minha faca.

– Já te disse. Basta você me pedir que eu entro no seu grupo. Tenho que ajudar o jovem cavalheiro que tão gentilmente me salvou e me pagou uma bebida.

– Pode parar! Eu que não vou cair mais na sua fala mansa cheia de segundas intenções.

– Quanta desconfiança!

Continuamos andando pelas ruas principais até quase nos aproximarmos do Portão Norte. Na fachada à esquerda, havia o letreiro de uma grande oficina. "Tudo do Ferro – da adaga ao machado". 

Era um estabelecimento aberto, com grandes arcos nas entradas que levavam a um longo balcão onde pelo menos 4 atendentes se revezavam para atender a clientela. Mesmo para o horário, a loja estava bem movimentada e repleta de clientes à espera.

Os atendentes eram humanoides chamados anões. Seres pequenos, porém troncudos e robustos, nutrindo vistosas barbas longas, em geral trançadas. A maioria tinha pele bronzeada e aqueles atendentes em especial estavam cobertos de fuligem da forja. Um anão de barba grisalha usava óculos escuros de proteção, e andava entre eles dando ordens. Parecia ser o dono da oficina.

– Bom dia, o que deseja? – Perguntou um dos atendentes.

– Ah, bom dia... er... gostaria de analisar se é possível reafiar esta lâmina. – Respondi me direcionando ao balcão

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