Capítulo 52 - O Plano

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Quando Amélia, Elly e eu chegamos aos Ermos fomos imediatamente atacados por fadas decaídas. Ainda sem entender a situação, corremos para o castelo. 

No caminho, fomos atacados por algumas pixies negras, que por pouco não cravaram seus dentes em meu já estropiado braço.

Elly foi atacada por um "duende do mal" com cerca de meio metro de altura, que se pendurou em seu cabelo, o que Amélia tratou de usar um galho para rebater para longe. 

Quando estávamos próximos ao castelo, percebemos que um grupo de mulheres continha o avanço de demônios alados. Em meio a elas, reconheci a mulher de cabelos castanho achocolatados que fazia parte do trio que me recebeu em minha primeira visita.

Ao abordá-la, começamos a ajudar a conter o avanço das decaídas, que eram incrivelmente numerosas. 

Enquanto lutávamos, percebemos uma silhueta se afastando ao longe. Era Vechtu, levitando pessimamente em direção ao oeste da cidade. Provavelmente ele rumava para os Altiplanos. Ao vê-lo, Elly começou a rosnar.

A mulher, que eu acreditava chamar-se Lea, desesperou-se ao perceber que sua senhora Shaila estivera lutando contra Vechtu até poucos segundos atrás. Parte do grupo correu para o local da batalha da semideusa. 

Isso acabou permitindo que um grupo de decaídas escapasse e chegasse antes ao local onde Shaila estava pouco antes de nós.

Encontramos a feérica prestes a ser atacada pelas decaídas e usamos magia para separá-las. Quando as mulheres que nos acompanhavam conseguiram conter as adversárias, foi que pudemos perceber o estado horrendo de Shaila.

Havia várias queimaduras e suas asas foram cortadas, jazendo no chão espalhadas. Ao me ver, ela deu um sorriso fraco antes de perder a consciência.

– Precisamos levá-la de volta para o castelo! – Ordenou Lea.

O grupo tratou de carregá-la enquanto combatia outras das fadas decaídas. Nós as acompanhamos de volta ao castelo, ajudando onde podíamos. 

Assim que adentramos a estrutura de cristal, observamos horrorizados que grande parte dos objetos internos haviam sido quebrados pelos "duendes do mal" que infestavam o castelo.

Tivemos um trabalho árduo de capturá-los enquanto levavam Shaila para a ala médica. Quando a última fada foi finalmente capturada, já anoitecia. 

Eu queria partir imediatamente em busca de Vechtu, mas além de estar preocupado com Shaila, percebi algo óbvio: éramos mais lentos que Vechtu.

Apenas eu no grupo conseguia voar, e demoraria no mínimo cinco dias de viagem para atravessarmos as planícies de Telitch. Enquanto Vechtu voando poderia fazê-lo em aproximadamente dois, sem contarmos o tempo que levaríamos para escalar os vulcões. Deparando-me com este impasse, não fazia ideia de como conseguiríamos chegar antes dele.

Elly ficou calada durante todo o tempo, sentada em um canto com as costas apoiadas na parede. Tentei abraçá-la, mas ela me afastou, ranzinza. Meu coração doía em vê-la daquele jeito. Não sabia o que fazer por ela. 

Enquanto a observava, vi quando escondeu seu rosto nos braços para chorar.

Eis que de algum lugar surgiu um pequeno gato-de-bengala. Ao perceber que ela chorava, pulou em cima dela, começando a lambê-la e arranhá-la. Elly inicialmente o afastou, mas logo ele escalou suas costas e aninhou-se em sua cabeça, miando.

O ato pareceu invadir a barreira de Elly, que ergueu a cabeça e, vencida, começou a acariciar o queixo do gato, que ronronou alegremente. 

Depois de um tempo, o gato se transformou em um pequeno duende vestindo trapos, que com suas mãozinhas, limpou as lágrimas do rosto de Elly. Ela pareceu inicialmente chocada até sussurrar.

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora