Capítulo Final / EPÍLOGO

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1 ano depois



A luz do pôr do sol tingia a Cidade Alta enquanto eu me dirigia aos portões do castelo sob os olhares constantes dos curiosos, algo que tive que me acostumar desde que assumi permanentemente minha forma feérica.

Fazia um mês que não botava os pés em Lithin e as coisas continuavam se recuperando lentamente. 

Durante o embate entre Vechtu e Shaila, um dos ataques foi transportado até Lithin, destruindo quase todo o castelo real. Depois disso, a cidade sofreu mais dois ataques de exércitos daermânicos que visavam se aproveitar da desordem.

Na ocasião, Lithin recebeu ajuda do Exército da Libertação para rechaçar os atacantes. 

Atualmente, as Escarlates (e até onde sei, Rubra) estavam em Noursteen e haviam declarado guerra contra o regime daermânico. 

Já os ministros estão trabalhando para estreitar as relações com a cidade de Ajax, pois ambos passaram a temer que a Daermânia obtivesse matéria-prima para o pó negro.

Mesmo depois de tudo o que fiz, parecia que nada havia mudado. Ver a cidade tentando reestabelecer seu cotidiano em meio à cruel realidade, por vezes, me enchia de desesperança, mas neste momento eu apenas conseguia pensar na saudade que sentia de Elly.

Quando vi seu rosto saindo de dentro do castelo, mal pude conter o sorriso. Ao atingir a maioridade, Elly passou a frequentar a Escola de Diplomacia Real em preparação para no futuro, ocupar o cargo de Ministra. Quando nossos olhares se cruzaram, fiz uma reverência.

– Vossa Graça Erjurök, é um prazer revê-la.

– Sua senhoria Ekin, necessito de um acompanhante, se não se importares.

– Seria para mim nada mais do que uma honra.

Com isso, cedi o braço para que ela me acompanhasse. Dirigindo-nos até a praça da fonte me peguei divagando ao observá-la. Jamais teria pensado ser uma representação de meu pai entregando seu poder à Shaila. Era como ter a resposta todo o tempo debaixo do meu nariz.

– Será que ela ainda vai demorar muito? – Elly interrompeu meus devaneios.

– Você sabe que o portal das Sombras se abre em um local bem distante daqui. Ela deve estar a caminho.

Ficamos sentados juntos em um dos bancos da praça aguardando . Assim que a lua começou a surgir no céu amarelado vimos um vulto alado vindo dos céus em nossa direção.

Com um vestido negro e asas de tons escuros de azul e roxo, acenando com os dois braços estava uma figura conhecida: Amélia, a "fada" da Lua. Sob os olhares maravilhados dos transeuntes, Amélia pousou e tratou logo de nos abraçar em um pulo.

– Nidaviiinhooo, Eeeeelly. Que saudade de vocês.

Mesmo com a plateia, ela não se importou em encher nossas bochechas de beijos. Quando finalmente nos desvencilhamos, pudemos notar sua diferença: a pele alva como a lua, os cabelos negros, as orelhas pontiagudas e a aura reluzente. Ela havia realmente se transformado em uma fada.

– Você está linda, desde quando começou a se transformar? – perguntei.

– Deixa de ser bobo, Nidav. – ralhando de mim, Elly começou a fazer cócegas no estômago de Amélia.

Pega de surpresa, Amélia tentou conter o riso e Elly começou a atacá-la com mais força. Segundos depois um som de "puf" ecoou quando a transformação de Amélia se desfez e ela imediatamente voltou à aparência de sempre.

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora