Capítulo 31 - Sentimento Bilaterais - Parte 2

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Atenção: Este capítulo pode conter gatilhos.

Eu me encontrava imerso em uma escuridão completa

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Eu me encontrava imerso em uma escuridão completa. Meu corpo e minha mente flutuavam na imensidão de um abismo sem fim. Meus sentidos, fracos. Na vastidão do nada, minha consciência se esvaía como água num balde furado.

Será que assim era morrer? Já não me lembrava mais quem era ou o que fazia antes de estar ali. Apenas tinha a sensação nostálgica de desejar este abraço por muito tempo.

Era isso. Eu queria morrer. Fechando os olhos que nada viam, deixei fluir o resquício de controle corporal que ainda tinha e pensei ter agora finalmente...

Conseguido o que queria.

"Tu sabes não ser verdade."

Uma voz, fraca e distante, mas clara e objetiva soou. Era a voz de uma criança. Teria eu ouvido essa voz antes? Não me recordava. Mas ela era, de alguma forma, acalentadora.

"O desejo da morte é em sua essência, o grito mais desesperado pela vida."

De onde essa voz vinha? Não havia ninguém naquela escuridão comigo. Eu estava sozinho e sentia ser um fim adequado para mim. Deixe-me morrer em paz. Vá embora!

"Tu ainda não desististe da vida, pois se assim tivesse, não terias me chamado aqui."

Quem era essa voz? O que era essa voz? Contrariado, verifiquei, e entre os olhos entreabertos vi uma única figura luminosa dançando à minha frente em meio às trevas absolutas.

Tinha o tamanho de um punho fechado. Era uma corujinha, com "sobrancelhas" claras e plumagem de tom ora marrom claro como terra, ora escuro, basicamente negro, com pequenas pintas branco-reluzentes. 

Ela voava em círculos diante dos meus olhos e me observava durante todo o voo.

Inicialmente eu me assustei, porém meu corpo estava entorpecido e nem mesmo um músculo se moveu. Após alguns instantes constrangedores, tentei perguntar quem ela era, para descobrir que minha voz não saía. 

Para minha surpresa porém, a resposta veio sem precisar de frases propriamente ditas.

"Eu sou energia e a vida. Sou o medo e a fraqueza. Sou luz e trevas."

"Sou o ar que tu respiras, sou o poder que flui em ti e em todos. E sou acima de tudo..."

"Vós."

A corujinha então parou de voar e mexendo suas asas como se fossem suas mãos, puxou as penas da cabeça para trás, como se removesse algo que a escondesse. 

Aos poucos, a corujinha foi perdendo a forma, sendo substituída pelo espírito de uma criança, cujas mãos tiravam o capuz que lhe encobria.

O pequeno espírito tinha cabelos curtos, que alternava entre tons negros e loiros, um corpo de pele branca, trajando uma armadura de couro batido, com uma pequena faca a tiracolo. E... olhos violeta.

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora