Capítulo 49 - Roda do Destino

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Na tarde da convocação real, fui acompanhado por Amélia à entrada do palácio. A barda havia conseguido escapar dos embates pouco após a queda do gigante. 

E após me encontrar durante as homenagens às vítimas de guerra, tratou de me acompanhar para ajudar a conter a represália da população, que continuava ressabiada quanto à minha pessoa.

Tratando-se de um banquete de condecoração, vestimos o melhor que dispúnhamos:

Amélia usava um vestido magenta com estampas em tom prateado. Seu cabelo foi oleado e preso em uma tiara. Enquanto eu vestia um camisão e uma calça azul. 

Nenhum de nós dois abdicou da posse de armas, visto a situação atual. Minha faca continuava atravessada em sua bainha às minhas costas.

Estava porém com o ombro enfaixado e andando com o apoio de uma bengala, já que meu corpo não estava restaurado o suficiente para passar horas de pé sem problemas.

Era estranho ver-me novamente no espelho. Depois de uma semana estando transformado em tempo integral, havia esquecido da aparência suja de meus cabelos, que estavam comportados graças ao óleo que os fazia reluzir.

Analisando tudo aquilo... era tudo tão... surreal.

Em apenas um mês, havia não apenas me tornado um caçador, mas conhecido a Rainha, encontrado minha mãe e a verdade sobre minha família, lutado em uma guerra, presenciado a morte de um rei, perdido amigos e conhecidos.

Enquanto atravessava o pátio rumo ao Torreão onde aconteceria a condecoração, continuava pensando em Roufus e em Tayter. 

Pouco entendia sobre como ele surgira ou o que realmente era, mas era fato que sem ele, havia basicamente voltado à estaca zero no meu controle de magia. Mal conseguia me transformar. 

Fazer aquelas misturas ou seleções especiais? Impossível.

Considerando tudo o que Matzatki me disse e o meu atual estado emocional, cheguei a conclusão de que precisava de autoconfiança e autoestima. Uma combinação que pudesse me restaurar a paz de espírito, mas era algo completamente impossível em meio ao turbilhão de coisas que sentia.

Falando em turbilhão, quando adentramos o salão e topamos com os outros convidados, meu coração disparou ainda mais. Pois à minha frente estava Elly, rindo sem graça enquanto conversava com sua irmã e outros nobres.

Ela usava vestes de um verde bem claro, quase amarelo, que destoavam um pouco do seu pelo. Seus cabelos rebeldes estavam presos em um coque, do qual madeixas comportadas caíam em cascata. O grampo do coque tinha uma flor branca, que contrastava com seus cabelos avermelhados. 

Ela estava maravilhosa.

Elly estava cercada de pessoas que pareciam bajulá-la e Sadsa respondia a todos com acenos e respostas curtas. Quando Amélia foi me puxando para perto, percebi que os homens tentavam conseguir um casamento arranjado com um de seus filhos.

Ao ver tudo aquilo, alarmei-me e perguntei a Amélia se ela fazia alguma ideia do que aquilo pudesse ser.

– Ora, não está sabendo? Sua pequena musa foi a responsável pelo fim da guerra. Parece que ela sozinha mediou o recrutamento de um grupo de apoio Animóide, equilibrando as forças na batalha, conseguindo que as tropas inimigas se retirassem. Considerando seus feitos e o título nobiliárquico que receberá hoje, é de se esperar que outros nobres tentem cair em suas graças. É melhor ficar de olho, pois sua concorrência não para de aumentar. – Ria Amélia.

Eu estava nervoso. Seria aquilo ciúme?

Foi com a mente pululando em dúvidas, que me aproximei de Elly. Ela olhou para mim e sorriu. Apenas aquilo teria bastado para fazer meu coração queimar, porém ela fez uma mesura para o grupo de nobres que a assediava e veio até mim ao se livrar deles.

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora