Capítulo 54 - Uma Nova Ordem Sombria

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O Dragão quadrúpede tinha pelo menos quatro metros de altura, duas asas de vasta envergadura, um rosto alongado e chifres curvos. Tal como os demais animais reanimados por Zífaros, era coberto por um tipo de pelugem negra no lugar das escamas e suas órbitas eram ocas. 

Onde deveria estar a órbita de seu olho esquerdo, o que foi cegado, via-se apenas uma massa de carne e pele.

Imaginei que como os animais Zífaros, ele fosse se guiar por sons e perder a capacidade de raciocínio, mas seu rosto olhava em nossa direção com um sorriso macabro. 

Mal consegui ficar na frente de Elly antes que a baforada de fogo negro fosse dirigida a ela.

– Nidav, Elly, abortar missão. AGORA! – Amélia gritou.

Afastamo-nos correndo enquanto o Dracozifar-Vechtu alçava voo. Ver aquilo deixou claro que não teríamos como escapar daqui. Elly porém, me puxou de volta enquanto seus olhos o observavam com atenção.

– Podemos fazer isso!

– Elly, não! – ordenou Amélia. – Sei o quanto você quer isso, mas não está enxergando a situação. O plano falhou então precisamos...

– As feridas originais dele ainda se mantêm. O olho esquerdo cegado não existe mais e as patas frontais estão imóveis. Ele mal se aguentava de pé antes e isso continua sendo verdade agora. Se conseguirmos arrumar um jeito de cegá-lo, podemos vencê-lo.

– Fora de cogitação, fizemos um acordo e vocês vão voltar comigo agora!

A discussão foi interrompida quando o Dracozifar deu um voo rasante e soprou suas chamas em nossa direção; desviamos por um triz. 

Amélia pulou para um lado, Elly e eu para o outro e ficamos assim divididos por uma imensa parede de Fogo Negro. Amélia observou Elly com tristeza, pois sabia o que pretendia fazer.

– Nidav, vamos até lá – Ela disse, me puxando.

Eu resisti. Não podia vê-la se arriscando desta maneira. Quando hesitei em me mover, ela me olhou com ódio sussurrando seca.

– Você prometeu...

Com isso ela me largou e quis correr sozinha em direção ao dragão, que já manobrava no ar e retornava para mais uma baforada. Sequer percebia ser inútil tentar combatê-lo do chão, tamanha a sua fúria e sede de vingança. 

Quando o Dracozifar já estava quase em cima de nós, não me permiti ficar parado e corri até ela.

Antes de chegar, um corpo chocou-se contra o dragão, tirando-o da rota.

– Resolveu juntar-se à festa, Umbra? – ecoou a voz grave e reverberante de Vechtu.

– Você não vai fazer mais mal algum à minha família – Ela respondeu. – Hoje terminarei o que começamos àquela noite.

– Será que você consegue? Não teve que abdicar da ligação com seu elemental para me selar? Não há diferença entre nossos poderes e se considerarmos o que aprendi com os humanos, estou facilmente acima de voc... – Mas a voz de Vechtu de repente perdeu forças.

Umbra estava com as mãos esticadas e olhos fechados, entoando uma série complexa de palavras enquanto Vechtu parecia cada vez mais perder sua força.

– Você pode dominar a selvageria e a brutalidade da magia, Vechtu. Mas eu domino o espírito daqueles que se opõem a mim. Caia novamente perante o poder que te derrotou no passado: "Drenar Espírito".

Vechtu pareceu ter dificuldade de se mexer, ficando preso ao solo no local onde caiu, já Umbra, começava a reluzir em uma aura branca.

Aparentemente, seu poder permitia drenar a força de seu oponente e usá-la em seu favor, pois ela invocou uma série de globos flutuante com a forma da lua cheia e os arremessou contra Vechtu, que foi atingido em cheio pelas esferas que explodiram em uma redoma de luz e energia.

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora