Capítulo 07 - O Fogo Negro

84 24 29
                                    

Sob o sorriso tenebroso do gnomo, o grupo de homens encapuzados nos cercou completamente. Minha mão correu discretamente para o bolso na minha coxa direita, mas óbvio que o movimento não passaria despercebido.

– Hã-hã, nem pense nisso meu queridinho. Pode ir tirando essas mãozinhas dessas suas faquinhas nojentas, a não ser que queira que sua amiga aqui também tenha que ver como usamos nossas facas. – O gnomo disse zombeteiro e seu sorriso se tornando mais e mais macabro.

A contragosto, levantei os braços em rendição. Em seguida, os demais companheiros dele me seguraram pelo braço, imobilizando-me. Também apontaram uma faca para o pescoço de Roufus, que estava deitado no chão e incapacitado devido às costelas quebradas.

– Não precisa se preocupar com o Anão. Após ter voado daquele jeito, é óbvio que não deve estar nem em condições de se levantar. Apenas o desarme. Aliás eu acho que vi ele usando alguma runa lá atrás. Certifiquem-se de pegar tudo o que ele tenha de valor.

Dito isso, um dos outros homens começou a tomar as armas de Roufus enquanto o outro mantinha uma espada com a ponta tocando o seu pescoço.

– Esse cara repleto de itens mágicos. Só coisa das boas. – Falou, se voltando para o gnomo.

– Em sinal de boa fé pelo serviço de hoje, podem ficar com o lucro disso. Mas o moleque e a vagabunda serão meus.

Dito isso, caminhou até mim, que tinha os braços segurados por dois homens. Quando ele se aproximou, seus lacaios me forçaram a ajoelhar. Permaneci de cabeça baixa. 

O gnomo então se abaixou levemente e me olhou nos olhos. Não dava para discernir bem suas feições, mas mesmo à noite, uma grande quantidade de cicatrizes era visível em seu rosto e seus olhos tinham o brilho maligno da arrogância.

– Acho que tenho que te devolver o favor, garotinho.

Com isso ele me deu um murro no rosto, que foi acompanhado por um gemido meu.

– Sabe, ver-te assim, com o rosto escondido por um capuz, enquanto apanha, parece na verdade bem legal. Acho que vou continuar a bater só para continuar ouvindo sua vozinha de choro até quase te desacordar. Para depois puxar esse capuz e ver sua cara completamente desfigurada. – Ele disse sorrindo. – Vai ser incrível! Rapazes, segurem bem firme!

Assim eles me levantaram e o gnomo começou a me espancar. Inicialmente, ele me deu socos e pontapés na barriga, perna e virilha. Eu gemia, mas o ódio crescia a cada novo lance de dor que ele me infligia.

– Deixa ele em paz, Lev! Você já tem a mim. Ele não tem nada a ver com minha dívida com o Breagg, nem com nada disso! – Gritou Amélia, que logo em seguida teve a boca tapada com um pedaço de pano.

– Ah, mas ele tem sim minha, querida. Além de quebrar o pulso do meu amigo, ele cometeu o grave pecado de me irritar. Pode acreditar, isso tem um preço e eu cobro meus juros em SANGUE – Respondeu o gnomo, dando mais um murro em direção à minha mandíbula, o que me fez cuspir sangue.

– Ele é só um garoto, seus bostinhas covardes. Pode ter certeza de que quando me recuperar eu vou caçar cada um de vocês pelo resto de suas vidas miseráv... ugh! – Gritou Roufus, que foi logo em seguida calado por um torcer da espada que estava colada ao seu pescoço a um leve estocar de perfurá-lo.

– Ah, mas não precisa se preocupar com isso. Porque você nem vai precisar se dar ao trabalho. É óbvio que vou matar vocês dois. – O gnomo falou, sorrindo friamente.

Droga, eu estava prestes a morrer. Iria morrer ali. Será que eu não deveria... Não. O segredo vale mais que a minha vida. Ele vale... vale mais que... Droga, agora que estava realmente diante da morte, minha determinação vacilava. 

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora