Capítulo 17 - A Ordem dos Brakshasas

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Com a escolha covarde anterior ainda permeando minha cabeça, cheguei à porta da sede dos Brakshasas. O prédio era o mais largo de todo os prédios da Cidade Inferior. 

Ocupava sozinho todo o quarteirão em comprimento, e devia se alongar por meio quarteirão de largura. A entrada tinha um formato elíptico e formava um arco com pilastras alinhadas, quatro de cada lado, cada uma na forma de um homem-rato meditando em posições diferentes.

Guardando o portão de entrada da ordem, dois homens-ratos em togas brancas se misturavam às cores das paredes do prédio colossal.

Todos os visitantes devem especificar o porquê da visita. Lembrem-se, ao adentrar o prédio, estarão abandonando a jurisdição de Lithin e estarão submetidos a todas as leis de nosso povo. – Disse um dos homens-rato no portão, que tinha uma altura próxima à dos meus ombros.

Diferente dos Animóides, que em geral possuíam feições humanas e algumas características animais em seu corpo, como cauda e orelhas, os homens-rato tinham aparência quase idêntica ao do animal, com a pequena diferença de andarem sobre duas patas, e de terem o pelo mais limpo e asseado, como o de gatos. 

Os rostos triangulares e os pequenos dentes protuberantes eram comuns em basicamente todos os homens-rato.

– Somos Nidav e Amélia, viemos visitar Roufus da Barba Castanha, que se encontra em tratamento no hospital da Ordem.

Muito bem, escrevam no livro da entrada o mesmo que disseram aqui e podem entrar.

Dito isso, ele deu passagem e abriu a grande porta de ferro que dava para um imenso saguão de entrada, repletos de ornamentos coloridos em cores diversas. Azuis, amarelos, vermelhos, laranjas... e dourados. 

Dourado em tudo, desde os bordados das tapeçarias até os corrimãos dos mezaninos que se viam ao longe do saguão de teto reto, cuja pintura representava o céu.

O prédio era tão grande que devia usar cada milímetro de altura disponível entre o piso e o teto da Cidade Inferior. Diversos homens-rato caminhavam pelo saguão, atarefados ou simplesmente conversando entre si. 

Aquilo não era um prédio, era uma pequena cidade. Havia lojas nos primeiro e segundo andares até onde a vista alcançava. Praças com mesas onde homens-rato comiam, mesas retangulares grandes onde homens-rato negociavam com outras raças.

Havia também Borkons, Nalshas e Animóides em geral caminhando pelas ruas. Era verdadeiramente magnífico. Depois de escrever no tal livro, tivemos que olhar num mapa, onde ficava o hospital. Aparentemente, ficava no primeiro andar, mas do outro lado do prédio.

Enquanto caminhávamos, o cenário de lojas era substituído por casas. Dentro do prédio havia ruas que deviam ter de trinta a quarenta pequenas casas. Isso sem contar os andares superiores. 

Eu ficava maravilhado a cada passo que dava.

No caminho, passamos por uma casa tão grande que deveria ser uma mansão, provavelmente, pertencente ao próprio líder dos Brakshasas, visto que aquele era o único local com três andares de extensão, visíveis através dos vãos abertos no teto para aumentar a visibilidade e o esplendor da mansão.

Quando encontramos o hospital, que também era um prédio respeitavelmente grande, Amélia cuidou de perguntar onde Roufus estava. O que na verdade, foi pouco necessário, uma vez que mesmo da recepção, a voz dele ainda era audível.

– Pare com isso, mulher! Que diabos você está fazendo com essas agulhas!?

Entramos no quarto para encontrar o anão com o braço enfaixado e de costas nuas, com diversas agulhas lhe perfurando.

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