Capítulo 24 - O Poder

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 Neste ponto, alcançamos um marco importante para a estória.

[AVISO]: Deste ponto em diante, os acontecimentos poderão gerar gatilhos. Apesar de não haver nada explícito, caso se sinta afetado, feche este livro e busque apoio profissional.

 Apesar de não haver nada explícito, caso se sinta afetado, feche este livro e busque apoio profissional

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Enquanto pressionava minha cabeça conta o solo, Randir sorria para mim

– Achou que poderia esconder essa aura de mim, rapazinho? – Desdenhou, seu braço envolvendo meu pescoço, sufocando-me.

– Quer dizer que é você a quem Ray confiou o selo? Ele realmente achou que um garotinho como você seria capaz de esconder o Fogo Negro de mim?

E num instante eu gelei. Eles sabiam. Era por isso que havia uma recompensa exorbitante pela minha cabeça; Não era por eu ter matado seus aliados e sim porque sabiam que eu possuía o fogo negro. Mas se... se fosse assim, então...

Concentrei energia. A chama negra irrompeu me cobrindo por inteiro. Ela então atingiu a mão de Randir.

E não a queimou.

– AHAHAHAHAHAHA – Ele gargalhou, e apertou ainda mais meu pescoço, fazendo-me perder o fôlego e cancelar a magia das chamas. Em seguida, chocou minha cabeça contra o chão e continuou me a me segurar até conjurar magias que me mantiveram preso ao chão por alguma força invisível.

– Posso não ter me tornado o Arquimago Real, mas continuo sendo Randir-Rien, do Bronze Azul. Não será um molequinho que nem sabe do que se trata a magia que está usando que vai me derrotar.

– Por que...a chama...não... te queimou? – Perguntei, rouco

– Ora, você quer uma aula antes de morrer, garoto? Pois serei piedoso e em homenagem à sua ignorância, ensinarei uma coisa antes de terminar o que vim fazer.

Randir então chamou um homem ao lado, um humano. Randir aplicou um óleo em suas mãos e virou-se para o homem. De repente, chamas negras se formaram e ele as arremessou contra o homem. A chama começou a consumi-lo, corrompendo-o, mas por algum motivo: sem queimá-lo.

As feições do homem foram assumindo formas animais e em alguns instantes, estava diante não de um humano, mas de um semi-humanoide com pelos e traços de um cão. Um Canídeo, um dos Animóides surgidos do desastre de Demwild.

– Há vinte anos, para as criaturas daquilo que chamam de desastre de Demwild surgirem, elas precisaram ser tocadas por uma magia especial. Essa magia era nada menos do que a energia do Caos, usada pelo próprio Dragão das Sombras, Vechtu. – Sorriu Randir.

– Graças ao meu conhecimento mágico e minhas pesquisas nas altitudes extremas dos Altiplanos do Fogo eterno, consegui replicar este efeito. Mas sabe, este, tal como o fogo de Demwild, não passa de um reflexo, uma sombra do verdadeiro poder. O poder de um semideus exerce influência em todas as dimensões e existências pois é um poder que remete a própria criação. Quando o desastre aconteceu, o verdadeiro fogo do Caos estava sendo usado por um motivo fútil em outro Plano de Existência, em uma batalha nos Ermos Feéricos.

– Agora veja a ironia. Por uma briguinha de semideuses, os mortais pagam sendo corrompidos para sempre. – Randir continuou.

Na minha cabeça, eu tentava assimilar tudo aquilo. Aos poucos eu racionalizava e finalmente falei:

– O atentado da Rainha... foi você. Quem transformou gnomos em Nalshas, e que sabia como penetrar as barreiras. Foi você.

– Ora, e eu pensando que você fosse apenas um ignorante. Isso mesmo, garoto. Graças as minhas pesquisas, consegui replicar os efeitos das chamas espelho e fazer mortais sofrerem a mesma transformação que os Dem. Porém, diferente do fogo original, minha transformação dura pouco mais de um dia. Mas ainda é perfeito para enganar os idiotas, sempre tão dispostos a acreditar em qualquer coisa. – Ele ria.

– Vamos agora ao que interessa, garoto. Você trouxe até mim o selo que guarda o poder que tanto busquei, por isso... Ora, mas... – Disse Randir ao arrancar minha camisa. – Que estranho, você não tem selo em lugar nenhum do seu corpo. Um portador? Mas ele tinha me jurado que... Quer saber, esquece. Creio que ainda sei o que fazer.

Randir levanta suas mangas, revelando um braço com diversas runas gravadas à faca na própria pele. Aquelas runas tinham cheiro que por algum motivo me remetiam ao Elephanzifar.

Usando uma lâmina, Randir se cortou e com seu sangue desenhou em meu peito e na palma de sua própria mão uma insígnia. Fez o mesmo depois utilizando o meu sangue, sobrepondo e reforçando o desenho. Colocando sua mão sobre o símbolo que desenhou em meu corpo, entoou:

"Poder das Trevas Caóticas que a um novo portador nunca de bom grado foi passado, retorne àquele de quem nunca deveria ter sido tomado."

Então eu senti uma dor, como se algo estivesse sendo arrancado à força de mim. Como um ímã puxando para fora meu coração. Quando eu já mal conseguia respirar, a mão de Randir se iluminou e irrompeu em chamas negras.

– FINALMENTE, HAHAHAHAHA. FINALMENTE! – Ele gargalhava. – Veja, garoto! Este é o momento em que o verdadeiro senhor do Caos renasce.

Randir começou a disparar fogo negro contra os caixotes à minha volta. Diferente de antes, os caixotes realmente estavam ardendo em chamas.

Eu tentava invocar as chamas, concentrar energia, mas eu percebi claramente que eu já não mais as possuía. Ela havia sido completamente tomada por Randir.

– Não fique triste, garoto. Você nunca foi o verdadeiro dono deste poder. Já faz anos que ele havia me reconhecido como digno. Bastava apenas encontrar o homem que o mantinha selado. Quando encontrei Ray, quer dizer, o Arl, e descobri que o selo já havia sido rompido, pensei em desistir. E pensar que era um simples garoto a portar o poder. Não sei quem você é, mas tirou o prazer de um conhecido meu de romper ele mesmo o selo antes de matá-lo por vingança a algumas coisas que ele fez no passado. – Randir comentou.

Eu queria chorar, fora ele então o assassino de meu pai. Porque perdi tanto tempo me culpando por isso? Percebi que ele não sabia quem eu era e algo me dizia para que permanecesse assim.

– Agora, já que me tirou o prazer de matá-lo, irá me ajudar em outra coisinha. – Randir tocou meu coração e de alguma forma, puxou minha energia para fora, fazendo-a emergir na forma de chamas negras. – Aqueles que foram tocados pelas chamas nunca perdem sua essência. Tal como você, o antigo portador do selo já havia sido tocado pelas verdadeiras chamas. Assim, eu apenas precisei puxá-las para fora.

Eu observei com assombro a chama crescer em meu peito, mas percebi que ela não me queimava.

– Infelizmente, diferente do Arl que apenas a selava, aquele que uma vez foi portador das chamas não pode ser queimado por ela, mas acredite, garoto: isso será perfeito para sua execução pública. – Disse Randir, abrindo um sorriso macabro.

– Você será a cereja do bolo no espetáculo de estreia do pó negro. Pena que você estará morto antes de presenciar esta maravilha da ciência.

E dito isso, alguns dos homens de Jarior arrastaram um dos vários barris que estavam no fundo do galpão. Ao destampar, eles brincavam, me mostrando que todos estavam completamente cheios de pó negro.

– Muito bem, homens! Podem brincar com ele. Preciso dele vivo, mas também o quero completamente irreconhecível. – Disse Randir, rindo e largando um saco de Platinas em cima da mesa antes de ir embora.

Os homens então comemoraram e sem nenhuma piedade, começaram a me espancar.

Chutes, socos, pauladas, cortes, talhos. Apanhei sem parar. Quando perdia a consciência, me jogavam vinho ou água para me acordar de novo, apenas para continuarem a me bater.

Depois de um tempo, eu já nem mais possuía lágrimas ou gemidos de dor.

Os golpes já haviam levado algo além da minha consciência: o meu ser.

Legado de Sangue FeéricoOnde histórias criam vida. Descubra agora