Apesar da inclinação do telhado, a escolha foi ótima. Dali podíamos ver perfeitamente todo o percurso do desfile e ainda mais longe. Um verdadeiro camarote real.
Era possível ouvir, porém, em meio ao misto de pessoas ansiosas, aquelas que gritavam coisas como: "não somos toupeiras", "não somos sujeira à esconder". Basicamente todos eram membros das raças Dem.
Foi então que, enquanto observávamos o horizonte aguardando que a procissão surgisse, vimos a cena incrível. Seis carruagens alçaram voo a partir dos muros elevados da Cidade Alta e traçaram um círculo no céu antes de pousar no pé da escadaria que dava para a rua principal.
Quatro eram puxadas por grifos, e duas delas por pégasos. Eram ornadas em cores variadas e mesmo à distância, exalavam exuberância.
Em alguns minutos as carruagens puxadas por essas belas criaturas, começavam a ficar ao alcance de nossa vista. Vi que as vielas que davam acesso para as ruas principais agora estavam completamente vazias.
Todas as pessoas da cidade já estavam nas ruas se amontoando para ver a rainha. Realmente adorei a ideia de escalar o telhado. Podia ver absolutamente tudo. Quando o primeiro carro da procissão passou, eu não podia deixar de me admirar.
Cada carro era ornado por cores e elementos que simbolizavam diferentes raças. O primeiro tinha armas de ferro e cores vivas de fogo, e era utilizado por uma anã com rosto carrancudo, que erguia um martelo de prata.
– Gena. – Exclamou Elly. – Artífice, ferreira e Ministra representante do povo enânico no conselho.
Em seguida vinham mais dois carros, que Elly se adiantou em apresentar como sendo de Kesam, um feiticeiro humano e de Ckehakk, um homem-rato que representava os Brakshasas, ambos igualmente ministros.
A quarta carruagem tinha elementos dos povos Animóides. Como peles, e desenhos que davam formas aos vários animais que essa raça possuía.
Mas não era o carro que me chamava à atenção e sim a pessoa que estava de pé nele, trajando uma armadura cerimonial e uma espada atravessada nas costas. Tinha cabelos claros de tom avermelhado, porte altivo e uma tatuagem no olho direito. Era ninguém menos que Sadsa. A irmã de Elly.
– Hein. Mas...m-mas. O que diabos...Quem é sua irmã, Elly?
– Ah, desculpa, eu não te contei, né? Ela é Sadsa, a Vento Cortante. Guerreira aventureira de nível Platina e representante da Guilda de aventureiros no conselho. – Ela respondeu com um misto de vergonha, admiração e orgulho.
Agora sim meu mundo veio abaixo. Quase escorreguei do telhado. Eu estava andando com a irmã de uma pessoa tão importante assim? Recuperando-me do susto, voltei a observar a irmã de Elly. Ela passava de forma a cumprimentar com acenos de cabeça e leves acenos de mão.
Quando passou em frente ao telhado em que estávamos, pareceu mover a cabeça e do nada, sem fixar o olhar, sacou sua espada para os céus e a apontou na nossa direção.
O público aplaudiu como se fosse uma encenação de força. Mas eu senti que aquilo era pra mim. Nervoso, olhei para Elly que me respondeu em tom de desculpa:
– Somos capazes de saber onde estamos a mais de 2 quilômetros de distância devido ao nosso faro. Ela deve ter sentido a gente, mas não liga não. – Ela disse, envergonhada.
Então era isso que ela quis dizer com "vou estar por perto". Fiquei tão nervoso que achei que ia vomitar. Eu realmente havia me apaixonado por um parente de alguém perigosa assim?
Desviei um pouco o olhar do desfile para me acalmar e passei a observar as ruelas da parte traseira da casa. Quando estava pronto para voltar a observar tudo, percebi um movimento esquisito.
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Legado de Sangue Feérico
Fantasy"Se meu segredo for revelado, facilmente poderei perder a vida, mas não sinto que ela valha o esforço." - Pensa Nidav olhando para si. Após a morte de seu pai, o jovem se vê sozinho e perdido, carregando um fardo que o atormenta todas as noites. Qua...