Adrien

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"Eu, eu, eu sempre gostei de você

O que mudaria se eu dissesse isso agora?"

Shine, Pentagon

🐱

Quando a Marinette perguntou se era a Ladybug, eu respondi bem baixinho.

- Quem me dera.

Mas por sorte ela não ouviu. 

Eu gosto da Kagami. Ou era o que eu achava, até o nosso terceiro encontro, no cinema.

Quando fomos nós dois lá, lembrei da vez em que eu e a Marinette fomos. Foi uma situação bem caótica e delicada, ela inclusive estava de pijamas, mas foi também foi ótima.

Foi engraçado e todo mundo achou que nós estávamos namorando.

Enquanto que com a Kagami, não foi ruim. Só que não foi nada. Eu não me sentia bem com ela daquele jeito, se fosse só amizade...

Eu pensei em terminar tudo naquele mesmo momento, mas a Kagami estava tão feliz. Além de que adiantaria? Todo mundo que eu gostava ou não me queria, ou estava namorando.

Percebi tarde demais de que não era só da Ma Lady que eu gostava. Também tinha mais gente.

Quando já estava bem longe da casa da Marinette, e quase chegando em minha casa, ouvi o barulho de uma guitarra. 

Parei em cima de um telhado, tentando encontrar de onde vinha. Percebi que estava perto do rio, então deveria estar próximo do barco onde a Juleka e o Luka moravam. 

Deve ser ele tocando.

Desviei meu caminho e fui chegando mais perto. Parei em uma árvore, observando escondido, e percebi que minha suposição estava realmente certa, era o Luka.

Ele e a Marinette começaram a namorar no mesmo dia em que eu e Kagami. Estávamos tomando os sorvetes do André, todos a margem do rio. Eu e a Kagami de um lado, eles dois do outro.

Continuei a observar. Sua cabelo azul levantava com o vento e seu olhar estava calmo, como ele sempre é.

Sua melodia soava tranquila e funcionava como um feitiço, atraindo-me, pedindo que ficasse a ali. Como um daqueles encantadores de serpentes.

Que irônico, ele que é portador do miraculous da serpente.

- O que está fazendo aqui, Chat Noir? - ele falou, e foi nesse momento que eu percebi que não estava mais escondido numa árvore, mas sim no convés do navio onde ele morava. - Você e a Ladybug precisam de ajuda?

Ele se levantou e foi se aproximando, com o olhar preocupado.

- Não, não! - balancei minhas mãos, em um gesto para que não se preocupasse. - Eu só estava dando uma volta, sabe?

Acabei de ver sua namorada, inclusive.

- Ah, que bom. - sorriu aliviado. - Mas o que faz aqui?

Eu gelei.

Eu não podia dizer que tinha ficado seduzido pela sua música.

Podia?

- Eu ouvi você tocando e decidi ver se estava tudo bem. - uma meia verdade. - Coisa de herói, sabe? 

- Obrigado por vim, mas estamos muito bem. - sorriu gentil. No momento, o vento passou por seus cabelos, deixando aquela visão ainda mais linda.

O que eu acabei de pensar?

- Então eu não vou mais desperdiçar o seu tempo, - comecei a me despedir. - tenho que terminar de ver se toda Paris está salva. Até mais.

- Espere. - segurou meu ombro, antes que eu pudesse saltar de seu barco. - O céu está se enchendo de nuvens de chuva, então leve essa capa para se proteger. - me entregou o pedaço de plástico. - Paris precisa de seus heróis em seu melhor estado. - e piscou para mim.

Eu senti meu corpo todo esquentar e só agradeci rapidamente, segurando a capa e voando dali.

Já não basta gostar da Marinette e da Ladybug, tem que querer o namorado da sua amiga também?

Se meu pai descobrir que, além de super herói, eu ainda paquero meninos nas horas vagas, eu estou ferrado.

Dessa vez eu fui direto para a minha casa, sem parar nenhum segundo. Depois de chegar em casa me perguntei se não tinha deixado nada de importante passar. Vai que alguém gritou por socorro e eu não percebi, distraído demais.

- Plagg, guardar as garras. - o kwami saiu do anel e caiu em minha mão.

- Queijo. - ele gemeu.

Eu ri e tirei um camembert do bolso de minha jaqueta e o entreguei, que engoliu o queijo de uma só vez.

Lembrei que ainda estava com a capa que o Luka me deu em mãos e a guardei dentro de meu armário.

- Você não precisa se decidir, pode ficar com quantos quiser. - o Plagg começou a falar. - Por exemplo, eu amo muito tipos de queijo, camembert é meu favorito, mas eu não nego qualquer outro.

- Mas isso é tão estranho... - comecei a falar, só pensando em como seria namorar mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

- Isso só é estranho porque as pessoas que são assim são escondidas. - ele disse pegando um outro pedaço de queijo. - Mas sempre existiu. Já houveram portadores de miraculous antigos que eram parte de um trisal.

- É sério?

- Uhum. - se sentou em meu ombro. - E olha a coincidência, também eram os portadores do miraculous da cobra, da joaninha e do gato.

- Mas a Marinette pegou o miraculous do rato. - falei, me lembrando de quando lutamos com a Caçadora de Kwamis e a Multimouse apareceu, e depois se revelou a Marinette. - E a Kagami a do dragão.

- Ah, é verdade. - suspirou. - Mas sejamos sinceros, você nem gosta tanto assim da Kagami. Tem que terminar com ela antes que fique mais difícil.

- É verdade... - suspirei, muito chateado. - Eu me sinto um monstro que está usando ela.

- Não se preocupe. Só seja sincero e se desculpe. - saiu voando de meu colo e veio voar em frente ao meu rosto. - Diga que ela é uma garota legal, mas não sente a atração entre vocês ou qualquer coisa do tipo. Ou diga que prefere outros sabores de queijo.

- Dizer diretamente que estou trocando ela por pessoas que não querem nada comigo é ainda mais maldoso, - bati de leve em meu rosto, usando as duas mãos. - mas tem que ser feito.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela, pedindo para falar algo sério depois do treino, amanhã a tarde.

Ela logo me respondeu com um 'ok' e disse que também queria falar comigo. Me perguntei se tinha algo a ver com o nosso último encontro, que realmente não havia sido tão bom, mas é melhor esperar para ouvir amanhã.

- Melhor dormir logo, Plagg. - disse, retirando minha roupa e colocando um pijama. - Amanhã pode ser um dia estressante.

Me joguei em minha cama, me cobrindo com o lençol. Depois, Plagg se deitou no travesseiro ao meu lado, dormindo rapidamente.

Eu demorei um pouco mais para cair no sono, olhando para o teto pensando em como falaria com a Kagami.

Eu sou um ser humano horrível.

🐱

Meu amor não é bagunça [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora