Meu amor não é bagunça [COMPLETA]

Luka

"Então eu vou fazer a escolha
De ouvir aquela voz
E fazer a próxima coisa certa"

The Next Right Thing, Frozen 2

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Juleka e Rose foram dar uma caminhada pelas margens do rio, mas ainda próximas do navio, porque é noite. E o Ivan saiu daqui há um tempão, estou totalmente só.

Só eu e meus pensamentos.

Eu acho que sei quem é a Ladybug. E ao mesmo tempo que amo essa ideia...eu morro de medo.

Se for quem eu penso, imagina o perigo que estamos correndo?

Mas isso é só um pouco do que está me perturbando.

Eu nunca contei para a minha irmã, só para o Nathaniel, que depois contou para o Marc, sendo um segredo nosso.

Eu sou bi.

Eu sou super bi.

Nossa, eu sou o maior bissexual que eu conheço.

E eu fiquei com uma coisa na cabeça desde manhã.

Eu e o Adrien nos esbarramos na escola, ficamos conversando, quando a Mari apareceu e eu olhei para os dois, um do lado do outro, eu tive vontade...de abraçar e encher ambos de beijos.

Mas eu não posso estar com duas pessoas! Posso?

A Marinette ainda gosta do Adrien, eu sei. E também gosta de mim.

Eu nunca vi ele como um rival que eu deveria superar nem nada do tipo. Na verdade, eu sempre o admirei muito, já que ele sempre é muito gentil, e sentia vontade de, sei lá, cuidar dele.

Ele sempre chega em todo canto com um sorriso ansioso, querendo fazer amigos. Não sabe como lidar tanto com outros jovens por causa da forma como o pai o mantém preso, mas ele ainda é a coisa mais fofa, gentil, preciosa que existe e...inferno, eu comecei a gostar dele tanto quanto a/da Marinette.

Eu sentia meus dedos batendo de leve na borda do barco, me levantando da cadeira, andando, voltando a sentar, só para alguns segundos depois repetir tudo.

Uma vez.

Duas vezes.

Cinco vezes.

Inspiro irritado. Eu já estava num ciclo infinito que precisava parar.

Pego a guitarra, dedilho alguma coisa, coloco de lado e suspiro irritado.

- O que eu faço? - quase gritei, me jogando mais uma vez na cadeira do convéns, mas agora cobrindo meu rosto com as mãos e choramingando baixinho.

- O que for certo a se fazer, ou o que te fizer melhor. - uma voz, que já estava começando a ser familiar, soou atrás de mim.

Me levantei e virei num pulo, vendo o super herói com roupa de gato preto, agora, a minha frente.

- Com problemas? - perguntou, dando um pulo no ar e ficando em minhas costas.

Me virei mais uma vez, ainda chocado com sua presença.

- Vai ficar aparecendo com frequência? - perguntei, ignorando a sua pergunta anterior.

- Sim, a não ser que não queria a minha companhia. - sentou-se no chão, e eu me sentei na cadeira.

- Pode vir sempre que quiser. - sorri.

Ele devolveu o sorriso.

- E então, com problemas? - perguntou novamente.

Suspirei. Eu realmente não iria conseguir escapar dele, pelo visto.

Bom, eu não acho que posso só contar para ele que acho que a Ladybug é a Marinette, isso seria um disastre. E também estou com medo de contar ele que gosto de garotos tanto quanto gosto de garotas. Mas eu sinto que vai ser bem pior se eu não contar nada.

Respiro fundo e deixo as palavras saírem.

- Você é a terceira pessoa que vai saber disso. Nem a minha irmã sabe! - falei. - Nem...a minha namorada. - olhei para ele, queria ver sua reação.

Seus olhos se arregalaram de surpresa por alguns segundos, depois se inclinou mais próximo para ouvir melhor.

Tomei fôlego e falei de uma só vez.

- Eu sou bi. 

Por algum motivo, pude ver os cantos de sua boca se levantarem rapidamente, para depois voltarem a seriedade.

- Bom, isso é completamente normal. - ele começou a falar, mexendo as mãos de forma mais animada que seu tom de voz estava tentando transparecer. - Eu até acho que sou também. Não bi, acho que sou pansexual, mas ainda não tenho certeza qual desses rótulos é o certo para mim. Para simplificar, prefiro pensar que gosto de pessoas.

Sua confissão me fez respirar aliviado.

- Me sinto aliviado por ter te dito isso. - confessei. - Acho que eu precisava de alguém para retirar esse peso das costas.

- Entendo. - se levantou e foi se apoiar na borda do navio. - Na verdade, você é a primeira pessoa que eu admito isso.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, olhando para o céu estrelado.

- Você já gostou de mais de uma pessoa de uma só vez? - ele me perguntou, ainda olhando para as estrelas.

Eu fiquei olhando para ele por um tempo. Percebi que estava envergonhado, talvez confuso, tanto quanto eu também estava.

- Na verdade, eu estava pensando em fazer a mesma pergunta. - ri do olhar chocado que me dirigiu.

- A sua namorada sabe disso? - começou a esfregar a mão direita no braço esquerdo, ficando mais ansioso a cada instante.

- Não. - falei. - Eu não sei como eu falaria isso com ela. E olha que ela também gosta dele.

- É sério? - ele parou de mexer a mão, mas não a retirou do braço.

Eu só confirmei com a cabeça.

- Tipo, o que eu poderia dizer? Sinceramente, eu acho que eu vou só deixar as coisas como estão.

Ele ficou algum tempo olhando o chão, balançando a cabeça, tentando encontrar algo que pudesse falar, mas acabou só concordando comigo.

- Até porque, namorar duas pessoas ao mesmo tempo não é algo comum de se ver, não é? - voltou a sentar-se no chão.

Depois voltamos ao silêncio, olhando um para o outro. Não foi desconfortável, até porque, por mais que nossos corpos estivessem ali, nossas mentes estavam nos levando para outro canto. 

A minha, pensava em segurar a Marinette e o Adrien pela cintura e nunca mais soltar, a do Chat Noir, levava-o as pessoas sortudas de terem um grande herói querendo protegê-las, quem quer que elas fossem.

- Olha, príncipe, - levantou-se. - vou indo. Tenho que voltar para casa antes que notem a minha ausência e chamem a polícia.

- Até mais, Chat Noir.

Ele piscou para mim, antes de pular para fora do navio e desaparecer pela noite.

Fui para o meu quarto e me joguei em minha cama.

- Qual será a escolha certa no meio de tudo isso? - questionei o porta retrato a minha frente, que mostrava uma foto minha com aminha família.

Cobri minha cabeça com o travesseiro, e com a roupa suja, eu dormi.

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