Capítulo 10 - Subindo Pelas Janelas

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Não há nada impossível; há só vontade mais ou menos energéticas.

                                                                                                                                                                            - Júlio Verne

                                                                                                                                                                            - Júlio Verne

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Max

Aparentemente nós dormimos juntos, de novo. Meu braço está formigando como se estivesse posto minha mão em um pote de pó de mico, já fiz isso uma vez, não recomendo a ninguém. Ao menos dessa vez esse formigamento estúpido não veio acompanhado de uticarias e uma coceira estranha que durou pelo menos uns 3 dias. Percebo que estou viajando em minha própria mente, então penso que é melhor me levantar e ver como estão as coisas. Olho através da janela vendo as árvores chacoalharam espalhafatosamente, o sol ainda não nasceu, na verdade não irá nascer pelas próximas três horas. Encaro o relógio de cabeceira de Miguel, que marcava 3:06 em um vermelho forte.

Me sinto irritado por ter acordado tão cedo, olho ao meu redor e me deparo com Victor e Miguel abraçados pela cama, bem como quando éramos mais novos. Isso me faz lembrar da época em que nos conhecemos. Victor acidentalmente encontrou Miguel chorando completamente maltrapilho depois de um "incidente" em sua casa. Se não fosse pelo grandalhão eu nunca poderia encontrá-lo. Desde então somos como chiclete na sola do sapato daqueles que não saem nem com reza brava. Não nos desgrudamos por nada nesse mundo.

Rio comigo mesmo ao ver o quão estranhos somos juntos. Victor é um órfão briguento que por acaso tomou gosto por mim e Miguel, Miguel é um garoto completamente insano com leves ares angelicais e eu sou apenas um garoto que foi abandonado à própria sorte e vende drogas para se divertir. Somos basicamente um grupo de apoio, versão adolescente. Será que conseguimos ganhar uma capa de revista algum dia? Poderia ser: Garotos infames se tornam ricos pela sorte ou três garotos foram achados mortos em um beco escuro. As duas podem ser plausíveis considerando nossas histórias.

Pego meu álbum de figurinhas verificando não apenas se todas as categorias Premium estão em seus devidos lugares, mas também para observar uma foto de nós três juntos a 10 anos atrás. Victor ainda tinha seu cabelo em forma de cuia, antes de adotar o moicano. Miguel estava encolhido no meio com bochechas vermelhas e olhos estrondosamente azuis, enquanto eu fazia questão de fazer um chifrinho clássico em ambos. Bons tempos aqueles, bom... Nem tanto, mas pelo menos não ficamos sendo perseguidos por ex-namoradas e sua trupe. Suspiro agitadamente, estamos muito encrencados e eu não faço ideia do que fazer.

Realmente desejaria ficar mais tempo pensando em como evitar minha ex-namorada assassina, mas naquele instante escuto as árvores balançando ainda mais fortemente, as copas se remexiam de um jeito estranho e completamente incomum. Estávamos no terceiro andar, então nada além de pássaros e insetos voadores subiam ali. Será que isso é um rato voador ou algo do tipo? Me aproximo devagar da janela e para minha surpresa não havia nenhum rato voador. Me deparo com um rosto. Entretanto não era um rosto qualquer. A face verde, um nariz destruído e cabelos negros oleosos cheio de folhas mostravam o que achava impossível. E com uma respiração entrecortada o ouço falar:

Garotos Infames - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora