Capítulo 42 - O Quebra Cabeça

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Quem mata o tempo injuria a eternidade.

- Henry David Thoreau

- Henry David Thoreau

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Max

Sinto meus pés afundarem naquela mistura de areia e lama, parabéns por ter vindo de chinelos Max, ganhou o prêmio de burro do ano. Meus pés estão enlameados, porém presto pouca atenção nisso quando me aproximo do nosso lugar na frente do lago. Quando eu falo que é nosso lugar, a maioria das pessoas esperam algo como um pátio bacana ou talvez uma ponte cheia de luzes coloridas. Até parece que escolheríamos um lugar assim, logo vejo a lua cheia iluminando uma passarela de madeira velha e fedorenta. Cheia de tufos de grama aqui e ali. Como eu amo esse lugar. Era o nosso lugar, nosso porto seguro.

Miguel e Victor estão ao meu lado caminhando em silêncio. Esse se tornou o nosso ponto de encontro desde que achamos por acaso Victor chorando pela morte da mãe, há 8 anos atrás. Nesse dia em diante essa madeira podre se tornou nosso refúgio. O refúgio de um órfão, um esquecido e um abandonado. Talvez tenha mais vigas de madeiras especiais no mundo, mas essas eram as nossas. É isso que as tornavam especiais.

Depois de ouvir os passos forçarem a passarela enquanto caminhamos, nos sentamos frente a um enorme lago já muito poluído. Quem deixa um lago de reserva podre daquele jeito? Custa fazer uma vaquinha para cuidar do lago? Balanço a cabeça deixando esse pensamento se esvair, enquanto escuto os grilos e vejo alguns vaga-lumes voando pelo ar como pequenas bombinhas.

Beleza, alguém vai falar ou eu vou ser forçado a encarar a beleza da natureza mais tempo? Eu consigo olhar tais coisas quando estava bêbado, e eu não estou bêbado. Apoiando as mãos entre as vigas, falando calmamente, talvez para disfarçar o tanto que odiava esse silêncio ensurdecedor:

— Então.... Por que estamos aqui? — Talvez não era o silêncio que me incomoda tanto, mas sim o fato de Miguel raramente vir ao lago com um de nós dois. O loirinho sempre se mantinha sozinho em momentos ruins, alimentando sua própria dor. Me arrependo amargamente de ter "respeitado" seu espaço, por causa disso eu não estava lá quando ele mais precisava de mim. Que tipo de amigo eu sou? Me distraio por um segundo, mas logo sou trazido de volta pela voz de Miguel:

— Sabe... Vocês podem ser bem estranhos, mas eu realmente gosto de vocês. Decidimos "namorar", mas vamos combinar que esse relacionamento está uma bagunça. E depois de hoje... Eu tenho a mais completa certeza que quero vocês ao meu lado, mesmo que eu não consiga nada na vida. Resumindo, eu amo vocês dois. Tipo pra valer...

Miguel está olhando fixamente para o horizonte com os olhos caídos. Eu estou tão sem reação quanto se eu tivesse uma figurinha dourada versão Premium em mãos, certo, eu estou mais sem reação agora do que frente a cartas de edição limitada. E ele acabou de me chamar de estranho? Sinto meu queixo cair aos poucos com sua declaração. E no mesmo segundo vejo Victor colocar o braço ao redor de Miguel, forçando a olhá-lo, e eu também sigo o olhar de Victor:

Garotos Infames - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora