Capítulo 21 - Segredos de um Banheiro Decrépito

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A visão de fracasso é simplesmente impassível quando se encontra a felicidade.

- L.B. Campos

 Campos

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Miguel

Entramos naqueles banheiros imundos e de cheiro horripilante com baldes e esfregões em mãos. Hoje o clima quente fazia com que moscas e a umidade grudassem sobre nossas peles. Eu estava odiando tais mudanças repentinas de clima. Queria dizer que era apenas isso que me fazia perder os ânimos, mas lá vinha o professor Rogério, usando um lenço sujo para limpar o suor do rosto. Ele se aproximou de Victor, que se punha ao meu lado, com um sorriso cínico:

— Vá para os boxes garoto, tenho que conversar com o pequeno — Victor me lança um olhar preocupado, mas relutantemente pega seu esfregão indo para o fundo daquele banheiro decrépito. Assim que ele se afasta, o professor mostra sua verdadeira face:

— Queria saber quando o garotinho irá dar uma chance para mim. Eu posso aumentar suas notas e além de fazer uma carta de recomendação excelente para a entrar em uma universidade de ponta — Rogério abre um meio sorriso, com aquela saliva desprezível se alojando nos cantos da boca. Verme pervertido. Me afasto dele cuidadosamente e ao fazê-lo afirmo:

— Você nunca vai tocar em mim. E agradeça por eu não chamar a polícia por essas chantagens ridículas. E eu não preciso que aumente minhas notas ou de cartas de recomendações inúteis, eu posso muito bem conseguir tudo isso sozinho — Pego o material de limpeza com profunda cólera, indo em direção aonde Victor estava. Sendo possível apenas ouvir o gotejar de canos enferrujados e o som do piso sendo esfregado. E uma coisa era certa, eu nunca mais iria me submeter a esse tipo de coisa novamente.

Me aproximo de Victor calmamente, o enorme garoto estava ajoelhado esfregando fungos e restos de sujeira. Ele vestia uma fina regata branca e sua velha calça do exército. Definitivamente ele ficava bem se vestindo assim. Quando ele percebeu minha presença, virou-se para mim questionando:

— O que aquele velho queria com você? — Mesmo que Victor e Max estivessem comigo em todos os momentos que eu precisei, ainda não me sentia seguro em contar esses acontecimentos para eles, parecia apenas... Pesado demais:

— Ele queria que eu refizesse a última prova trimestral, já que seria uma das matérias principais das olimpíadas de química. Nada demais — Victor me encarou por alguns segundos como se tentasse descobrir se estava dizendo a verdade ou não. Em seguida ele suspirou em redenção e logo perguntou:

— E então? Qual será o plano? Porque eu tenho certeza que preferia ler seus quadrinhos do que estar nesse banheiro fedorento — Abro um sorriso para ele me empolgando com a ideia:

— As paredes de divisão dos banheiros são de tijolos laminados, tendo algumas aberturas é possível observá-las sem que elas percebam. Vamos esperar até que saiam e assim entramos pelas escadarias — Victor balança a cabeça em concordância, abrindo um sorriso cafajeste. Ele realmente não tinha escrúpulos:

— E o que faremos enquanto esperamos essas garotas? — Reviro os olhos, mas não deixando de sorrir nem por um segundo:

— Você terá sua compensação mais tarde

Victor

Eu ouvi a conversa do professor com Miguel, cada palavra. Era certo que me sentia triste por Miguel não confiar em mim o suficiente para contar aquilo que estava acontecendo. Embora entendesse seu lado, eu tinha certeza de uma única coisa. Eu iria acabar com a raça daquele professor. Finjo que acreditei na mentira de Miguel, mesmo que eu quisesse saber a quanto tempo isso estava ocorrendo, se bem que não importa mais, eu apenas queria ver aquele velho de merda sem os dentes.

Fomos em direção a pequena divisão de paredes, que separavam os banheiros femininos e masculinos. Ali era de fato escuro e pequenos furos permitiam ver as escadas sem que fossemos vistos. A ideia de Miguel era excelente para falar a verdade. Deixo ele a minha frente e por ser um pouco mais baixo apoio delicadamente meu queixo sobre sua cabeça.

Dali era possível ver a grama verde na altura dos tornozelos, uma entrada de pedras e correntes enferrujadas separando, as escadarias que davam para o subsolo, do resto do colégio. Ali era uma área proibida, nenhum aluno a não ser os jogadores do time se aproximavam daquele lugar. E confesso que gosto da adrenalina que estou sentindo por fazer algo proibido, não que já não tivesse feito, mas a sensação era a mesma.

Depois de alguns minutos o sinto suor se alojar no meu pescoço, o calor estava infernal, e tudo estava ficando pior a proximidade do corpo de Miguel e o maldito espaço minúsculo não colaborava em nada. Começo a me perder em pensamentos quando olho os cabelos de Miguel, esse idiota tem um cheiro muito bom de canela, seus fios e sua nuca estavam úmidos pelo calor e ele respirava ofegantemente.

Me repreendo por estar desse jeito, estamos tentando descobrir o que as meninas estão fazendo embaixo da escola, não era hora de ficar com tesão pelo Miguel. O quadril do garoto estava colado na minha virilha, eu tinha que pensar em coisas aleatórias no momento, qualquer coisa serviria. Miguel, se mexe incomodado até que me olha com seu clássico semblante de repreensão, ele percebeu:

— Victor, péssima hora. Se acalma aí, mano — Quando eu olho para baixo, percebi uma ereção monstro se formar abaixo do tecido da calça. Droga! Engulo seco respirando profundamente. Todos aqueles cheiros, o suor, a adrenalina e o suspense de não saber o que iria acontecer estava me fazendo enlouquecer. Apoio minhas mãos na cintura de Miguel. Sinto sua pele quente sobre a roupa, meu sangue corria em minhas veias e eu só conseguia pensar nele. Que inferno! Miguel me encara com o olhar pesado, enquanto apoia as mãos no tijolo vermelho, dizendo apenas:

— Sua compensação será mais tarde. Nem ouse — Ele inevitavelmente me ignora, ainda prestando atenção nas escadarias e naquela grama verde que estava à nossa frente. Minha mente parecia um motor a pleno vapor, conseguia ouvir as engrenagens e o calor emanando da minha pele. Eu estava a um passo de morder cada centímetro desse idiota arrogante. Como eu queria que Max também estivesse aqui, seria maravilhoso. E quando eu já iria me aproximar de seu pescoço, um barulho chama nossa atenção.

Com botinas de cano longo, jalecos nos braços e uma caixa branca típica usada em transplantes de órgãos, as meninas se aproximam das correntes enferrujadas que impediam a entrada para o subsolo. Aline se pôs a frente colocando a mão sobre o cadeado que mantinha tais correntes erguidas, em meros segundos e pequenas chamas roxas, o cadeado simplesmente desaparecera, fazendo o metal se chocar contra as paredes de pedras, acarretando assim, a entrada das garotas.

Como ela fez isso? Aline permitiu a entrada das amigas primeiro, aparentemente carregavam algo importante na caixa branca. Ela interrompeu seu passo na entrada, virando-se e pousando seus olhos diretamente sobre nós. Porém ela não fez nada além de dar um sorriso amável, e depressa ela se moveu para dentro do subsolo, e assim que ela desaparece de nossas vistas, ouço Miguel falar:

— Ela sabe que estamos aqui. De que lado essa garota está?

 De que lado essa garota está?

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Garotos Infames - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora