Capítulo 32 - A Intragável Refeição

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Tudo que se pensa é afeto ou aversão

-Robert Musil


Miguel

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Miguel

O domingo que marcou exatamente uma semana desde que encontramos Thiago e toda essa confusão teve início foi relativamente tranquilo. Max se encontrava completamente desesperado pelo simples fato de ter concentrado todas as suas energias na invasão e não ter estudado nem ao menos uma única linha da matéria da prova de Geometria. Por isso, perdi toda uma manhã para enfiar na cabeça de dois trogloditas, cálculos e medidas que eu tinha a mais absoluta certeza que eles nunca usariam na vida.

Mesmo com os pequenos empecilhos relacionados a nossa vida acadêmica, fazia tempos que não tinha um dia tão tranquilo e relapso. Victor se dedicou a fazer desenhos sobre qualquer coisa que estivesse à sua frente, e com isso obtive quatro novos desenhos meus e cinco de Max, por algum motivo estranho ele sempre me dava seus desenhos de presente. E por mais idiota que fosse eu fazia questão de guardá-los. Max por sua vez, contou novamente seu caderno de figurinhas e adesivos, e sinceramente nem mesmo meus cadernos de biologia eram tão abarrotados.

Eu estava achando estranha tamanha calma aparente. Thiago simplesmente sumiu do mapa depois que o vi com Antônio. E as garotas não deram um mísero sinal de vida, exatamente como Victor previu. Até mesmo a diretora que sempre fazia questão de aparecer aleatoriamente não deu ao ar da graça. Alguma coisa muito ruim estava por vir e tal sentimento crescia amargamente dentro de mim.

Tento esquecer esse pressentimento enquanto eu e os garotos caminhamos demoradamente até o refeitório. Rio internamente ao perceber que todos nossos problemas começaram exatamente nesse local, parecia que a ironia e o destino adoram pregar peças nos mais distraídos. Nos sentamos em silêncio após carregar uma bandeja grudenta de metal com algum pedaço de carne repugnante, eu definitivamente não queria pensar o que era aquilo.

O silêncio reinou naquela mesa, todos nós estávamos completamente absortos em nossos próprios pensamentos, isso soaria péssimo se estivéssemos brigados. Porém era apenas aquele silêncio reconfortante que indicava respeito pelo espaço um do outro, e eu não me importaria que ele se mantivesse assim.

Pelo menos era isso que eu pensava. Pelo canto do olho percebo uma grande e musculosa silhueta se aproximando junto a outras duas que seriam exatamente iguais se não fosse o comprimento dos cabelos. Eu queria apenas um momento de paz com meus namorados, o que eles estão fazendo aqui? Com um sorriso presunçoso René, acompanhado de Matheus e Roberta se aproximam da mesa segurando as mesmas bandejas gordurosas com a mesma comida deplorável:

— Ora, ora o que temos aqui? Será que podemos dividir essa deliciosa refeição com os novos namoradinhos do Miguel? — A voz grossa e debochada de René ecoou pelo refeitório vazio e triste. Aquele cara sabia ser detestável quando queria:

Garotos Infames - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora