Capítulo 17

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Havia um sedan preto em frente ao prédio comercial do Dr. Macedo. Na frente do carro, estava o mesmo homem alto que havia me entregado o envelope com o bilhete de Marcelo. Parei há cinco metros dele, com o olhar apreensivo.

- Você... Veio me levar a algum lugar, não é? Aonde?

Ele apenas concordou anuindo com a cabeça. Em seguida, abriu a porta de trás do carro e fez um gesto para que eu entrasse.

Uma parte de minha consciência dizia que aquilo não terminaria nunca se eu fugisse. Por isso, entrei no carro. Minhas mãos tremiam. O carro andava devagar pela avenida. Quando alcançamos a Pituba, saímos da orla e subimos a rua da praça Nossa Senhora da Luz rumo ao Iguatemi. O carro parou mais ou menos 30 minutos depois em frente a um outro prédio na Avenida Tancredo Neves. Se chamava Suarez Trade Center. Era um dos prédios mais altos da cidade; dava para vê-lo de vários pontos da cidade. Naquele momento, seus painéis de vidro refletiam o escuro do céu. O motorista pegou o ticket de estacionamento e seguiu. Depois de estacionar, ele saiu do carro, abriu minha porta e, pela primeira vez, me dirigiu a palavra:

- Vamos. O Sr. Bluewater te espera.

Por um segundo, talvez, eu tenha visto uma expressão de angústia em seu rosto. Ele apertou o botão do vigésimo terceiro andar. A subida pareceu eterna. Quando as portas se abriram, ele me disse:

- Boa sorte.

Nos corredores, tudo funcionava normalmente. Pude ler em uma placa: Bluewater Ltda. Entrei. Havia duas garotas de cabelos castanhos. A mais alta delas olhou para mim e disse, com ar sereno:

- Em que posso ajudar?

- Marcelo disse que eu deveria vir.

- Você tem um horário marcado com o sr. Bluewater? – ela replicou, examinando minhas roupas.

- Acho que sim...

- Sente-se. Vou verificar.

Ela pegou o telefone e falou algumas poucas palavras do outro lado da linha. Menos de um minuto depois, ela se voltou para mim e me disse:

- Sra. Ferreira, sim? O sr. Bluewater a espera.

Eu me levantei e a acompanhei. A garota alta me levou a uma sala grande envolta na penumbra; havia uma escrivaninha em seu centro. Marcelo estava sentado de costas para nós, observando as luzes da cidade através da janela.

- A sra. Ferreira está aqui, Sr. Bluewater.

- Deixe-nos a sós. – ele disse.

Meu Mestre Cheio de Segredos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora