Capítulo 26

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Passaram-se algumas semanas. Marcelo estava sempre de ótimo humor. Ao que parecia, os negócios iam bem. Saia muito cedo e voltava depois de eu já ter ido dormir. Sabia mais dele por Noeli do que por ele mesmo.

Certo dia, quando acordei, Noeli me disse:

- O sr. Marcelo pediu para avisa-la de que haverá um baile em homenagem ao fechamento de alguns negócios da Bluewater Ltda. esta noite.

- Tudo bem... Ele disse mais alguma coisa?

- Sim... Pediu que um dos homens da segurança a acompanhasse para que você pudesse escolher seu vestido para esta noite.

- Obrigado, Noeli. Pelo menos uma noite fora de casa...

- Sim, pelo menos vocês dois terão um pouco de tempo para aproveitar. – ela disse, sorrindo para mim.

Depois do almoço, José veio me buscar para irmos comprar meu vestido.

- Onde deseja ir, senhora?

- Na Daniele Magalhães. Na Pituba.

- Como desejar, senhora.

- Pode me chamar de Amanda.

Lá fora, o céu de Salvador estava azul e sem nuvens. Pedi para José abaixar os vidros para que eu pudesse sentir o cheiro e a brisa do mar quando nos aproximamos da orla.

Mal chegamos na loja e eu já podia ver o letreiro: "Daniele Magalhães", brilhando, dourado, em minha direção.

Dentro da loja, olhei algumas peças e comecei a experimentar alguns vestidos da nova coleção. José ficou do lado de fora, perto da porta.

Encontrei um vestido longo com decote coração e mangas longas, deixava minhas costas nuas. Parecia uma cascata de prata.

Paguei o vestido com o cartão que Marcelo agora deixava comigo. Saí sorrindo da loja. Pensava em tomar um sorvete na Perini ou n'A Cubana.

- Que tal um sorvete agora, José?

- Como desejar, senhora Amanda.

- Por favor, só Amanda... – disse, dando risada. – E você vai tomar sorvete comigo. Você merece depois de ter ficado todo esse tempo embaixo do sol.

Fomos andando para o carro. Foi então que, do outro lado da rua, eu vi a Sra. Silveira, a mulher que me assustara no escritório do Dr. Macedo.

Ela estava de pé numa encruzilhada, o semblante sério. Carros passavam entre nós duas. Mesmo com a distância, pude ler seus lábios:

- Fuja!

Então um ônibus passou e ela desapareceu atrás dele.

- Sra. Amanda, aconteceu alguma coisa?

- Anh, não, não... Vamos...

Depois de tomarmos sorvete, José me deixou em casa. Passei a tarde refletindo sobre ter visto aquela mulher de novo. Ela e aquela tatuagem, a mesma tatuagem que Marcelo tinha... Como tudo aquilo se encaixava? Marcelo estava sendo tão agradável comigo durante aqueles dias. Será que aquele não era ele de verdade? Quem ele era de fato?

- O sr. Marcelo foi se arrumar, senhora. Disse que pretende sair daqui há uma hora, caso a senhora possa estar pronta até lá.

- Diga para ele que estarei pronta. – afirmei, com um sorriso de meia boca.

- Está tudo bem, senhora?

- Não sei, Noeli. Espero que sim...

- Há algo em que eu possa te ajudar?

- Não, definitivamente não.

- Muito bem então... - falou ao fechar a porta.

Marcelo estava mais lindo que de costume. Usava smoking. Estava me esperando na sala com um copo de whiskey na mão, como de costume.

- Uau, Amanda. Você está... Incrível.

- Não acha muito chamativo?

- Só se você quiser ser chamada de a mais linda da festa.

- E se me olharem o tempo todo?

- Bem, eles vão te olhar... – disse, se levantando e beijando meu pescoço. – Talvez eu tenha de demitir alguns funcionários depois da festa de hoje.

- Ai, que malvado...

Pude sentir que ele estava excitado. Então recuei apenas para enlouquece-lo mais um pouco.

- Calma, querido. Preciso estar realmente linda para justificar as demissões de hoje.

Nós dois rimos juntos.

A recepção estava belíssima. Eu tomei champagne, enquanto Marcelo preferiu o whiskey. Conheci o sócio de Marcelo, seu irmão Thiago Bluewater, assim como sua esposa, Helena, e sua filha, Jasmine. Todos muito sorridentes e simpáticos.

A certa altura, fiquei um pouco cansada e fui para perto de uma grande janela para tomar ar. Assim que fiz isso, um garçom chegou e me disse:

- Um senhor pediu que eu te entregasse esse papel.

Abri o papel distraidamente e li: "Me encontre do lado de fora em meia hora" E, abaixo, as iniciais que eu não poderia deixar de reconhecer: "J. M.", João Macedo. 

Meu Mestre Cheio de Segredos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora