Capítulo 21

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Dentro da Bluewater Ltda., Marcelo me esperava. As secretárias dele haviam sido dispensadas e seu motorista, José, me acompanhou até o escritório.

Marcelo usava um smoking e mantinha a expressão indecifrável como sempre.

- Sente-se, Amanda – ele disse, apontado a cadeira à sua frente.

Todas as luzes do escritório haviam sido apagadas; velas iluminavam nos cantos da mesa os rostos de nós dois. Pratos de camarão e carne se sucediam a doces decorados com pequenas flores comestíveis. Marcelo se levantou de seu lugar e me serviu uma taça de vinho.

- Creio que irá gostar desta safra.

- Marcelo... – comecei quando ele se sentou novamente. – Precisamos resolver isso.

- Ah, não tratemos de negócios agora. Vamos aproveitar a comida. Aliás, gostou do vestido?

- Sim, mas... Eu quero falar disso agora.

Ele passou o pano sobre os lábios e lançou um olhar penetrante em mim.

- Muito bem. Para ter chegado a esse ponto, você sabe o que eu desejo, não é?

- Que eu me torne sua escrava sexual.

- Bem, submissa é a palavra mais adequada... – ele corrigiu, com um sorriso no canto da boca.

- O que me impede de levantar agora e fugir?

- Eu te acharia.

- Bem, eu não acho que você seja o dono do país. Ao menos, não ainda. Então, se eu for para bem longe, duvido que você me ache.

Ele parou por um momento, cruzou os dedos das mãos e os apoiou sob o queixo. Sorrindo, ele me disse:

- Então por que não foge?

Aquilo me pegou de surpresa. Por que eu não havia mesmo fugido em primeiro lugar? Fugir quando eu ainda tinha dinheiro teria sido o mais certo a se fazer. O que me deteve? Então minha mão e minhas pernas tremeram de súbito. E eu soube: era aquele rosto, aqueles músculos, aquela voz... Uma parte de mim odiava Marcelo Bluewater, o homem que me perseguira, me fizera perder o emprego e o contato com um dos homens mais nobres que já conheci, o Dr. Macedo, mas essa mesma parte que o odiava também o deseja com intensidade.

- E então? – ele insistiu em saber.

- Não... Não sei.

- Isso quer dizer que não sabe se deve assinar agora?

- Eu quero. Mas com uma condição.

- Qual?

- Esqueça o Dr. Macedo, deixe que ele volte à cidade e viva em paz.

- Mas...

- Essa é minha condição. Minha única condição.

A expressão de Marcelo se tornou tensa.

- Você não o conhece, Amanda.

- Cabe a você agora decidir, Marcelo. – disse, me levantando. – Pode adicionar essa condição ao contrato ou continuar me perseguindo até que eu morra ou que eu consiga fugir.

- Você tem noção do que eu posso fazer com você?!

- Eu realmente não tenho a mínima noção – disse, indo embora.

- José! – disse ele, chamando o motorista. – Ligue para o Dr. Sobral. Acorde-o se for preciso. Temos um novo termo que deve ser adicionado ao contrato. E pretendo assiná-lo ainda hoje.

Em menos de duas horas, o advogado chegou com o novo contrato. Enquanto isso, jantamos. Quando acabamos, ele nos deu duas canetas. Marcelo Bluewater assinou sem pestanejar. Minha mão vacilou quando chegou a hora. Mas, por fim, com a mão trêmula, também assinei.

Meu Mestre Cheio de Segredos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora