Capítulo 4

2.8K 210 67
                                    

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para pará-las, eu já estava dentro da boate.

Como tudo aquilo parecia tão diferente para mim... Eu me sentia como uma alienígena naquele lugar. O som alto, os lasers piscando em tons de verde, azul amarelo e vermelho, tudo aquilo me parecia tão estranho! Por um segundo, pensei em correi e sair dali. Uma delas me agarrou pelo ombro.

– Hoje você vai se divertir muito, minha querida.

– Bom, não posso me divertir presa a você.

– Não se preocupe. Vou te soltar quando você entrar no clima.

Dizendo isso, ela me arrastou em direção a outro bar que havia dentro da boate. Pediu duas doses de vodka.

­ – A uma noite muito excitante – disse a estranha, tirando as mãos de mim.

– A uma noite muito divertida.

Ela ficou sentada do meu lado esquerdo e me falou da história do Sunset Club.

– Sabe – ela disse. –, esse lugar é cercado de histórias de prostituição ilegal e uso do local para todo tipo de gente estranha. Dizem que em algumas noites se pode ouvir gritos de sofrimento misturados a gemidos vindos daqui pelas pessoas que passam na madrugada.

- Mas como assim? Claro que é mentira, se não a polícia já teria fechado esse lugar.

- Bem, você sabe, molhando um pouco as mãos de um policial aqui, de um delegado ali... Todo mundo fica calado. Alguns deles até mesmo são clientes frequentes. É o que dizem, pelo menos...

Espantei-me de nunca ter ouvido falar sobre o Sunset antes. Mas suponho que não se fale muito alto sobre essas coisas.

Deixei esses pensamentos de lado. Depois de um tempo, foquei apenas em me divertir. Não me incomodei mais de estar no Sunset Club, com suas histórias estranhas, com meu emprego ou comigo mesma. Já que eu havia entrado ali, agora era melhor aproveitar.

– O que foi, querida? – a estranha me perguntou.

Eu disse:

– Acho que não estou mais tão chateada... – ela deu um gritinho de comemoração.

– Incrível, sua louca! Acho que você já está pronta para conhecer alguém.

Eu afastei meu olhar para o balcão.

– Bem, acho que ainda não... – mas, quando olhei, ela não estava mais lá.

Virei meu rosto em todas as direções possíveis, mas não a achei. O que ela iria fazer? A última coisa de que eu gostaria, naquele momento, era conhecer alguém. Eu não me sentia sexy... Estava usando um terno e uma camisa cinza, calça jeans preta, além de sutiã e calcinha beges. Nenhum homem vai me querer assim, eu pensei. E, se quiser, quando tirar minha blusa... Ou minha calça... Vai rir de mim. Eu só ficava repetindo para mim: Calma, Amanda. Calma. Ninguém vai te obrigar a nada. Relaxe e se divirta. Se algum homem vier conversar, só dispense e pronto.

A verdade é que estava gostando da música e de olhar as pessoas dançando. Eu não queria sair dali. No começo, o retumbar da música nas caixas de som parecia quase insuportável. Mas agora era agradável sentir a vibração. Eu sorri mais um pouco. E esperei.

Pedi mais uma dose de vodka. O banco onde a estranha estivera sentada ainda estava vazio.

Tocavam todo tipo de música naquela noite. Desde esse dia, eu aprendi que qualquer coisa, desde que fosse animada, era bem vinda ao Sunset Club. Todos tiveram seus momentos de pular e dançar.

Abri minha bolsa, peguei meu celular e vi que eram quase uma da manhã. Então, dei um último sorriso e suspirei. Era hora de acabar a diversão. Levantei-me, paguei a conta e fui na direção da rua.

Já era hora de voltar à vida normal. Havia trabalhos de faculdade à espera na manhã seguinte. O momento no Sunset havia sido bom. Mas já era hora de voltar à vida real. Eu estava atravessando a porta quando senti uma mão no meu ombro.

– Não vá ainda. Posso te pagar uma bebida? – disse a voz.

Meu Mestre Cheio de Segredos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora