Capítulo 24

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Quando entrei no apartamento, Noeli me recebeu em silêncio. Havia em seu rosto a mesma expressão de pena contida que no rosto de José. Ela me levou à cozinha para almoçar, mas eu já havia perdido a fome.

No meio da tarde, Noeli bateu na porta de meu quarto e pediu para entrar.

- Sim, por favor. – eu lhe disse.

- Senhora, preciso fazer sua trança.

- Trança? Mas para que?...

- São as regras. Você deve usar trança e estar ajoelhada para espera-lo.

Eu a examinei de alto a baixo e, por fim, a encarei.

- Você também faz parte disso, não é? Onde está sua marca?

- Mais escondida do que a maioria das deles.

- Eu não quero servir a ele.

- Obedecer é o princípio da sabedoria. Escute isso e talvez saberá encontrar harmonia para vocês dois.

Dizendo isso, ela me mandou tomar banho. Quando voltei, ela pôs-se a trançar meu cabelo; ao acabar, saiu do quarto e me trouxe um vestido cor de pérola; o vestido tinha decote em U, sem mangas, era translúcido.

- Apenas use o bracelete e o vestido quando for encontra-lo.– dizendo isso, ela tirou do bolso do avental um fino bracelete de ouro com um cilindro em cada ponta. Noeli ajustou o bracelete na altura de meu braço direito, deixando que as barras me apertassem de leve. Pediu que eu escolhesse um perfume.

- Aquele ali, Lady Million, da Paco Rabanne – apontei.

Ela me perfumou e disse:

- Está pronta. Basta agora espera-lo.

Noeli tomou minha mão direita e me entregou a chave.

- Vá. Conforme a tradição, deve espera-lo de joelhos. E virada para a porta.

Destranquei o quarto e, pé ante pé, entrei naquele quarto de paredes escuras. Procurei o interruptor. Quando a luz encheu o quarto, vi novamente ante meus olhos, toda aquelas ferramentas... Um arrepio subiu por minha espinha.

Ajoelhei-me em frente à porta e esperei. De vez em quando, mirava o espaço debaixo da porta: o pôr do sol acontecia naquele instante; eu estava em algum momento entre 17:00h e 18:00h e, em breve, o céu de Salvador traria consigo a noite. E Marcelo viria junto com ela.

De fato, depois de o céu ficar escuro não precisei esperar muito. Ouvi uma porta se abrindo no apartamento silencioso e um breve cochicho de voz feminina. Em seguida, passo, cada vez mais altos, em minha direção.

Marcelo abriu a porta.

Seu rosto tinha uma expressão de raiva contida.

- Amanda, você sabe por que está aqui?

- Sim...

- E qual seria esse motivo?

- Porque eu fugi.

- Porque eu fugi, o quê?

- Porque eu fugi, mestre.

- Muito bem. Eu te avisei das consequências, Amanda...

- Por favor...

- Levante-se – ele falou em tom seco.

Marcelo se dirigiu a uma das prateleiras e pegou um chicote A haste era reta e semíflexível; a extremidade, de couro, parecia uma ferradura de cavalo cujas pontas tivessem sido atadas uma na outra.

- Vá. – ele ordenou, apontando para o X fixado na parede.

Obedeci. Marcelo se aproximou de mim. Pude sentir seus músculos roçando todo meu corpo e seu sexo se enrijecendo enquanto ele acorrentava, primeiro, meus braços e, depois, minhas pernas.

Sem querer, deixei que um suspiro, meio que misturado com um gemido, escapasse.

- Como você é nova nisso, sua punição será apenas de dez chibatadas. Você entende porque isso é importante, Amanda?

- Sim...

- Sim o quê?

- Sim, mestre.

E veio a primeira chibata.

Eu gritei.

Gritei muito alto.

Gritei mais de susto do que realmente de dor. Pude sentir minhas costas reagindo ao golpe, se arqueando, queimando com a dor.

E veio a segunda.

E com ela uma dor muito maior. Lágrimas caíram do meu olho sem que eu permitisse.

A terceira e a quarta queimaram ainda mais minhas costas. Tive a impressão de que eu desfaleceria.

A quinta e a sexta me fizeram gritar mais alto. Mas Marcelo não disse uma palavra. Apenas girou o chicote em suas mãos e o fez cantar sua melodia sinistra pelo ar.

A sétima e a oitava quase me apagaram. Dessa vez, Marcelo demorou para dar a próxima.

A nona me acordou... Marcelo beijou minhas costas e desceu até minhas nádegas.

- Como você é linda! – ele sussurrou. E deu a décima chicotada.

Eu gemi alto, de repente tomada de prazer, e depois desmaiei.

Meu Mestre Cheio de Segredos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora