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Acordo e logo sinto o cheiro do seu perfume, estico o braço para alcançar seu corpo mas ela não estava lá. Procuro, olhando para os cantos do quarto, porém não a encontro em lugar algum.

Levanto a procura das minhas roupas e as vejo dobradas perfeitamente em uma cadeira, estava tudo em seu devido lugar, a não ser a cama.

— Kathe e suas manias. — digo balançando a cabeça, sorrindo. 

Visto minha roupa e decido arrumar a cama também, não seria legal da minha parte não o fazer.

Vou direto ao banheiro e em cima da pia, estava uma escova já com pasta de dente e uma toalha de rosto dobrada ao lado. Não contenho meu sorriso diante do seu perfeccionismo, por mais que essa atitude foi um tanto fofa.

Sinto um cheiro gostoso quando saio do banheiro e caminho em direção o que acredito ser sua cozinha.

Pude ouvir uma música baixa, ela estava com um short de cintura alta e camiseta, dançando enquanto prepara o café da manhã. Encosto na entrada com os braços cruzados, admirando.

— Aí, que susto seu filho da... Mãe. — diz assustada, após dar um pulinho ao deparar com minha presença.

— Disse que não dançava. — digo com um sorriso.

— E-eu n-não danço.

— Então por que gostei do que vi? Você se mexe bem.

— É... Então, gosta de café da manhã brasileiro? — pergunta ainda sem graça.

— Claro, me trás recordações nas vezes em que fui no país.

— Espero que sejam boas. — sorri. — sente-se, a cozinha é pequena mas dá para o gasto.

— Não me importo, seu apartamento é acolhedor. — digo enquanto me sento na cadeira frente a pequena mesa que havia no cômodo.

— O que fará nos próximos dias? — pergunta após nos servir.

— Obrigado. — digo agradecendo por me servir mesmo que não precisasse. — estou de folga por um tempo, reservei um hotel na Itália para passar alguns dias.

— Itália deve ser um país lindo, ao menos por foto é.

— Além daqui e do seu país natal, claro. Já foi para outros lugares?

— Não não, Reino Unido é o único país fora do meu em que pisei. Mas já é uma parte do meu sonho realizado.

— E qual é a outra parte? — pergunto realmente interessado.

— Me faço a mesma pergunta. — sorri, encaro sem compreender. — eu não sou o tipo de pessoa que tem muitos projetos, sabe? Eu queria fazer intercâmbio e escolhi Londres por ser um lugar que sempre me identifiquei. Mas nunca parei pra pensar algo mais que isso. Eu te disse ontem, minha vida segue um ciclo, provavelmente, serei telemarketing por um bom tempo ou até que me demitam mesmo, depois ficarei sem rumo e desempregada.

— Mas, gosta do que faz? — pergunto sério e atento.

Kathe apenas nega com a cabeça, tomando seu café com leite.

— Acho que você deve ir atrás do que gosta de fazer, ninguém merece passar a vida exausto por um trabalho que não te satisfaz.

— É fácil dizer quando se tem tudo e é conhecido mundialmente. — debocha, e sinto um aperto diante daquilo. — desculpa, não é bem isso que queria dizer, eu só... Aí que droga!

— Tudo bem, entendi Katherine. — era nítida minha chateação.

Não gosto de ser sempre lembrado como alguém conhecido e que tem tudo com uma grande facilidade, eu sei bem que não é mentira, mas nem tudo é um mar de rosa. Já pensei em ser muitas coisas, mas foi apenas uma oportunidade em que me apareceu em um programa e aqui estou. Mas foram tantos desafios, sacrifícios e noites mal dormidas, por vários momentos pensei em desistir dessa vida agitada, porém, ao meu lado tinha mais quatro garotos e uma multidão de fãs que foram meu apoio e me deixaram de pé.

Não vou dizer que não gosto do que faço, porque seria mentira. Eu amo cantar, eu amo meus fãs e de certa forma, amo a atenção que eles me dão e tento retribuir sempre ao máximo, mas por vezes, é desgastante não ter identidade. Ser apenas o Harry Styles, cantor, compositor e ator, mundialmente famoso. Esquecendo muitas vezes, que sou apenas o Harry, aquele mesmo garotinho que trabalhava em uma padaria.

Acredito que apenas, um pouco mais maduro.

Após tomarmos o café, ajudei arrumar a bagunça em sua cozinha e seguimos como se nada tivesse sido dito. Porém, não demorei muito para ir embora.

— Bom, obrigado por me ajudar e desculpa... Qualquer coisa. — diz sem graça, estávamos parado em sua sala.

— Não se preocupe. — abraço apertado e deixo um beijo no topo da cabeça. — se cuide, ok? Se precisar, manda mensagem.

— Ok. — sua voz sai abafada por estar com o rosto em meu peito, me cheirando.

Kathe me acompanha até a garagem de seu prédio. No elevador fiquei abraçando ela, e como de costume, toda sem graça, mas por sorte, ninguém entrou no elevador naquele momento.

Aproximo da minha moto e dou um beijo rápido em seus lábios, já tentado em subir novamente.

— Boa viagem.

— Obrigado, e fica bem, pequena. Nos vemos em breve. — pisco um olho, com o sorriso de lado.

Vejo sorri também e balançando a cabeça enquanto coloco meu capacete, estava entorpecido com a visão de suas bochechas coradas e seus olhos pequenos por conta do sorriso.

Estava completamente fascinado por aquela mulher.

Chego em casa, resolvo então arrumar minhas malas para viajar, seria daqui dois dias mas deixaria tudo pronto.

Terminando tudo e checando meus documentos, resolvo não fazer absolutamente até que chegue o momento de pegar o avião.

Itália

Ao desembarcar, respiro fundo o ar italiano, indo sem demora até o carro que estaria esperando para me levar ao hotel. Encontro alguns fãs no meio do caminho e aceno para eles. Mas infelizmente, não podia parar para dar-lhe atenção.

O caminho até o local foi longo, tinha reservado em um hotel fazenda, bem no interior e estava deslumbrado com a visão do percurso.

Chegando lá, vou direto ao balcão fazer check-in após um funcionário pegar minhas malas.

Ciao. — cumprimento ao me aproximar da atendente.

Ciao, come stai? — diz simpática.

Entrego os documentos necessários, assino um papel e finalizo o check-in.

Benvenuto Mr. Harry Styles, è un piacere averti con noi! — sorri e pisca o olho. Percebo um ar de paquera, mas mantenho meu profissionalismo, agradeço e me despeço.

Vou até meu quarto e fico deslumbrado com a decoração, as paredes eram revestidas com tijolos rústicos, detalhes amadeirados e os tecidos de cor creme. Haviam três janelas enormes em sua altura, mas pequena na largura, dando a visão de todo o campo. Tudo parecia ser bem tranquilo, tudo que eu precisava nesse momento.

Os dias foram passando e tento aproveitar tudo que tenho direito no hotel e ao redor da cidade, por vezes, algumas pessoas me param para tirar foto e pedir autógrafos, mas ainda assim sem invadir minha privacidade.

Sentado na ponta da piscina enquanto mexo no celular, chega uma nova mensagem.

Não esqueceu de mim, né?
Amanhã sem falta! — sorrio ao ler e respondo.

Como eu esqueceria de você, coisa linda? — pude imaginar sua revirada de olho, acabo sorrindo ainda mais, sinto tanta falta dela.

Trocamos algumas mensagens, nos encontraríamos e passaremos um dia juntos. Fazia muito tempo que não a via, aproveitamos que eu passaria um tempo de férias na Itália e ela, a trabalho. Mas tirando uma folguinha para ver seu amado, vulgo eu.

𝐷𝑟𝑒𝑎𝑚 𝑊𝑖𝑡ℎ 𝑀𝑒 | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora