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Provavelmente a conta de água viria absurda dessa vez, por conta do tempo em que fiquei debaixo do chuveiro apenas lamentando e tentando não desistir de mim mesma.

Mas não pelo Harry e sim pela ansiedade.

Eu queria ser o tipo de garota com uma confiança invejável de si mesma, mas nunca fui, não sou e não sei se serei esse tipo.

Não queria muito na minha vida, saúde mental já era o bastante, saber controlar todos os meus sentimentos era o meu maior sonho de consumo.

Harry enfim manda mensagem, faz ligação, porém não retorno nem um e nem outro, estava chateada demais para ler ou ouvir sua voz naquele momento. Mas como se não bastasse, o interfone toca, meu coração que ainda não tomou seus movimentos normais, estava batendo tão forte a ponto de tocar minha parede torácica, causando aquela dor em que estava habituada.

Eu sabia que era ele.

Teimoso!

Decido não atender o interfone, não queria ninguém incomodando o meu sofrimento. Mas como se não bastasse, após uns vintes minutos de interfone e o meu celular tocando, o som da companhia enche meus ouvidos.

Droga!

— Kathe, eu sei que você está aí, tem como você falar comigo, por favor! — sua voz rouca do outro lado da porta fez eu sentir aquelas borboletas no estômago, droga de borboletas! — Katherine, vou derrubar essa porta se você não abrir pra mim!

— Rapaz, tu não acha que está forçando demais?!

O porteiro estava do seu lado, talvez Harry insistiu tanto para subir que o mesmo veio junto para ter certeza que estava tudo bem.

Mas não estava tudo bem.

— Ela está aqui, eu sei que está!

Continuo ouvindo as vozes dos homens sem fazer questão nenhum de que os vizinhos não os ouvissem. Eu já não conseguia controlar minhas lágrimas novamente, mas algo em mim, entra em uma batalha entre ir até ele ou fingir que eu morri.

— Ok, eu espero do fundo do meu coração que você não esteja tão próximo da porta. Depois prometo que pago o estrago!

Espanto com sua convicção e me assusto ainda mais ao sentir o impacto na porta, todo o material em volta e as dobradiças se movem também.

Se não abrir por bem, ele vai abrir por mal.

Te odeio Harry!

Abro a porta antes do segundo impacto, tentando enxugar as lágrimas, vejo Harry se preparando para se jogar novamente até que me percebe e encara assustado e preocupado.

— Você está bem? — os dois dizem em uníssono, por toda a situação, eu poderia rir deles, mas não era meu momento pra isso.

— Pra que querer quebrar a porta sem necessidade? — digo não demonstrando sentimento algum, ou ao menos, tento.

— Pra que querer me evitar? — seus gestos demonstram o quão agoniado está.

— Olha, senhorita, o rapaz aí insistiu muito pra subir e até implorou para que eu viesse com ele para averiguar o que aconteceu, me deixou preocupado não ter atendido o interfone, já que não a vi passar pela portaria momento algum! — sua voz era de preocupação, mesmo que tivesse uma pose de imparcial, não consegui conter um pequeno sorriso para ele.

— Tudo bem, peço desculpas por isso.

— Mas está tudo bem aí? Quer que eu tire ele daqui? — balanço a cabeça negando, Harry com toda certeza tem mais força e teimosia que o porteiro, porém, não queria pagar para ver essa cena.

𝐷𝑟𝑒𝑎𝑚 𝑊𝑖𝑡ℎ 𝑀𝑒 | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora