Capítulo 22

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Helena Maldonato

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Helena Maldonato

Depois de uma declaração de amor dessas, e um beijo para lá de intenso, eu não posso ter mais dúvidas sobre o homem à minha frente. Ele me ama e eu o amo. E não há mais nada a questionar sobre isso, diz minha frágil confiança, até que a insegurança venha mais uma vez mostrando sua cara feia, levantado assim novos questionamentos.

Sério, há um turbilhões de pensamentos em minha mente, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que me sindo tonta e não consigo organizar minhas prioridades.

Levanto da cama e fico a admirar Scott, que dorme próximo a minha cama, sem camisa, banhado pela luz da lua que entra pela janela. Uma visão de tirar o fôlego.

Como pode um homem desses ter se apaixonasse por mim tão loucamente?

Ele é lindo, romântico e sincero, me sinto a mulher mais sortuda da face da terra, e isso me amedrontar. Tenho medo que tudo isso seja apenas um sonho, pois parece. Mas não vou ficar aqui dando asas a esse tipo de pensamento, ele só alimenta ainda mais o meu medo, e medo bem nutrido nos paralisa ou nos levam a cometer os maiores erros de nossas vidas.

Eu aprendi isso da pior maneira possível. O medo e dor de ter sido violentada, me fiz parar no tempo. Por anos a fio, tentei aplacar uma dor com outra, infligindo-me uma dor desnecessário para calar a dor que ainda ecoava em minha alma.

Quando se está frágil é fácil se iludir, achar que uma nova dor pode apagar o rastro de destruição deixado por outra.

Olho para a pequena cicatriz no meu pulso, a última e mais perigosa de todas as minhas tentativas de aplacar a dor, um lembrete visível, exposto sobre minha pele, porém as outras estão escondidas sob as roupas. Lembranças de uma dor que eu mesma causei.

Por mais que hoje, algumas delas, estejam quase que invisíveis, devido a alguns procedimentos estéticos. Sei que nada pode apaga-las da minha memória. Cada uma ainda estão lá, viva.

Reconheço o fantasma de cada corte sob e sobre minha pele; me lembro da satisfação que sentia com aquela dor auto-infligida, ela me fazia esquecer, momentaneamente, uma dor ainda maior. Mas hoje sei e entendo que essa satisfação momentânea não feria só a mim, feria a todos a minha volta.

Agradeço tanto a Deus por Mia ter me confrontado, pois foram suas palavras que me chamaram de volta a realidade. Por mais que eu quisesse esquecer aquela dor, eu não podia me dar ao luxo de fazer tudo sumisse junto com ela. Derick precisava de mim, e Mia me fez entender que não era só a minha dor que importava.

Nessa vida ninguém consegue sofrer sozinho quando se tem alguém, que verdadeiramente se importa com você, ao seu lado.

Naquele dia entendi que a dor não era só minha, não mais, Derick e até mesmo Mia sofriam junto comigo. Foram anos de terapia, mas eu enfrentei os monstros que me atormentaram por anos, e hoje posso desfrutar, sem medo, da doce realidade que me encontro.

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