Minho estava indeciso. Ele não sabia se após o trabalho iria para casa ou para a pensão. Fazia uns bons dias que ele não aparecia por lá; talvez tivesse algum assunto que teria de resolver, ou apenas saber dos acontecimentos recentes. Assim que fechou a clínica, o telefone tocou; era Woosang. Ele não iria atender. Aquele garoto era muito pretensioso e cheio de si, ele odiava pessoas assim. Ele até se perguntava o porquê de ainda aturar aquele garoto mimado. Mas, ele esperaria o momento perfeito.
Ele foi caminhando mesmo, pois estava com vontade de tomar um pouco de ar livre. Nesses últimos dias ele tem trabalho muito no consultório, quase não tem tempo de respirar. Ainda bem que o mesmo tinha algumas pessoas para o ajudar, pois sozinho seria um pouco mais difícil. Ele tinha muito orgulho da sua profissão, simplesmente amava o que fazia; ser odontólogo sempre fora seu sonho. Desde criança sonhava com esse momento e agora que conseguiu, não podia se sentir mais feliz.
Minho era o tipo de pessoa que acha que todos ao redor são ruins - não há salvação para ninguém - era o que ele dizia. Ele sempre achou que todos eram maus, malucos, estranhos; ele sempre via as coisas de uma forma um tanto peculiar, ele costuma dizer que se você não se juntar à loucura deles por bem, você se juntará por mal. Ele achava que tudo o que as pessoas faziam tinha uma explicação e se eles o fazem é porque querem, e porque seus desejos estão aguçados. Se eles desejavam, iam atrás de realizá-los da pior forma possível. As pessoas fazem coisas ruins porque elas amam o seu próprio desejo e são egoístas demais para se preocupem com os desejos alheios.
Assim que Minho estava prestes a entrar na portaria da pensão, ele viu algo que o fez tremer. Ele não era de ter medo, mas aquela visão era demais para ele. Achou que estava delirando novamente. Era mesmo aquela pessoa? Ali na sua pensão? Isso não poderia ser verdade.
- Minho?! Você por aqui? Por que demorou tanto para vir? Pensei que tivesse morrido. - a sra. Kim, recepcionista e também dona da pensão, disse olhando para Minho que estava sem se mover.
- Desculpe, senhora Kim, mas eu interrompi algo? - Minho disse dando um sorriso largo para a senhora à sua frente.
- Não, não. Eu estava apenas conversando com esse garoto sobre as nossas câmeras de segurança. - a sra. Kim disse fazendo cara feia.
Jisung não tinha dado muita atenção ao homem que havia acabado de entrar no hall do prédio. Ele só queria alguma explicação sobre as câmeras.
- Ora, e como está a nossa pensão? - Minho perguntou, saindo quase que de um transe, mas ainda não tirava os olhos de Jisung, que estava de cabeça baixa.
- Nada de muito novo, tudo como sempre. Há esse garoto que se mudou recentemente para cá. - disse a senhora Kim coçando a cabeça.
- E por que ninguém me avisou antes? - Minho disse encarando agora a mulher.
- Não achamos necessário. - a senhora disse de forma simples.
- Ok, então... - disse Minho com um sorriso forçado.
- Ainda tem alguma dúvida, garoto? - a sra. Kim perguntou, se referindo a Jisung.
- Não, tudo bem. Deixe para lá. - Jisung disse saindo sem sequer olhar para Minho.
- Senhora Kim? - chamou Minho.
- Sim?
- Acho que ficarei aqui por alguns dias. Meu quarto está livre?
- Claro. Você sabe que sempre o deixamos livre, aliás, é o seu quarto.
- Qual é o número do quarto do garoto que estava aqui agora há pouco? - indagou Minho.
- 303. - a senhora Kim gritou pela distância, pois já estava se retirando.
- Perfeito.
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The Hell Is A Person
FanfictionAo se mudar para Seoul em busca de uma vida melhor e sua não tão almejada independência, Han Jisung descobre da pior forma possível as consequências de sua passível ingenuidade. Ele sempre acreditou que o inferno fosse um lugar. No entanto, se hos...