Capítulo I - Maldita ressaca

385 33 11
                                    


O barulho irritante não parava e sua cabeça parecia que iria explodir, os efeitos da ressaca se faziam presente e tudo que Sakura mais queria era encontrar o maldito celular e acabar com aquele tormento, tarefa em que falhou miseravelmente pois ela não o encontrava em lugar nenhum da cama. Forçou o corpo a se levantar e procurar o aparelho pelo chão e o encontrou no bolso da calça que usara ontem, calça essa que tinha sido "delicadamente" arrancada por Gaara e que provavelmente não daria para ser usada novamente, desligou o alarme e tentou colocar os pensamentos em ordem e lembrar da noite passada.

Bar, música, tequila e sexo. Ontem era a última noite de Gaara na cidade e claro ela tinha que ter tido a brilhante ideia de saírem para beber, isso não seria problema, nem motivo de recriminação se o semestre não começasse hoje e ela precisasse estar em pé as 06:30 da manhã para não atrasar na aula do senhor Sarotobi, que de acordo com todo campus era mais maior carrasco no curso de arquitetura e urbanismo.

Não se deu ao trabalho de procurar Gaara pelo quarto, se lembrara que o mesmo tinha agendado seu voo para muito cedo e provavelmente já estava dentro do avião se preparando para alguma reunião importante e inadiável para um homem de negócios como ele. Se entristeceu ao pensar que não sabia quando o veria novamente, Gaara era seu melhor amigo, e única pessoa que Sakura confiava plenamente, além de claro manterem sexo casual quando não estavam em relacionamentos sérios, se viam pelo menos três vezes por semestre, mas agora assumindo os negócios do pai e morando em Londres não sabe nem se poderiam se encontrar três vezes no ano.

Afastou os pensamentos tristes e, com a velocidade que a ressaca permitia, correu para o banheiro para fazer sua higiene matinal e tomar um banho, que claramente seria muito mais demorado se o horário permitisse. Saiu do banheiro e encontrou Chyo, já tentando organizar a bagunça que Gaara e ela fizeram na madrugada.

- Chyo! Já disse que não é sua função arrumar meu quarto, eu dou um jeito nisso quando voltar. – Sakura juntava suas roupas jogadas e vistoriava o chão torcendo mentalmente para que Gaara tenha tido coragem de descartar adequadamente as camisinhas utilizadas, não estava com cabeça nem tempo para os questionamentos da velha senhora.

- Senhorita Sakura, com início do semestre minha função será apenas fazer o jantar? Porque nem a senhorita ou a senhora Tsunade vão almoçar em casa e um café da manhã que se limita a uma vitamina estranha e verde não pode ser chamado de refeição!!! Então por favor não me impeça de trabalhar!

Sakura havia esquecido o quanto o início das aulas deixava a vida de Chyo solitária, a empregada trabalhava para família desde que seu pai era adolescente e cuidou de Sakura desde que a mesma havia perdido a mãe com um ano de idade, todo carinho e amor que a mais nova não pode dedicar a própria mãe foi devotado a velha senhora que também a amava como uma filha. Depois de ter certeza que não havia nada inadequado no chão do quarto, Sakura se deu por vencida e deixou que Chyo se ocupasse com a arrumação, correu para o closet e pegou uma combinação de roupas e calçado que Tsunade ironicamente havia batizado como "farda", não que vestisse as mesmas roupas todos os dias, mas a combinação para a faculdade era sempre a mesma, conturno, jeans, camiseta e moletom, em tons escuros ou "sem vida" como Tsunade gostava de implicar.

Depois de devidamente vestida e de ter jogado na mochila tudo que achava necessário para as disciplinas que teria, se despediu de Chyo, que não perderia a oportunidade de tirar todo pó inexistente do quarto, desceu as escadas e seguiu para a cozinha onde encontrou Tsunade em pé concentrada nas notícias do dia, enquanto tomava a vitamina verde que Chyo odiava.

- Deus Sakura! Mais um semestre adotando o look "vou cometer um crime"? – Claro, Tsunade não perderia a oportunidade de reclamar mais uma vez do péssimo hábito da afilhada de se vestir, Sakura amava sua madrinha, mas Deus que mulher insistente, já estava iniciando o terceiro semestre e sempre a mesma indignação. Deu de ombros e se serviu do liquido estranho pretendendo não prolongar o assunto.

- Pode me dá uma carona hoje? Gaara levou meu carro e o que eu usei ontem Jiraya confiscou as chaves depois da segunda dose de tequila. – Tequila, maldito Gaara que a convenceu a beber, Sakura odiava beber tequila por deixa-la com uma baita dor de cabeça no dia seguinte.

- Aquele bastardo já foi embora? Como teve coragem de ir sem se despedir de mim? Não sei nem quando o verei novamente.

- Nem me lembre, mas a senhora sabe que Gaara odeia despedidas, nem mesmo me acordou ao ir embora.

- ahhhhhh, mas pude ouvir bem a despedida de vocês durante a madrugada, "Gaara, por favoooooor" não sei nem como você está andando sem mancar, quem me dera ter meus vinte anos novamente.

Sakura só não engasgou porque já tinha engolido toda sua refeição, não que fosse tímida ou tivesse vergonha de falar sobre sexo abertamente, mas falar sobre isso com Tsunade sempre foi constrangedor pelo fato de sua madrinha conseguir superar os níveis da inconveniência.

- Pensei que estivesse na casa da piscina ontem. – Sakura tentava esconder a vergonha de saber que Tsunade havia ouvido tudo entre ela e Gaara, apesar de nunca quererem ser mais que amigos o sexo entre os dois sempre foi insano e apaixonante, Gaara conhecia cada parte do corpo de Sakura e ela o dele e o tempo que ficavam distante fazia que cada encontro dos dois fosse explosivo.

- E fiquei, sabe que lá é meu refúgio quando o demônio ruivo está por aqui, mas precisei de uns arquivos que estavam no meu quarto e acabei ouvindo a festinha de vocês, mas não se preocupe não me demorei muito. Mas, sério que o Gaara é bom mesmo? Impressionada com o garoto, parecia que você ia morrer de prazer...

- Tsunade por favor! Dá para se comportar como uma madrinha normal que abomina ouvir sua afilhada transando??? Você me dá mais dor de cabeça que tequila. E pode ou não me dá carona? Não quero incomodar o Tom na folga dele.

- Ihhhhh, que mal humor heim? Nem parece que teve uma noite de sexo. – Tsunade puxou Sakura pelo ombro e seguiu em direção a garagem. - Vamos, tem remédio na minha bolsa para curar sua ressaca que eu sei que tá te matando, Jiraya me disse que estavam tomando tequila e sabia que ia precisar de remédio pela manhã.

Tsunade sempre conseguia lidar com as crises consequentes das ressacas de Sakura, conhecia muito bem a afilhada e sempre foi presente em sua vida, principalmente nos últimos cinco anos quando teve que assumir sua guarda legal após a morte do pai da garota. Apesar de não se considerar muito materna, Tsunade sabe que vem fazendo um bom trabalho, Sakura nunca deu dor de cabeça para a médica e tirando a esquisitice de tentar se manter invisível na vida acadêmica e a preferência de não fazer muitas amizades, teve uma adolescência sem grandes problemas, tirando claro a dificuldade de superar a ausência do pai, nesse quesito deve dar os créditos ao demônio ruivo, Gaara conseguiu o que nem ela ou Chyo tinham conseguido, fazer com que Sakura lidasse com o luto e procurasse ajuda, por isso permitia que Sakura quebrasse um pouco as regras com Gaara por perto, sabia que amizade dos dois, apesar de complicada no seu ponto de vista, fazia muito bem a Sakura. Gaara diminuindo suas visitas era uma preocupação para a médica, a afilhada se isolava muito mais sem o ruivo por perto e a mesma não queria que isso acontecesse, tinha que fazer alguma coisa, com certeza tinha e Sakura não ia gostar nenhum pouco disso.    

Mudança de PlanoOnde histórias criam vida. Descubra agora