Capítulo II - Puro, forte e sem açúcar.

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Sakura

Toda santa vez, quase um ano me dando carona pelo menos duas vezes na semana e ela ainda consegue errar o prédio. Às vezes me pergunto como Tsunade se tornou uma médica renomada e não matou ninguém na sala de cirurgia, vai saber, talvez o cérebro dela foque demais nas questões de vida e morte e não dá a mínima para o fato que sua afilhada tem aula daqui a 10 minutos no lado oposto da universidade, claro se eu não tivesse dormido durante todo o trajeto poderia ter avisado que pela milésima vez ela estava indo pela entrada errada, mas depois de ontem e com apenas três horas de sono, era pedir demais para meu pobre cérebro que ainda nem tinha acordado ainda.

Porque a cada semestre isso parecia pior? O mar de calouros com essa estúpida alegria de "vou começar os melhores anos da minha vida", é irritante e me faz querer vomitar o pouco que comi. Ótimo, Sakura! Mal começou as aulas e você já está passando mal só de imaginar ter que vir a esse maldito campus cinco dias na semana. Três anos, Sakura! três anos e esse inferno ficará no passado.

Claro, é só pisar no inferno que Lúcifer aparece, no caso uma versão feminina do anjo caído, tão bonita quanto podre, tenho certeza que sem todos os perfumes importados a garota fede a enxofre, mas com certeza nenhum da sua corja tem coragem de falar isso para a sociopata de olhos azuis. Céus! Se tivesse optado por psicologia ao invés de arquitetura com certeza ia sugerir a Hyugga como caso a ser estudado, o nível de manipulação e terror que ela exerce em praticamente todo campus é assustador.

Como que por instinto, seu olhar cruza com o meu e aquele azul frio, quase cinza, tenta mais uma vez me intimidar. Cara, ela não desiste, mas tô atrasada demais Hyugga pra encará-la com minha cara de "tô nem aí princesinha". Reviro os olhos e sigo praticamente correndo, ignorando tudo ao meu redor e tentando não deslizar nos panfletos idiotas jogados pelo chão, Konoha sempre contribuindo na preservação do meio ambiente, povo sem noção.

Eu devo mesmo está péssima, porque os sussurros estavam maiores hoje e até as risadas antes discretas estavam em alto e bom som, apesar da vida social acadêmica praticamente inexistente eu ainda não conseguia passar completamente despercebida, tinha sempre algum idiota que adorava tirar sarro do meu cabelo cor de rosa e do meu jeito anti social, mas os comentários não costumavam ser tão audíveis. Parei indignada assim que ouvi um "vadia", Que porra é essa? Constatei que o insulto não foi dirigido a minha pessoa, já que nenhum olhar estava concentrado em mim, mas sim nos panfletos. Todos estavam entretidos com a leitura, mas agora que parei, consegui ouvir a voz insuportável da Uzumaki, "amei o quanto ele foi carinhoso e safado ao mesmo tempo, nem nas minhas mais sujas fantasias me senti tão excitada, mal acabamos e já precisava dele dentro de mim novamente...", Oi??? Meu cérebro finalmente pareceu acordar, que merda é essa? Parece uma das conversas pervertidas de Tsunade, desde quando a universidade distribui contos eróticos em seus panfletos?? Me esquecendo completamente da aula, peguei uma das folhas espalhadas pelo chão tentando achar alguma lógica em toda esta palhaçada.

Não, não é o que estou pensando, meu cérebro captou errado tudo isso. Inferno! Eu sempre disse que esse lugar era o inferno! Isso não era um panfleto, eram xerox de páginas, diversas páginas de um diário de contos, mas especificamente de contos eróticos, que eu conhecia muito bem, recheados com as mais diversas promiscuidades que fizeram até Gaara corar ao ler. Mas não era um engano, eu conheço bem essa letra, só conhecia uma pessoa que conseguia fazer letra cursiva tão perfeitamente, só uma pessoa que durante esse primeiro ano foi insistente o suficiente para me mostrar que a sua amizade valia a pena, a única pessoa que me fez quebrar minha regra, Matsuri.

Autora

Sakura não conseguia lembrar da última vez que esteve tão furiosa, nem quando teve que lidar com toda merda que passou no colegial sentiu tanto ódio, precisava encontrar Matsuri o quanto antes, sabia que a amiga iria ficar arrasada ao ser exposta assim, esperava poder evitar que ela descobrisse da pior maneira que um dos seus maiores medos tinha se tornado realidade.

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