Capítulo 03

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Sua voz era grossa, mas nada muito estranho, obviamente como a de um adolescente. Em alguns tons, se tornara até um pouco rouca.

O olhei assustada tentando responder algo, mas ele apenas sorriu torno e saiu, sem que eu pudesse me manifestar.

Minha boca travou e eu apenas continuei sentada naquele banco, surpresa.

Avistei minha mãe com a diretora, possivelmente, e dobrei o esboço algumas vezes. Pensei em guardar na minha bolsa, mas lembrei que havia a dado para mamãe, por causa dos documentos, então o ajeitei com cuidado no bolso.

Levantei com a presença delas e aguardei alguma resposta.

– Nós ligaremos para vocês caso você for aceita, tudo bem? Até amanhã você terá uma resposta – A mulher de cabelo iluminado por mechas platinadas de altura mediana disse.

– Ótimo, obrigada – mamãe sorria.

– Eu que agradeço, Elisabeth.

Apenas sorri, sem saber ao certo o que dizer, e logo após nos ausentamos dali.

Mamãe me devolveu a bolsa e eu a ajeitei no ombro direito.
A olhei e ela parecia confiante.

– Acha que vou ser aceita?

– Claro, quer dizer você perdeu alguns meses para fazer sua matrícula, por estar se aproximando do meio do ano, mas por conta das suas notas, acho que você tem chance – já podíamos avistar nosso carro e aceleramos um pouco mais.

– Mas as minhas notas caíram um pouco.

– Mas foi uma queda repentina, eu expliquei para ela o motivo – ela apertou o botão para abrir o veículo, e ouço o breve alarme.

– Para onde vamos agora? – abri a porta e adentrei, logo vi minha ao meu lado.

– Acho que deveríamos comprar umas coisinhas para Miles e fazer algum programa juntas. Desde que tudo aconteceu, não fazemos mais coisas do tipo – logo acelerou, e aos poucos o edifício some do meu campo de visão.

– É, acho que é o momento de alguns recomeços – olhava para a janela e comecei a reparar nos outdoors.
Um em especial me chamou a atenção, havia um anúncio de uma certa academia no centro da cidade.
Havia duas mulheres, uma magra, barriga para dentro, e estava vestindo um biquíni de cor rosa. A outra garota era mais gordinha, e estava de biquíni também, só que na cor preta.

As duas estavam com expressões faciais diferentes, uma feliz e a outra triste.
Como uma legenda, na propaganda estava escrito: "O Verão está batendo na porta... Quer ser a baleia ou a sereia? Faça sua inscrição!"

Fiquei pensando nesses padrões que a sociedade opõe, principalmente em cima das mulheres.

Claro, no quesito saúde, é sempre bom se cuidar, mas não é porque uma pessoa está gorda ou magra que ela está necessariamente doente. A doença está nos olhos de quem vê.

Claro, para o seu próprio corpo, quem deveria achar o que é melhor é você mesmo. Nenhum dos dois são sinônimo de feiura, e não podemos nos envergonhar de quem somos, sendo que muitos não se envergonham de ser o que não és. Deveria de fato se envergonhar alguém que propositalmente ofende o seu próximo pelo seu físico, opinião ou coisas do tipo. Acho que deveríamos nos por no lugar da pessoa que irá ouvir o que temos a dizer. Você gostaria de ouvir o que você disse de ofensivo para outra pessoa?
Você se orgulharia por saber que pode ser o motivo da baixa-autoestima de alguém? Você se sentiria bem se soubesse que um alguém não consegue olhar para o espelho e ouvir vozes hostis ecoando que um dia foram ditas? E quem as disse foi você?

O Preço do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora