Capítulo 06

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O calor da blusa de Tyler fez com que a minha ansiedade esfriasse. Talvez pelo seu perfume estar entrando pelas minhas cavidades nasais, ou apenas por ser aconchegante.
Dobrei as mangas que sobraram além do meu braço, a blusa era extremamente maior que eu e me senti uma criança frágil e indefesa.

A porta se abre e uma mulher de, aparentemente, trinta e sete anos entra. Ela tinha seus cabelos curtos, lisos e loiros tingidos. O vestido longo na cor azul marinho cobria seu corpo até os pés calçados com um salto na cor nude. Ela estava com um jaleco branco por cima.

Ela tinha bastante semelhanças com uma comediante no auge, mas nem por isso todos pareciam gostar dela. Talvez por ser professora de filosofia.

– Bom dia, alunos – ela disse, sua voz soou como a de alguém estressado. Ela deixou a bolsa, que estava em seu ombro, na mesa e ajeitou o cabelo.

Nem todos responderam, mas ela não pareceu se incomodar com isso.

Alguns alunos começaram a entrar, eles estavam gargalhando muito, e fizeram com que minha atenção fosse para eles. Meu corpo gelou novamente e pareceu que a blusa de Tyler não fora suficiente.
Fui invadida por um olhar vermelho, que quase não destacava o verde impuro.
Ele estava com a região da boca avermelhada, como se estivesse beijando alguém por muito tempo.
Seus olhos cansados de antes não se igualavam aos de agora vermelhos.
Todas as garotas olharam para ele depois que entrou e deduzi que ele fosse um garoto popular, além de ser incrivelmente bonito, apesar de parecer não estar em seus melhores dias.

Meus olhos o acompanhou até se sentar do outro lado da sala e bem no fundo.
Ele cumprimentou alguns garotos, e finalmente olhou para a professora.

Conelly começou escrever algo no quadro negro.

– Fé e razão – anunciou, após terminar de escrever – mas vamos falar primeiro de Razão.

Ela circulou a palavra razão e pegou um caderno dentro de sua bolsa.

– Vocês bem sabem que o conceito de filosofia é a análise racional e amor ao conhecimento. Sabem também que eu sou rígida para que formem opiniões sobre o mundo para que tenham um legado. E, espero que saibam responder a pergunta que vou lhes fazer agora. E quero que respondam com racionalidade.

Ela conseguiu todos os olhares para si. Ou nem todos.

– Bem, eu ouvi alguém perguntando para outro alguém. E eu vou perguntar para vocês agora...

Alguém tossiu, e pareceu que, de algum modo ela se sentiu interrompida.

– Alunos, qual é o preço do alvorecer?

Alguns ficaram pensativos, outros nem se importaram em responder.

Kathy levantou a mão primeiro. Depois dela o garoto loiro. Eu levantei a mão, e logo após de mim, uma garota extremamente branca que tinha o cabelo loiro, parecendo ser natural. Ela mascava chiclete com a boca aberta.

Por mais que fossem apenas quatro pessoas dentre mais de vinte, senhorita Conelly parecia surpresa.

– Vamos transformar isso em um debate. Senhorita Larson?

Ela olhou para a garota.

– Acredito que seja sofrer – ela tinha uma voz excessivamente fina, que chegava a incomodar de ouvir. Ela estava com um batom vermelho excessivo e estava usando cílios postiços.

– Hum. Senhorita Wilderfield?

Kathy pareceu nervosa antes de finalmente responder.

– Acho que é a morte – Kathy passou a mão na parte solta do seu cabelo, e deduzi que estava bem nervosa, apesar de parecer ter bastante intimidade com a escola e com os alunos.

O Preço do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora